"Se não vêm falar connosco, em breve tomamos Lisboa": a ameaça dos agricultores

Agência Lusa , AM
1 fev, 12:17

Protesto está a bloquear várias vias rodoviárias de Norte a Sul do país, tal como tem acontecido noutros pontos da Europa

Os agricultores concentrados junto à fronteira do Caia, em Elvas, distrito de Portalegre, ameaçaram levar os protestos até Lisboa caso o Governo não os contacte sobre as reivindicações do setor.

"Já temos confirmação de Espanha que eles [agricultores] vão avançar com o fecho das fronteiras, pelo que a nossa ação aqui em Caia deixa de fazer sentido. Se não vêm [Governo] falar connosco, em breve tomamos Lisboa", disse João Dias Coutinho, do Movimento Civil de Agricultores, em declarações à agência Lusa.

O responsável disse ainda que “tudo está em aberto” em matéria de protestos, sublinhando que o objetivo traçado para hoje foi cumprido.

Os agricultores estão esta quinta-feira na rua com os seus tratores, de norte a sul, reclamando a valorização do setor e condições justas, num protesto que está a bloquear várias vias rodoviárias, tal como tem acontecido em outros pontos da Europa.

Na região Centro, centenas de agricultores estão a bloquear desde a madrugada a A25 na zona de Alto de Leomil, concelho de Almeida, a cerca de 13 quilómetros da fronteira de Vilar Formoso, e dizem estar dispostos a manter o bloqueio até perceberem uma mudança no setor.

“Seguramente temos cá mais de 500 máquinas e serão cerca de 700 agricultores”, salientou à Lusa Ricardo Estrela, porta-voz da região das Beiras do Movimento Civil Agricultores de Portugal, que hoje está a organizar um protesto em vários pontos do país.

A circulação da A25 na zona de Alto de Leomil, no distrito da Guarda, está interrompida nos dois sentidos desde as 06:00, por decisão das autoridades, sendo o trânsito desviado para as estradas nacionais.

Já em Coimbra, centenas de tratores e máquinas agrícolas percorreram, em marcha lenta, a Estrada Nacional (EN) 111 em direção à Baixa de Coimbra. A manifestação, aparentemente espontânea e não integrada na programação do protesto do Movimento Civil Agricultores de Portugal, partiu de um grupo de produtores agrícolas do Baixo Mondego, que se concentraram em Montemor-o-Velho, a cerca de 25 quilómetros de Coimbra.

Em declarações à agência Lusa, o agricultor Armindo Valente explicou que o ‘cortejo’ de tratores saiu de Montemor-o-Velho cerca das 10:30 e foi “em marcha lenta até à avenida Fernão de Magalhães”, com concentração agendada junto às instalações da Direção Regional de Agricultura do Centro.

“Alguns vão-se juntar a nós [ao longo do percurso] e o que esperamos é [ter] cerca de 500 tratores, meio milhar de tratores” em Coimbra, disse Armindo Valente.

A GNR alertou que várias estradas do país estão condicionadas devido ao protesto dos agricultores, como é o caso da A25 que está "condicionada ao trânsito com um corredor de emergência".

“Em Portalegre, na fronteira do Caia no sentido Portugal-Espanha temos uma marcha lenta com condicionamento desta via, com uma concentração de 200 tratores”, disse o capitão João Lourenço, das Relações Públicas da GNR, acrescentando que "em Beja, entre Vila Verde e Ficalho, na Estrada Nacional 260, temos uma concentração de cerca de 45 tratores e quatro viaturas pesadas”.

A GNR está, segundo o capitão João Lourenço, a acompanhar o movimento dos agricultores portugueses, empenhando diversas valências.

“Estamos a fazer patrulhamento onde existe aglomeração de pessoas e viaturas de forma a garantir a segurança rodoviária, a fluidez de trânsito, a ordem e tranquilidade públicas, sobretudo nestes locais onde há concentração de pessoas, garantindo corredores alternativos nos principais eixos rodoviários”, disse.

A GNR apela "a todos que estejam neste protesto que não coloquem em causa os direitos das pessoas, neste caso o direito à mobilidade”.

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