Investimento Direto Estrangeiro (IDE) em 2023 superou o que tinha sido captado no ano anterior, revelou o ministro da Economia em gestão ao ECO
Portugal voltou a superar em 2023 o nível de investimento estrangeiro produtivo captado. Foram 3,5 mil milhões de euros que a Aicep reportou o ano passado, avançou ao ECO o ministro da Economia.
“A Aicep, em termos de Investimento Direto Estrangeiro produtivo, reportou, para 2023, 3,5 mil milhões de euros, acima do que tínhamos alcançado em 2022”, disse António Costa Silva, numa reação aos dados do Produto Interno Bruto publicados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Em 2022, a Aicep tinha angariado 47 projetos de investimento produtivo, que representaram 7.233 postos de trabalho e 2,44 mil milhões de euros em termos de Investimento Direto Estrangeiro, tal como divulgado no final de dezembro de 2022.
Mas esta é apenas uma das vertentes do investimento. Na estimativa rápida do PIB (ainda sem grandes detalhes sobre as várias rubricas do Produto) divulgada esta terça-feira, o INE revela que houve “uma desaceleração do consumo privado e do investimento”, ainda que a procura interna tenha apresentado “um contributo positivo para a variação anual do PIB, embora inferior ao observado no ano anterior”.
Costa Silva pede cautela na análise dos dados. “Em 2022, o investimento subiu globalmente cerca de 3%. Em 2023, apesar de ter desacelerado em alguns setores, manteve a trajetória de crescimento”, sublinha. “Temos de ter algum cuidado a analisar o investimento”, recomenda.
“Acho que estamos a ter capacidade de continuar a atrair IDE. E, por outro lado, o que estamos a executar ao nível do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sobretudo no âmbito das agendas mobilizadoras, tem sido transformador para o país”, sublinha.
O ministro da Economia admitiu que está “preocupado com os efeitos da instabilidade política nos investidores”, porque “nunca” “o Governo da República e das duas regiões autónomas” estiveram “numa situação como esta”. “Isto é preocupante, porque a estabilidade política é fulcral para o desenvolvimento da economia e para continuarmos a captar investidores”, sublinhou, recordando que Portugal tem “um grande pipeline de investimentos”, por isso, está concentrado em tranquilizar os investidores.
“Há conversações avançadas com múltiplos investidores para ver se o país consegue reindustrializar-se e abraçar esta onda de transformação, sobretudo para as indústrias verdes, como o aço verde e outras”, revela Costa Silva. “E aí noto algum nervosismo”, admite. “O meu trabalho tem sido serenar e tranquilizar os investidores”, sublinha.
Na opinião de Costa Silva, além da instabilidade política outra das ameaças ao desempenho da economia nacional são as incertezas que existem a nível internacional que “podem criar um cenário diferente”. A “estagnação económica da Alemanha, que é uma grande preocupação, e de outros países da Zona Euro, e a turbulência geopolítica, com três guerras simultâneas que podem voltar a criar uma pressão inflacionista significativa”, são os principais fatores de risco elencados pelo ministro da Economia em gestão.
“Mas se isso não ocorrer, e se as outras duas grandes tendências que se desenharam em 2013 — a descida significativa da inflação e se o Banco Central Europeu começar a descer as taxas de juro – se verificarem”, então poderão dissipar-se as nuvens sobre o desempenho da economia em 2025.