Sporting-Atalanta, 1-2 (crónica)

Ricardo Gouveia , Estádio de Alvalade
5 out 2023, 19:41

Foi divertido ou não foi?

Foi divertido, sobre isso não restam quaisquer dúvidas. A primeira parte foi um autêntico parque de diversões para os italianos, que domaram por completo o leão e marcaram dois golos, obrigando Ruben Amorim a mudar quase tudo para o segundo tempo, com a equipa de Gasperini a superiorizar-se em todos os momentos do jogo. Depois foi a vez do Sporting também divertir-se, reduzir a diferença no marcador, mas o empate acabou devolvido pelo poste. O Sporting consente, assim, a primeira derrota em jogos oficiais esta época e a única ilação positiva que pode tirar deste jogo foi a exibição ascendente da equipa: de muito mau, para o aceitável.

Confira o FILME DO JOGO e os VÍDEOS DOS GOLOS

Ruben Amorim tinha antecipado um jogo «estranho» e pediu, desde logo, «paciência» aos adeptos, garantindo, antes de mais, um jogo «divertido» para todos. Foi de facto divertido, mas apenas para os italianos, que, ao primeiro apito do árbitro, instalaram-se no meio-campo do Sporting, com uma pressão asfixiante. Até ao intervalo, os leões não conseguiram desenhar um lance com pés e cabeça e permitiram quase tudo à equipa de Bérgamo que transformou a área de Adán numa verdadeira área de lazer, onde quase tudo foi permitido.

O Sporting bem tentava libertar-se de amarras, com a tal saída a três que o treinador também tão bem descreveu na antevisão do jogo, mas a bola raramente chegou redonda aos pés de Pote, Gyökeres ou Paulinho. Com uma equipa de onze jogadores polivalentes, a Atalanta baralhava todas as marcações, com os centrais a aparecerem sobre as alas a cruzar, os laterais a virem para dentro para a zona de finalização e os avançados a romperem por todos os lados. Foi o caos completo ao longo de 45 minutos.

Uma pressão a toda a linha, com a Atalanta a trocar a bola, a toda a largura, durante quase meia-hora, sem que o Sporting conseguisse responder de alguma forma. Uma das primeiras vezes que os leões passaram a linha do meio-campo, já aos 28 minutos, as bancadas reagiram como se fosse um golo.

Por momentos, os leões deram a sensação de que iam encontrar espaços para respirar, com Paulinho a ensaiar também uma saída, mas logo a seguir a Atalanta chegou ao golo, de uma forma tão natural, como se estivesse apenas a fazer um treino. Uma jogada rendilhada, toda ao primeiro toque, com Zappacosta a combinar com Lookman sobre a direita e a colocar a bola na pequena área onde o jovem central Scalvini só teve de encostar. Implacáveis.

Bola ao centro e a Atalanta subiu novamente, em bloco, para junto da área de Adán, para nova dose de sufoco ininterrupto até ao segundo golo, dez minutos depois do primeiro, agora do lado contrário, com Ruggeri a passar por Fresneda, numa rápida combinação com Lookman, e a ficar de frente para o guarda-redes espanhol que ainda susteve o primeiro remate, mas deixou a bola escapar por baixo do corpo e permitiu a Ruggeri, à segunda tentativa, atirar a contar. O leão, nesta altura, parecia morto.

Uma primeira parte que foi um verdadeiro desastre para a equipa de Alvalade, mas que foi, insistimos, muito divertida para os italianos de Bérgamo. Uma verdadeira paródia.

Agora divertem-se os leões

Ruben Amorim não perdeu mais tempo e fez três alterações de uma assentada, lançando o capitão Coates, para tentar estabilizar a defesa, e também Geny Catamo e Marcus Edwards para um novo ataque, bem mais móvel. Alterações que tiveram efeito imediato, embora, também seja preciso dizer, diante de uma Atalanta completamente diferente. O jogo prosseguiu na mesma metade do campo que se tinha desenorolado na primeira parte, mas agora com os leões a imporem a sua ordem, mais perto da baliza de Musso e mais longe da de Adán.

Gia Piero Gasperini foi retirando as peças que estiveram em especial destaque na primeira parte, muitos deles esgotados, para reconstruir um novo onze, agora com uma referência no ataque, com o recuperado Gianluca Scamacca. Uma equipa que ia, agora, ficar à espera da subida dos leões para responder com transições rápidas. O Sporting estava visivelmente melhor e, prova disso, é que criou a primeira oportunidade no jogo, aos 53 minutos, num lance de laboratório. Pote, na marcação de um livre, abriu na direita para Edwards que, por sua vez, cruzou para o segundo poste onde surgiu Gonçalo Inácio a pentear a bola. 

O Sporting dizia, finalmente, que também estava presente no jogo. E estava de facto, como já dissemos, agora eram os leões que tinham a bola e os italianos ficaram a ver jogar. Faltava, no entanto, um golo, para a equipa de Lisboa entrar também na discussão do resultado. Num remate de Diomande, a bola foi à mão de Scalvini, o autor do primeiro golo, e o árbitro, depois de rever as imagens, não teve dúvidas em apontar para a marca dos onze metros. Gyökeres atirou a contar e Alvalade entrou em ebulição.

O Sporting correspondeu, galvanizou-se e, num espaço de poucos minutos, retribuiu todo o sofrimento que os italianos tinham imposto na primeira parte, com oportunidades sucessivas de golo. Edwards, destacado, teve uma primeira oportunidade para empatar o jogo e, logo a seguir, Geny Catamo, com as bancadas de pé, acertou em cheio no poste. Agora era a Atalanta que não conseguia sair do sufoco. Foram dez minutos muito intensos em que ficou a ideia que o Sporting ainda podia dar a volta ao resultado.

A Atalanta acabou por conseguir meter gelo no jogo, segurou a vantagem curta e até esteve perto de voltar a marcar, nos instantes finais, com um remate de Scamacca a proporcionar a defesa da noite a Adán.

Após o apito final, Alvalade reconheceu a melhoria na segunda parte e despediu-se dos jogadores com aplausos, mas não deixou de ser um duro golpe para as aspirações dos leões que, apesar de tudo, têm agora tudo para recuperar, com dois jogos frente aos polacos do Raków.

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