Árbitra interrompe jogo até adeptos abandonarem a bancada

21 jun 2023, 18:21
Bola e baliza (Thomas Kienzle/AP)

Episódio aconteceu num encontro das equipas femininas de sub-15 do Brito e do Valadares Gaia. Bárbara Domingues apercebeu-se da confusão entre os adeptos e decidiu que a partida só iria continuar «caso o público abandonasse as instalações»

O coordenador da formação do Brito elogiou a árbitra Bárbara Domingues, por ter concluído o jogo da Taça Nacional sub-15 feminino Brito-Valadares Gaia, no último sábado, só após o público sair.

Por volta do minuto 60, a árbitra da Associação de Futebol de Viana do Castelo apercebeu-se de «um conflito verbal» na bancada entre adeptos das duas equipas e decidiu que só continuaria o jogo «caso o público abandonasse as instalações».

«Houve, por parte da árbitra, alguma calma e coerência, porque estamos a falar de jogos da formação e está tudo de acordo com o que deve ser a formação e a orientação dos adeptos e das atletas para o futuro», afirmou Francisco Ribeiro, à agência Lusa, a propósito do encontro que terminou 3-0, a favor das gaienses.

O responsável pela formação do Brito «demarca-se das atitudes nas bancadas», mas destacou a posterior «sensatez» com que os espetadores acataram a decisão, evitando um «conflito que poderia ter sido ainda maior».

«A segurança do Brito fez o necessário para que tal situação acontecesse. Os adeptos de ambas as equipas consentiram [sair do recinto]. Saíram de forma ordeira e sensata para o exterior das instalações. Quando saíram, a árbitra recomeçou o encontro», explicou.

Já o presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, Luciano Gonçalves, vincou que a árbitra recusou apenas prosseguir o jogo enquanto o público permanecesse nas bancadas, ao invés de o obrigar a sair do recinto, decisão para a qual «não tem autoridade».

«A árbitra não teve poder para nada. Apenas disse que se, efetivamente, não alterassem os comportamentos ou não saíssem, dava o jogo por terminado. Esse é um poder que a árbitra tem. Não existe nenhum problema técnico associado à decisão», sublinhou.

«Cada vez há mais jogos e cada vez existe uma maior comunicação no decorrer dos jogos. Qualquer pai tem hoje um telemóvel. O escrutínio é completamente diferente do que existia no passado. Hoje, é mais fácil denunciar qualquer situação que aconteça, seja ela positiva ou negativa. Antigamente, ou não se sabia destas situações ou não eram tão escrutinadas», acrescentou.

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