Estado Islâmico reivindica ataque e morte de sete paramilitares Nampharamas

Agência Lusa , AM
6 mar, 12:13
Estado Islâmico [Foto: Reuters]

Grupo reivindicou igualmente um ataque à “aldeia cristã” de Nahufi, no distrito de Chiùre

O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou um ataque à aldeia de Natutubo, distrito de Ancuabe, na província moçambicana de Cabo Delgado, em que afirma terem morrido sete elementos da milícia paramilitar localmente conhecida por Nampharamas.

Através dos seus canais de propaganda, o EI afirma que “combatentes” daquele grupo terrorista atacaram no sábado “milícias leais aos cruzados moçambicanos”, na aldeia de Natutubo, com metralhadoras, “matando sete e ferindo vários outros”.

O grupo reivindicou igualmente um ataque à “aldeia cristã” de Nahufi, no distrito de Chiùre, e ter destruído quatro casas, bem como a Momula, no mesmo distrito no sul da província de Cabo Delgado, em que queimaram uma igreja, uma escola e 19 casas.

Fontes da população local confirmaram hoje à Lusa este ataque, e sete mortos entre ‘Nampharamas’, mas acrescentaram que durante a perseguição que se seguiu, em Natutubo, os paramilitares abateram dois elementos do grupo de insurgentes.

Os Nampharamas são paramilitares moçambicanos que surgiram na década de 80, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade, garantindo alguma proteção em certas comunidades contra os ataques de insurgentes.

No distrito de Ancuabe, a 105 quilómetros da capital provincial (Pemba), as comunidades de Missufine e Intutupue têm alertado para a “movimentação estranha” de grupos desconhecidos.

Dias antes deste ataque reivindicado pelo EI, populares do distrito de Ancuabe afirmaram que os ‘Nampharamas’ travaram o rapto, na quinta-feira, de um jovem por grupos supostamente terroristas, em Nicunhete.

"Os terroristas queriam raptar um jovem na sua machamba, mas os Nampharamas salvaram-no. Um residente local viu o grupo a abordar o jovem e foi rapidamente alertar a comunidade. Os Nampharamas fizeram-se ao local e os grupos rebeldes fugiram", disse à Lusa um popular.

Após vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.

A nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado provocou 99.313 deslocados em fevereiro, segundo estimativa divulgada esta semana pela Organização Internacional das Migrações (OIM), sobretudo (62%) crianças (61.492).

O ministro da Defesa Nacional moçambicano, Cristóvão Chume, confirmou em 29 de fevereiro ataques de insurgentes em quatro distritos da província de Cabo Delgado, mas garantiu que não se trata do "recrudescimento" das atividades terroristas no norte.

"O que aconteceu é que há grupos pequenos de terroristas que saíram dos seus quartéis, lá na zona de Namarussia - que temos dito que é a base deles -, foram mais a sul, atacaram algumas aldeias e criaram pânico", disse.

O governante, que falava aos jornalistas, em Maputo, após um encontro com uma missão de alto nível da União Europeia, garantiu que a situação em Cabo Delgado “continua estável, não obstante as últimas ocorrências no sul da província”.

“Como se sabe, algumas aldeias nos distritos de Quissanga, Metuge, Ancuabe, Chiùre, sofreram alguns ataques, que originaram um deslocamento da população mais a sul, para a província de Nampula, e também para outros distritos de Cabo Delgado", reconheceu o ministro.

De acordo com o governante, é preciso apostar em programas de desenvolvimento para “minimizar o risco de radicalização” e “prevenir a reemergência do terrorismo”.

Ainda assim, alertou: "Não queremos dizer com isso que não há ocorrências de terrorismo, há sim. E nós vamos continuar a combater, mas não há de voltar a acontecer o que aconteceu no passado. Nós estamos firmes nisso, mas vamos assistir a situações como estas que aconteceram em Chiùre, em Metuge, e outras zonas, de haver alguns ataques que não poderemos evitar".

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