Um jogo com outra História

25 jun 2000, 23:34

Crónicas de Beto-25 de Junho Beto, defesa central da selecção portuguesa, escreve nestas páginas sobre o Euro-2000. Hoje fala da França, próximo adversário de Portugal, e da meia-final de 1984.

Ermelo, 25 de Junho - Como tem sido norma depois dos nossos jogos, tivemos algumas horas de folga que nos permitiram descontrair um pouco e atenuar as emoções dos últimos dias. Foi bom quebrar a rotina: eu e alguns companheiros de equipa aproveitámpos para ir comer a um restaurante argentino e dar umas voltas pela cidade antes de regressar ao hotel. 

Claro que, mesmo com a liberdade para dispor do nosso tempo, não ficámos indiferentes aos dois jogos que completavam os quartos-de-final. Vi grande parte do Holanda-Jugoslávia e, obviamente, observei com muita atenção o França-Espanha. O facto de defrontarmos a França na meia-final faz com que muita gente se recorde do Europeu de 1984. 

Acho isso natural e compreendo que algumas pessoas encarem com um certo espirito de desforra o nosso jogo de Bruxelas. No entanto, para mim, as coisas são um pouco diferentes: tinha apenas oito anos nesse Europeu e, embora me recorde de assistir ao jogo em casa com a minha familia, mentiria se dissesse que me lembro de muitos pormenores.  

Claro que sei quem foram os nossos jogadores, alguns desses nomes ainda os vi em acção várias vezes nos relvados portugueses, mas este é outro jogo com outra história. A França mostrou os argumentos do costume. Uma defesa muito sólida na qual é difícil encontrar espaços e um conjunto muito compacto com avançados muito rápidos na saída para o contra-ataque, como Henry, Anelka e Dugarry. 

No primeiro aspecto, confio na capacidade dos nossos jogadores ofensivos para criar os desiquilibrios, no segundo todos nós na defesa nos sentimos prontos para tentar anular essa velocidade. De qualquer maneira ainda há tempo para estudar as coisas mais a fundo. 

Uma palavra para a Espanha que voltou a demonstrar ser uma grande equipa e falhou o prolongamento de uma forma dramática. É a prova que os grandes jogadores também falham, mas, precisamente por serem grandes, conseguem dar a volta por cima e deixar para trás os momentos infelizes. Seja como fôr, continuo a achar que entre França e Espanha não tinhamos muito por onde escolher. 

Uma outra referência para a Holanda que conseguiu uma excelente demonstração das suas capacidades. Embora não tenha visto todo o jogo apreciei a forma como os seus jogadores tiraram partido das oportunidades, conseguindo um resultado próximo daquele que, com alguma felicidade, poderiamos ter obtido com a Turquia. 

Um grande abraço para todos os leitores do Maisfutebol 

Beto

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