Iraque inicia negociações com EUA sobre fim de presença da coligação internacional

Agência Lusa , DCT
27 jan, 20:02
Soldado israelita na fronteira com a Faixa de Gaza (Fonte: AP)

Washington já confirmou a instauração de “grupos de trabalho de peritos”, no âmbito de uma “comissão militar suprema” decidida com Bagdade no passado verão.

O Iraque e os Estados Unidos realizaram este sábado uma “primeira ronda” negocial sobre o futuro da coligação internacional ‘anti-jihadista’, com Bagdade a pretender uma “redução progressiva” dos soldados estrangeiros no seu território até “pôr termo” à sua missão.

O gabinete de Mohammed Shia' Al Sudani publicou uma foto do chefe de Governo iraquiano reunido com altos cargos das forças de segurança do seu país e militares da coligação impulsionada por Washington em 2014 para combater o grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI).

A iniciativa surge num contexto regional conturbado. Desde meados de outubro, mais de 150 ataques de ‘drones’ ou disparos de ‘rockets’ visaram soldados norte-americanos e da coligação, no Iraque a na Síria, uma repercussão direta da guerra em Gaza entre Israel, aliado dos EUA, e o Hamas palestiniano, apoiado pelo Irão.

Na tarde de hoje, um ‘drone de ataque’ voltou a atingir a base aérea de Ain al-Assad, onde estão estacionadas tropas da coligação no oeste do Iraque. Um responsável da segurança iraquiana confirmou o ataque, sem adiantar mais detalhes.

Previamente, o primeiro-ministro iraquiano tinha patrocinado a “primeira ronda do diálogo bilateral entre o Iraque e os Estados Unidos para pôr termo à missão da coligação internacional no Iraque”, segundo o comunicado do seu gabinete.

Washington já confirmou a instauração de “grupos de trabalho de peritos”, no âmbito de uma “comissão militar suprema” decidida com Bagdade no passado verão.

Estes três grupos vão estudar “o nível de ameaça colocada pelo EI”, os “imperativos operacionais” e ainda “o reforço das capacidades das forças de segurança iraquianas”, indicaram hoje os serviços do primeiro-ministro.

“Na sequência desta avaliação será formulado um calendário preciso para pôr termo à missão militar da coligação, e assegurar uma transição para relações bilaterais em termos de segurança entre o Iraque, os Estados Unidos e os países parceiros da coligação”, indica o comunicado.

Bagdade já tinha admitido “uma redução progressiva” do número de conselheiros da coligação.

Na quinta-feira, Al Sudan tinha afirmado em Bagdade que o EI “já não representa uma ameaça para o Estado iraquiano” e assegurou que as Forças Armadas do Iraque “têm capacidade para assumir plenamente as tarefas e manter a segurança e estabilidade e repelir as ameaças” sem necessidade de intervenção de forças estrangeiras, considerando que tinha chegado o momento de uma “transição”.

Através de um comunicado caracterizado pela prudência, a coligação internacional também confirmou hoje estas primeiras discussões, ao assegurar que o atual processo se destina a “avaliar o progresso da missão inicial da coligação para derrotar o EI”, e ainda a “discutir os futuros ajustamentos à missão e à presença da coligação no Iraque”.

“A comissão militar suprema trabalhará para o estabelecer as condições necessárias à transição da missão no Iraque”, sublinha o comunicado.

Na quinta-feira, Sabrina Singh, porta-voz adjunta do Ministério da Defesa norte-americano, indicou que a dimensão dos efetivos militares dos EUA no Iraque “fará certamente parte das discussões, à medida que as coisas evoluírem”.

A maioria dos ataques contra a coligação, ocorridos desde meados de outubro, foram reivindicados pela “Resistência Islâmica no Iraque”, uma miríade de combatentes provenientes de grupos armados pró-iranianos. Na sexta-feira, este grupo assegurou que iria prosseguir as suas ações armadas.

Os Estados Unidos possuem cerca de 2.500 soldados no Iraque e perto de 900 na vizinha Síria integrados na coligação internacional que também incluiu militares de diversos países europeus.

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