Comissário europeu para os Assuntos Económicos "compraria imediatamente para toda a zona euro o abrandamento da economia em Portugal"

ECO - Parceiro CNN Portugal , Mónica Silvares
15 fev, 11:09
Manifestação no âmbito das comemorações do Dia do Trabalhador, desde o Martim Moniz até à Alameda (LUSA/Miguel A. Lopes)

Bruxelas revê em baixa o crescimento de Portugal mas deixa elogios

A Comissão Europeia espera que a economia portuguesa cresça 1,2% este ano, acelerando para 1,8% no ano seguinte. Trata-se de uma revisão em baixa de uma décima face às previsões anteriores e também mais pessimista em comparação com a progressão de 1,5% que o Governo inscreveu no Orçamento do Estado para 2024. Por outro lado, Bruxelas vê a inflação a desacelerar mais depressa: 2,3% este ano.

“À luz da fraca procura por parte dos principais parceiros comerciais, prevê-se que o crescimento económico permaneça moderado no início de 2024 e só aumente gradualmente depois”, escreve a Comissão Europeia nas previsões intercalares de Inverno. “Em termos anuais, o crescimento do PIB deverá ser de 1,2% em 2024 e 1,8% em 2025, praticamente inalterado em comparação com as Previsões de Outono”, lê-se no relatório divulgado esta quinta-feira.

A previsão anterior apontava para um crescimento de 1,3% este ano, mas acabou por ser revisto em baixa, igualando assim os números do Banco de Portugal. Para os anos seguintes, o banco central, liderado por Mário Centeno, prevê um crescimento da economia de 2,2% em 2025, e de 2% em 2026. Mas a Comissão é menos otimista apontando para uma progressão de 1,8% em 2025.

Mas, apesar a revisão em baixa da evolução da economia nacional para este ano, o comissário europeu para os Assuntos Económicos disse que “compraria imediatamente este tipo de abrandamento para toda a zona euro”, porque “apesar do abrandamento é uma economia que ainda está a crescer”, não só este ano, como no próximo. Na conferência de imprensa de apresentação do relatório, Paolo Gentiloni reconhece que “existem desafios”, mas “vemos em Portugal um sólido crescimento do emprego”, num enquadramento global que revela que a economia britânica entrou em recessão no final do ano passado, assim como a economia nipónica que foi assim ultrapassada pela Alemanha, que passou a ser a terceira maior economia do mundo.

A própria zona euro, apesar de ter escapado à justa da recessão, a situação não é animadora já que, no último trimestre de 2023, a atividade estagnou em França, caiu 0,3% na Alemanha, na Letónia e na Irlanda, que está em recessão técnica. “A evolução económica tem sido ténue durante cinco trimestres consecutivos, com o PIB real a permanecer, em grande medida, no mesmo nível do terceiro trimestre de 2022”, lê-se no documento. “Além disso, este é o terceiro trimestre em que o desempenho da economia fica abaixo das previsões da Comissão Europeia.”

“O consumo privado deverá beneficiar de um aumento constante do emprego e dos salários, compensando em grande parte as despesas mais elevadas das famílias com pagamentos de juros do crédito à habitação”, antecipa a Comissão. Além disso, a “implementação em curso do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) vai continuar a apoiar o investimento”.

“No setor externo, espera-se que as importações ultrapassem as exportações”, detalha a Comissão. Recorda que se o abrandamento da economia verificado em 2023 – cresceu 2,3% depois dos 6,8% em 2022 – se deveu inicialmente ao consumo privado e ao investimento, num reflexo do impacto do aumento dos juros, “no segundo semestre, tanto o consumo como o investimento recuperaram”, mas “a contribuição das exportações líquidas para o crescimento passou a ser negativa devido crescimento mais fraco do turismo estrangeiro e à queda nas exportações de bens”.

Em termos de inflação, a Comissão Europeia prevê uma nova desaceleração “ao longo do horizonte de previsão, impulsionada pela descida dos preços dos produtos energéticos e aumentos mais baixos nos produtos alimentares”. A Comissão prevê que a inflação, medida pelo IHPC – que permite a comparação entre os diferentes Estados-membros –, desacelere para 2,3% em 2024, depois dos 5,3% registados em 2023, e ainda mais para 1,9% em 2025.

Neste capítulo, a Comissão é mais otimista do que o Executivo e do que as previsões de Outono. No OE2024, o Governo inscreveu uma previsão de IHPC de 3,3%, mas no Programa de Estabilidade, a previsão era de 2,9%.

Para Bruxelas, “os preços dos serviços também deverão contribuir para a desinflação, mas a um ritmo muito ritmo mais lento, uma vez que o crescimento esperado dos salários e do emprego deverá apoiar a procura dos consumidores”.

No entanto, a Comissão espera “que, na primeira metade de 2024, o processo de desaceleração da inflação seja temporariamente atenuado por efeitos base no setor energético e o restabelecimento das taxas normais de IVA para produtos alimentares essenciais.

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