No final da primeira semana de janeiro estarão confinados e em isolamento 600 mil portugueses, segundo adiantaram à CNN Portugal os especialistas que costumam fazer as previsões de infeções para o Governo.
“Nessa altura, deverão estar em isolamento três vezes mais pessoas do que estão agora, que são 200 mil”, diz Óscar Felgueiras, matemático e conselheiro técnico do Executivo de António Costa. Nesta quarta-feira, 29 de dezembro, há 114 mil casos ativos e 134 mil em vigilância. Segundo o especialista, estes valores chegarão muito em breve aos 600 mil. “São valores a uma escala nunca vista”, alerta.
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Metade, ou seja, 300 mil daqueles casos em confinamento serão doentes infetados com SARS-CoV-2 e os restantes serão pessoas consideradas contactos de risco e que terão, por isso, de ficar em vigilância.
O mesmo cenário prevê Carlos Antunes, matemático e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. “São números nunca vistos. Cerca de 6% da população estará em confinamento porque tem covid ou teve contacto com alguém com o vírus”, explica, recordando que os valores de Rt - que indica o número de infeções que uma pessoa com Covid vai provocar - nunca foram tão elevados como agora.
Para estas estimativas, os peritos usam os dados relativos aos infetados que, em média, estão 14 dias em casa e parte dos que tiveram contatos com esses doentes, explica Carlos Antunes, para quem estes valores são o sinal do poder contagioso da Ómicron.
Segundo estudos recentes, esta nova variante pode ser cinco vezes mais transmissível do que a Delta que, por seu lado, parece ter mais gravidade.
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Estes dois fatores associados levaram, entre outros, os EUA a diminuir os dias de isolamento de dez para cinco. Uma mudança que está, neste momento, a ser debatida pelos técnicos e governo de António Costa e que pode em breve ser também aplicada em Portugal. Segundo explicou a ministra da Saúde, Marta Temido à CNN Portugal, os vários países europeus estão a debater estes temas para tomar medidas face ao que dizem ser uma “nova fase da pandemia”.
Nos primeiros dias de 2022, mais precisamente dia 7 de janeiro, segundo as estimativas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e da Direção-Geral de Saúde vão existir 37 mil casos de covid-19 em Portugal. “Mas muitos deles podem nem ser detetados”, avisa Óscar Felgueiras, lembrando que a capacidade de rastrear os casos e de os testar está a tornar-se cada vez mais difícil: “Já há dezenas de milhares de casos em que não se consegue fazer inquéritos epidemiológicos”.
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Apesar de concordar que a pandemia está descontrolada no que se refere ao rastreamento e à deteção e quebras da cadeia de transmissão, Carlos Antunes tem, no entanto, um cenário mais otimista. Na sua opinião, e com base nas suas contas, o Rt, índice que indica a velocidade da pandemia e a capacidade de cada infetado contagiar outros, vai começar a dar sinais de abrandar. “Acho que vai haver uma saturação do Rt da Ómicron, o que levará a uma estabilização. É o que está a suceder noutros países”. Por isso, ao contrário da equipa do INSA, que acredita que o Rt se vai manter no mesmo nível, Carlos Antunes estima que se possa começar a ver luz ao fundo do túnel. No entanto, sem prazos certos.
Óscar Felgueiras, por seu lado, diz que também “não vê o pico desta onda à vista”.
Apesar de ser menos grave no que se refere a internamentos e mortes, os especialistas acreditam que esta variante pode ter outros impactos, também sérios, como no absentismo laboral nas dificuldades económicas e na saúde mental. No entanto, todos parecem acreditar que por ser tão grande nem volume, esta quinta vaga pode ser mais curta. "Esta onda, pelas suas características, não poder durar muito, É insustentável ", acredita Óscar Felgueiras.
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