"É um investimento inteligente que pagará dividendos à segurança americana durante gerações": Biden faz discurso ao país para explicar porque vai pedir mais dinheiro para a Ucrânia e Israel

Agência Lusa
20 out 2023, 07:17
Joe Biden discursa na sala oval (AP)

Presidente norte-americano diz que guerra no Médio Oriente é "ponto viragem na história" com consequências de décadas

O Presidente norte-americano anunciou esta quinta-feira ao país que vai enviar ao Congresso um pedido "urgente" para financiar "necessidades de segurança nacional", garantindo que os Estados Unidos estarão mais seguros se ajudarem Ucrânia e Israel.

"É um investimento inteligente que pagará dividendos à segurança americana durante gerações", disse Joe Biden num raro discurso no Salão Oval da Casa Branca, transmitido em direto pelas principais redes de televisão do país. 

Num discurso em horário nobre em que intercalou entre as guerras a envolver a Ucrânia e Israel, Biden afirmou que a "liderança americana é o que mantém o mundo unido" e as alianças que tem com outros países mantêm os norte-americanos "seguros na América". 

"Os valores americanos são o que nos tornam uma nação parceira, com a qual desejam trabalhar. Colocar tudo isso em risco – afastarmo-nos da Ucrânia, virarmos as costas a Israel – simplesmente não vale a pena”, disse o chefe de Estado.

Segundo a imprensa norte-americana, Biden vai pedir ao Congresso na sexta-feira pelo menos 60 mil milhões de dólares (cerca de 56,7 mil milhões de euros) para a guerra na Ucrânia, 14 mil milhões de dólares (13,2 mil milhões de euros) para Israel e 14 mil milhões de dólares para a fronteira dos Estados Unidos.

O pedido de financiamento, que deverá ser formalmente revelado esta sexta-feira, deverá rondar os 100 mil milhões de dólares (94,7 mil milhões de euros) durante o próximo ano, de acordo com fontes diretamente ligadas à proposta, que pediram o anonimato.

"Ajude-nos a manter as tropas americanas fora de perigo. Ajude-nos a construir um mundo mais seguro, mais pacífico e mais próspero para os nossos filhos e netos", disse Biden, mostrando o seu claro objetivo de mobilizar a opinião pública para pressionar o Congresso, que está unido na necessidade de apoiar Israel, mas dividido em relação ao apoio à Ucrânia.

"Sei que temos as nossas divisões em casa. Temos que superá-las. Não podemos permitir que políticas mesquinhas e o partidarismo furioso atrapalhem a nossa responsabilidade como uma grande nação", acrescentou, num momento em que a ala mais radical do Partido Republicano se opõe à continuidade do apoio a Kiev.

Apesar de serem dois conflitos muito diferentes, o líder tentou traçar uma linha entre ambos, e conectá-los assim aos Estados Unidos.

As semelhanças entre Putin e Hamas

Biden advogou que o Presidente russo, Vladimir Putin, e o grupo islamita Hamas são semelhantes no sentido de que “ambos querem aniquilar completamente uma democracia vizinha”, tentando assim relacionar os dois conflitos.

Ao justificar a necessidade de os Estados Unidos continuarem a apoiar a Ucrânia e Israel, o Presidente afirmou que, se a agressão internacional continuar, “o conflito e o caos poderão espalhar-se” para outras partes do mundo.

"A história ensinou-nos que quando os terroristas não pagam um preço pelo seu terror, quando os ditadores não pagam um preço pela sua agressão, eles causam mais caos e morte e mais destruição", argumentou.

O chefe de Estado aproveitou para abordar a raiva e a divisão que inflamaram as comunidades norte-americanas nos últimos dias, numa relação direta ao conflito entre Israel e o grupo islamita Hamas, denunciando o antissemitismo e também a islamofobia. 

Biden referiu diretamente o homicídio no passado fim de semana de Wadea Al-Fayoume, um menino palestino-americano de seis anos esfaqueado até à morte pelo seu senhorio, como um exemplo de preconceito anti-muçulmano e anti-palestiniano que não pode ser tolerado.

“Eu vejo-vos, vocês pertencem aqui. E quero dizer isto a vocês: todos vocês são americanos”, disse Biden, naquele que foi apenas o seu segundo discurso a partir do Salão Oval da Casa Branca desde que assumiu a Presidência norte-americana, em janeiro de 2021.

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