«Futebol é principal elemento de identidade entre gerações de emigrantes»

11 jun 2016, 11:12
Seleção Nacional (Reuters)

Investigadora da Universidade de Hamburgo concluiu que identificação futebolística é o mais visível vínculo a Portugal na diáspora portuguesa

O futebol português (primeiro os clubes e depois a seleção) é o mais importante elemento de identidade popular portuguesa a passar entre gerações de emigrantes, considerou à Lusa a investigadora Nina Clara Tiesler.

A investigadora alemã, agora na Universidade de Hamburgo, é a coordenadora do trabalho «Diasbola: futebol e emigração portuguesa», no qual compilou as principais conclusões de um projeto de investigação social internacional dedicado ao papel do futebol entre emigrantes portugueses e lusodescendentes na Alemanha, França, Inglaterra, Suíça, Estados Unidos, Canadá, Brasil e Moçambique.

«Comparámos o futebol com outros elementos da cultural popular que perpetuam o vínculo ao país - a cozinha portuguesa, o bilinguismo, a participação nas eleições, o consumo de media (revistas e jornais) e as associações de migrantes. Estão todas a cair à exceção do futebol», disse à agência Lusa a investigadora alemã.

Tiesler assume que «a identificação futebolística e a gastronomia são os dois elementos da cultura popular mais visíveis na diáspora portuguesa» e com «maior capacidade de reunir pessoas de classes sociais diferentes, de gerações diferentes e de sexo diferente».

No entanto, a investigação notou que os primeiros laços futebolísticos entre pais emigrantes e filhos são atados em torno do clube do coração - com as preferências dominadas por Benfica, FC Porto e Sporting. Só depois vem a seleção, mas com esta a ganhar um peso fora do país que talvez não tenha dentro de fronteiras.

Sobre o Euro 2016, que arranca hoje em Paris, Tiesler considera que os portugueses em França têm no futebol «um elemento emancipatório, ao contrário de, por exemplo os argelinos, os portugueses podem festejar a vitória do seu clube [ou da sua seleção] em Paris sem ser alvo da crítica de que não se estão a integrar. Apesar de também terem um estatuto semi-subalterno em França, durante aqueles 90 minutos podem sentir-se superiores», concluiu.

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