Defesa-central antecipa jogo com Sporting Vieira explica as razões que levaram os avenses a admitir a possibilidade de faltar ao jogo em Alvalade
«Nós, jogadores, somos profissionais, apesar disto tudo». É este o estado de espírito de Vieira, um dos símbolos da equipa do Aves que amanhã, domingo, irá pisar a relva do Estádio de Alvalade. Formado nas escolas do clube, o defesa-central está confiante para o jogo com o Sporting, depois de na primeira volta terem proporcionado um jogo electrizante que terminou num 4-3 a favor dos lisboetas.
Titular indiscutível quando não está lesionado, Vieira é um jogadores que transmite confiança aos parceiros de equipa. Aos 31 anos, este defesa possante de 1,89 m e a atravessar um bom momento de forma, ainda redobra as emoções quando fala das cores que representa há sete épocas (com interregno) e que o fizeram despontar para o futebol. «De facto, sinto muito este clube. Fez-me nascer para o futebol e é com tristeza que vejo o que o Aves tem passado. Desde o início da época que temos tido situações desagradáveis», detém, para num apelo à memória, lembrar que a arbitragem tem sido um interveniente nefasto para a sua equipa desde o início do campeonato. «Na primeira jornada, frente ao Belenenses, fomos prejudicados e isso foi o prenúncio do que se iria passar ao longo da época», sublinhou em tom desgostoso.
«Até aceito os erros dos árbitros», assegura, em jeito de quem compreende, «mas... só para um lado?», questiona. E como se aqueles momentos, aquelas jogadas, lhe invadissem o pensamento, prossegue: «Nunca tivemos um erro favorável. Se queremos ganhar um jogo terá de ser completamente com o nosso esforço. É frustrante e um factor de desmotivação ser-se prejudicado em lances e mais lances e nunca a favor».
E como observou a possibilidade de a sua equipa não comparecer no jogo de Alvalade? Vieira não esmorece e responde: «Toca-me um bocado esta situação. As pessoas que compõem esta direcção são sérias e tudo o que dizem, fazem, seguem a sua vontade, porque não vivem do futebol. Trabalham no dia-a-dia, a terra é pequena e só graças a eles é que o Aves pode andar na I Liga, mas como profissional esperava jogar domingo e dignificar a camisola».
Nas jornadas que ainda faltam disputar até final do campeonato, Vieira assegura máximo empenho em nome da verdade desportiva. «Os adeptos merecem o nosso respeito. Somos profissionais e queremos dignificar a nossa profissão. Matematicamente, enquanto for possível, não vamos desistir. Vamos dar tudo, até ao último apito do fim do campeonato».
«Sporting tem um meio-campo muito bom»
Sobre o mais importante, o jogo na casa do campeão, o jogador acredita numa boa prestação da equipa em terreno pouco propício a deslizes. «Vamos a Alvalade com o intuito de dignificar o clube. A única forma de trazermos pontos é jogar 90 minutos no máximo. Queremos sair com a consciência tranquila de que tudo fizemos para o conseguir».
Quando lhe é pedido um traço sobre o Sporting não tem dificuldades em lembrar a missão difícil que os esperam. Afinal, «vamos jogar com o campeão nacional», sorri pausadamente, flectindo de imediato o discurso para o poder leonino: «Espero um Sporting forte», diz o gigante das Aves, apontando o principal alvo da equipa adversária: «Têm um meio-campo muito bom, constituído por desequilibradores e tecnicistas que alimentam bem a parte atacante». Apesar de todas as vicissitudes, promete estar lá para contrariar o adversário, até ao último lance, até à última gota. «Tem de ser!».
A lição parece ter sido estudada e o jogador não tem dúvidas quanto à atitude que a sua equipa terá de patentear: «Só um Aves supermotivado poderá trazer pontos de Alvalade», crê, capitalizando de imediato algumas esperanças num resultado positivo: «Embora seja difícil, estamos moralizados e depois, perder por um ou dois golos não adianta nada, não nos dá pontos», observa, mas «o empate já era um óptimo resultado. Muito bom mesmo, pois iria levantar a moral da equipa», considerou.
