Ex-Benfica recorda oferta portista: «Foi um momento decisivo»

1 mai 2020, 15:22
Kaz Patafta (Foto Facebook)

Kaz Patafta diz que lhe faltou apoio para tomar decisões na fase inicial da carreira

Chegou a ser a maior promessa do futebol australiano e assinou pelo Benfica, mas a carreira ficou muito aquém das expectativas. Kaz Patafta "ameaçou" pendurar as chuteiras logo aos 23 anos, arrependeu-se entretanto, mas quatro anos depois encerrou mesmo a carreira de jogador.

Em entrevista agora ao Stats Perform, Patafta recorda a transferência para o Benfica, em 2006, intermediada pela Gestifute.

«Quando cheguei a Portugal disseram-me que o trajeto seria idêntico ao do Anderson. Basicamente fui informado onde iria parar, e ao mesmo tempo qual seria o destino do Anderson. Um de nós acabou onde era suposto. Já é passado, por isso posso revelar: as conversações eram para uma transferência para o Chelsea», revelou.

Entre memórias de David Luiz, Simão e Nuno Gomes, Patafta diz que lhe faltou personalidade para conquistar o seu espaço.

«O Simão brincava comigo, pedia-me para levar o almoço, e eu fazia-o. Mas no final do dia, no parque, pensava que era melhor do que ele. É essa a mentalidade que um jovem precisa, mas se eu tivesse um pouco mais de carácter talvez não tivesse aceitado outras coisas que aconteceram na minha carreira. Muitas pessoas disseram que eu era demasiado simpático», recorda.

O australiano sente que lhe faltou algum suporte nesse momento da carreira, quando procurava conquistar um espaço no futebol profissional, e na Europa.

«É crucial. É um negócio cruel, e apenas os mais fortes chegam ao topo, e muitas vezes estive entregue a mim próprio. Tive de tomar decisões sem experiência, muito novo. Aos 17 anos a negociar com clubes europeus e empresários, é algo um pouco assustador. E não pode ser a Gestifute, que tem muitos jogadores e muitos negócios para controlar, e não pode acompanhar todos. Mas é muito importante, sobretudo para os jovens, ter alguém a apoiar, alguém cujo único interesse seja aconselhar com base na sua experiência. Talvez seja algo que as federações possam ter em conta para ajudar os jogadores, ter conselheiros independentes», refere o antigo jogador.

Nesse sentido, Patafta recordou depois o empréstimo ao Melbourne Victory, em 2007. O Benfica e a Gestifute não queriam que o jogador regressasse à Austrália, mas este tomou uma decisão que, agora, considera errada. Até porque na altura teve uma oferta do... FC Porto.

«No fim de semana anterior tinha defrontado o FC Porto, e alguns dias depois surgiu uma oferta, de cinco anos. Mas eu já tinha um princípio de acordo com o Victory, e dada a minha personalidade ia respeitá-lo. Precisava de alguém que se sentasse comigo e analisasse as possibilidades: tinha um compromisso legal com o Victory?», destacou.

«Aos 18 anos não estava em posição de negociar com Victory, Porto ou Benfica, mas essa era a minha realidade. Era só eu. Alguns jovens têm esse apoio, e por isso acertam. E isto não é uma crítica à minha família nem às pessoas que estavam à minha volta na altura. A realidade é que nunca tínhamos estado naquele contexto. Era um momento crucial, de escolher qual o melhor passo a dar. Foi um momento decisivo», afirma.

 

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