Pais preocupados com “decréscimo da qualidade do sistema de ensino” unem-se em movimento: “Os professores têm toda a razão para se manifestarem”

11 out 2023, 10:04
Matemática

Movimento Pais em Luta pela Educação foi criado há cerca de duas semanas e quer alertar a sociedade para “os problemas do sistema de ensino” e fazer ouvir a voz dos encarregados de educação junto de quem governa o país

Um grupo de pais “insatisfeitos com a qualidade do sistema de ensino em Portugal e a degradação do sistema de ensino no país nos últimos anos” juntou-se para criar o movimento cívico Pais em Luta pela Educação.  O coletivo de pais e encarregados de educação foi criado em finais de setembro, com o objetivo de esclarecer e sensibilizar a opinião pública e fazer ouvir a voz dos pais “junto dos governantes”.

“Queremos alertar para falhas graves no sistema de ensino e situações que queremos ver melhoradas. São situações como a falta de professores, que é sistemática em Portugal; a colocação de professore sem habilitação própria para o ensino, ou seja, sem qualificação pedagógica, para ensinar os nossos filhos; a falta de assistentes operacionais, que coloca em risco a higiene e a segurança dos espaços escolares; a falta de técnicos no geral – psicólogos, assistentes sociais, mediadores, terapeutas, etc.; o aumento de violência nas escolas; e as turmas sobrelotadas”, enumera Carla Monteiro Escada, uma das administradoras das redes sociais do movimento.

Carla Monteiro Escada, que já foi professora e desistiu da profissão “por todas as razões que conhecemos”, sublinha que “os prejudicados por estas falhas graves continuam a ser os mesmos – os alunos”. “Depois de dois anos de pandemia, o último ano letivo foi muito complicado para os nossos filhos, sobretudo para os alunos que têm necessidades acrescidas”, lamenta.

O grupo, que está presente nas redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp, conta já com mais de 2000 participantes. Estão a preparar uma série de “ações de luta pacíficas”, que não passam, para já, por manifestações ou bloqueios: “Estamos a delinear uma série de ações para mostrar o nosso descontentamento e apresentar propostas de resolução dos problemas que identificámos. Vamos tentar chegar à fala com governantes, com cartas abertas, petições públicas e sensibilização da sociedade. Mas sentimo-nos, pais e alunos, cansados das greves constantes. Se sentimos isso, não vamos nós contribuir para o avolumar dessa situação”.

Por estarem “cansados de greves”, não se pense que estão do lado de lá da barricada em relação aos professores. Pelo contrário, colocam-se ao lado dos docentes na luta. 

“Eles têm toda a razão para se manifestarem. Grande parte dos problemas das escolas prende-se com a falta de condições de trabalho que os professores têm, condições físicas dos edifícios, falta de materiais de trabalho, excesso de burocracia… Estamos completamente solidários com a luta dos professores. No grupo, temos vários professores que se identificam com a nossa luta, que é, no fundo, a mesma deles”, garante.

O grupo diz estar preocupado com a recuperação das aprendizagens e querem que as escolas proporcionem aos alunos “aulas de compensação, incluídas no horário dos professores colocados tardiamente” e reclamam também a “elaboração de turmas e de horários mais cedo que permitam atempadamente a colocação de professores”, bem como o número de alunos por turma limitado a 20, “para promover a qualidade pedagógica nas salas de aula”, um aumento do “rácio de assistentes operacionais por aluno, permitindo precaver situações de indisciplina escolar e violência (bullying e ciberbullying), criando programas de ação e de prevenção” e ainda a proibição da utilização do telemóvel nos intervalos.

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