F.C. Porto-Nacional, 5-2 (destaques)

4 nov 2002, 23:36

Um deus chamado Deco O público aclama-o e canta: «É o número 10/finta com os dois pés/é o novo Pelé/é o Deco, olé, olé».

Deco

O público aclama-o como um Deus. Em uníssono, ouve-se o grito do seu nome, acompanhando o gesto de vénia, num movimento bonito que anima permanentemente as bancadas das Antas. A claque canta: «É o número 10/finta com os dois pés /é o novo Pelé/é o Deco olé, olé». Esgotados os adjectivos para designar o talento do brasileiro, resta ouvir o grito autêntico do povo, que ama o jogo como a própria vida e projecta esse sentimento em jogadores como Deco, que se divertem com simulações, fintas e golos. O fabuloso jogador do F.C. Porto teve mais uma noite de sonho, com mais um golo, um remate à barra e momentos de delícia que serviram para agradecer a presença dos mais de vinte mil adeptos presentes no estádio.

Hélder Postiga

Dá a sensação que José Mourinho gosta mais de Jankauskas, talvez pela sua presença física, mas a verdade é que Hélder Postiga tem sido muito mais concretizador e perigoso do que o lituano. O miúdo pode não ser tão alto e possante como o colega loiro, mas tem melhores pés e infinitamente mais potencial. Muito menos utilizado do que o ex-jogador do Benfica, o jovem formado nas escolas das Antas já é o segundo melhor marcador do F.C. Porto, com três golos, juntamente com Maniche. Esta noite marcou dois nas duas oportunidades que teve, o que vem comprovar o selo de qualidade como finalizador.

Rossato

O golo de livre, que marcou aos 72 minutos, quando a equipa já perdia por 5-1, foi um prémio merecido para aquele que foi, sem dúvida alguma, o melhor jogador dos madeirenses. Justamente cobiçado por vários clubes portugueses com mais ambição do que o Nacional, Rossato mostrou que os bons jogadores são sempre bons, mesmo frente a melhores equipas e em grandes palcos. Foi ele que criou as melhores oportunidades de golo e ainda centrou para Adriano fazer o 0-1, gelando por momentos o Estádios das Antas.

Maniche e Alenitchev

O que resta do meio-campo tem sido entregue a Maniche, que aproveita muito bem a sombra de Deco para acrescentar qualidade à equipa. Irreverente, lutador e com muita raça, voltou a ser fundamental esta noite, aparecendo quando a equipa mais precisava. Apenas cinco minutos após o Nacional ter feito o 0-1, Maniche não teve medo de rematar à entrada da área, recuperando o empate e lançando a equipa para um exibição espectacular. Mais tarde, já com tudo bem sereno, Alenitchev substituiu Derlei e, também ele, foi importante, servindo Postiga para o 5-1 e rematando de fora da área, obrigando Nuno Carrapato a uma defesa fantástica.

Clayton e Derlei

José Mourinho gostou do que viu em Viena e apostou no mesmo «onze», confiando na raça de Derlei e Clayton nas alas. Sem grande fulgor ou exuberância, os dois extremos apostaram apenas na velocidade, tentando aparecer nas costas dos laterais Patacas e João Fidalgo. Derlei lutou muito, como é habitual, como é habitual, e Clayton apareceu na marcação de faltas no lado direito, o que lhe proporcionou apontar o 3-1, num livre em que Derlei ajudou, pois atrapalhou os defesas e o guarda-redes.

Adriano

O forte investimento nacionalista no avançado ex-Palmeiras tem vindo a justificar-se de forma moderada, mas o presidente Rui Alves poderá ter começado a ver cifrões quando Adriano marcou no Estádio das Antas, colocando a equipa em vantagem. Adriano fez o que lhe competia como ponta-de-lança e empurrou a bola para o fundo da baliza, acorrendo com simplicidade a um centro de Rossato. Sem mais oportunidades de brilhar, resta-lhe apenas saborear o momento em que pôde levantar os braços de felicidade junto ao topo onde estão instalados os «Super Dragões».

Adilson

O jovem guineense recebeu a árdua tarefa de fazer a marcação directa a um génio. Com apenas 19 anos, Adilson teve pela frente um Deco endiabrado, muito inspirado, e optou por recorrer demasiadas vezes à falta, pois cedo percebeu que era impossível jogar limpo. Saiu-se bem nos primeiros 25 minutos, enquanto o Nacional conseguiu libertar a pressão e até colocar-se em vantagem, mas a partir do momento em que o médio F.C. Porto começou a usar as simulações e as fintas fabulosas, a equipa cresceu e Adilson nunca mais teve espaço para dar consistência ao meio-campo.

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