Voznesensk, a pequena cidade onde os russos perderam uma das mais importantes batalhas da guerra

25 mar 2022, 19:04
Tropas russas na Ucrânia (AP Images)

Voznesensk conseguiu bloquear uma importante porta de entrada do exército russo no controlo da zona Sul

Muito se tem falado na resistência e na resiliência no povo ucraniano, desde que o país foi invado pela Rússia, a 24 de fevereiro. Exemplo disso é a pequena cidade de Voznesensk, no sul da Ucrânia.

Esta cidade tem cerca de 35 mil habitantes e conseguiu bloquear - depois de uma luta intensa que durou dois dias - o avanço das tropas russas. Há até quem considere que foi uma das batalhas mais decisivas da guerra. Isto porque Voznesensk tem uma ponte estrategicamente importante que, caso os ucranianos tivessem perdido o combate, seria uma porta de entrada dos russos, para se aproximarem da costa do Mar Negro, em direção ao porto de Odessa e de uma central nuclear. 

Para impedir que isso acontecesse, os militares ucranianos, com o apoios dos civis que ficaram para combater, destruíram a ponte, o que obrigou os russos a andar para trás 100 quilómetros, em direção à zona leste. 

"É difícil explicar como é que nós o fizemos. Foi graças ao espírito lutador dos nossos habitantes locais e ao exército ucraniano", disse, numa entrevista à BBC, o autarca Yevheni Velichko.

As tropas russas perderam 30 dos 43 veículos que tinham na zona, que incluíam tanques, blindados, viaturas lança-rockets e camiões. As autoridades ucranianas disseram ainda que destruíram um helicóptero de ataque Mi-24 e que morreram 100 militares russos nesta batalha. 

No entanto, Velichko alertou que, se por acaso existir uma segunda investida, "estes defensores" já não têm armas suficientes: "Não temos o armamento pesado que o nosso inimigo tem". 

"Só com este armamento é que nós conseguimos derrotar o inimigo. E agradecemos todo o apoio dos nossos parceiros, mas precisamos de mais. Os 'comboios' do inimigo continuam a chegar". 

Por agora, já não se ouvem sirenes nem bombardeamentos nesta pequena cidade, que foi abandonada por milhares de habitantes nas últimas semanas.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, incluindo 120 menores, segundo os mais recentes dados da ONU.

O conflito também provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,7 milhões procuraram refúgio nos países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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