"Sei muito bem como é que este processo vai acabar". João Galamba dá a primeira entrevista desde a Operação Influencer

26 abr, 23:24

Respondeu a Montenegro e admitiu que não fala com Pedro Nuno Santos desde a polémica com a TAP. Sobre a Operação Influencer, o ex-ministro diz estar de consciência tranquila

O antigo ministro das Infraestruturas e antigo secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba, diz que foi "escutado vários anos" mas não foi ouvido para a Operação Influencer, que ditou a queda do último governo e precipitou a sua demissão. Em entrevista à CNN Portugal, a primeira desde que foi constituído arguido no processo que investiga alegadas ilegalidades com a construção de um Data Center, admite estar de "consciência tranquila" e cita António Costa. “Estou de consciência inteiramente tranquila em relação a tudo o que fiz. Sei tudo o que fiz, sei tudo o que não fiz. Permita-me citar António Costa, ‘sei muito bem como é que este processo vai acabar’. Vai acabar com o arquivamento ou acabarei por ser inocentado”, afirmou.

João Galamba respondeu às críticas de Luís Montenegro, que disse querer introduzir um código de ética para evitar "casos Galamba", sublinhando que o atual primeiro-ministro "nunca exerceu funções executivas" e, por isso, "até se podia desculpar alguma ignorância na matéria".

"A lei é clara. Todos os usos que eu fiz foram nos exatos termos da lei e sempre em proveito das minhas funções, quando não no exercício das minhas funções", atirou. "Eu ia com os meus motoristas buscar as minhas filhas à escola, a consultas no médico".

O antigo ministro diz também que está de relações cortadas com o atual secretário-geral socialista, afirmando que os dois se afastaram, desde o episódio da TAP. "Não tenho proximidade com o secretário-geral do Partido Socialista. Já fomos mais próximos, digamos assim (...) Nunca me disse nada nos últimos tempos, nem no dia das buscas. Desde o episódio da TAP falei uma vez, muito pouco tempo depois", revelou Galamba.

Questionado sobre se já foi ouvido pelas autoridades no âmbito da Operação Influencer, João Galamba diz que “foi escutado vários anos”, mas ainda não foi ouvido, embora tenha apresentado um requerimento para ser ouvido logo após as buscas.

“Ainda não consultei o processo. Tudo o que sei do processo, sei pela comunicação social. A minha defesa será feita em sede própria. Desde o dia 7 de novembro, as notícias que têm saído têm sido bastante favoráveis para mim. Podia aproveitar para fazer a minha defesa na televisão, mas não o farei”, disse o antigo ministro.

Sobre a polémica em torno das refeições pagas pela Start Campus, o antigo ministro diz que "é um ato normal e absolutamente banal" para qualquer governante, sublinhando que por sua iniciativa divulgou a agenda de reuniões da sua pasta, em 2020. 

"Não desejo isto a ninguém. Entrarem em nossa casa às sete da manhã quando as nossas filhas estão a dormir, particularmente quando se está com a consciência completamente tranquila de que não se fez absolutamente nada de mal", disse João Galamba, que diz esperar que o desfecho da Operação Influencer tenha repercussões.

“A Operação Influencer tem consequências… É muito difícil explicar lá fora o estatuto de arguido. Lá fora não existe isso: há suspeitos e acusados. Não existe arguido. Há empresas que fazem compliance e o estatuto de arguido é traduzido como acusado e isso requer explicações. Fui bem sucedido, mas é óbvio que tem consequências ser arguido”, referiu.

Em relação ao que o futuro lhe reserva, João Galamba admite que vai seguir a sua carreira no setor privado, no setor da Energia, pasta que chefiou entre 2018 a 2022.

O mesmo não foi dito em relação a António Costa, de quem diz ter sentido sempre "um enorme apoio político". "Posso ter cometido uma ou outra vez algum excesso, mas tenho bastante orgulho no tempo que passei no Governo. Eu não tinha nenhuma experiência executiva. Eu fui deputado dez anos", referiu. 

Confrontado com a possibilidade de a Procuradora-Geral da República ser ouvida no Parlamento, o antigo ministro rejeita a ideia e diz que não é a sede própria. “Não acho que faça qualquer sentido. A PGR não responde perante o Parlamento, não é politicamente responsável pelo Parlamento”, afirmou.

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