Formação bracarense precisa de ser mais forte nos confrontos com os rivais diretos para fazer do título um objetivo
Ponto prévio: o Sp. Braga tem feito um trabalho notável em vários domínios. A forma como tenta intrometer-se entre os grandes é o mais relevante, mas talvez nem seja o mais significativo.
É preciso olhar também para a formação, e para os jogadores que coloca nas seleções jovens (algo impensável há uma dezena de anos), é preciso olhar para as excelentes infraestruturas, é preciso olhar até para a forma como comunica com os associados, por exemplo através das redes sociais, para entender que o crescimento do Sp. Braga é sustentado e integral.
É um trabalho profundo, ponderado e consolidado.
Para atingir o sonho de ser campeão, porém, ainda lhe falta qualquer coisa: falta-lhe, acima de tudo, ser mais forte nos jogos com os rivais diretos.
O resultado do confronto deste domingo com o Sporting diz-nos que esse salto, obviamente, ainda não foi dado. O Sp. Braga chegava ao jogo por cima e provavelmente sendo até favorito, perante um adversário que nos últimos sete confrontos só vencera uma vez, que vinha de uma derrota caseira para a Liga Europa e que estava, por tudo isto, despedaçado em frangalhos.
Mesmo que o Sporting tenha feito o melhor jogo das últimas largas semanas, sendo sobretudo mais forte na ocupação dos espaços (com uma linha de três defesas muito próxima da linha de quatro médios), era obrigatório ao Sp. Braga fazer qualquer coisa mais neste confronto.
Ora o mais significativo é que o resultado frente ao Sporting não foi nada de novo: veio corroborar os números da formação bracarense frente aos rivais desde há muito tempo.
Olhando para o que foram os resultados nos últimos onze anos, o Sp. Braga fez 70 jogos contra Benfica, FC Porto e Sporting, tendo vencido 13 vezes, empatado oito e perdido... 49. Ou seja, em 210 pontos possíveis, somou 47, o que dá um aproveitamento de 22,3 por cento.
É muito pouco.
Só para se ter uma ideia, o Sporting somou 90 pontos em 213 possíveis (aproveitamento de 42,2 por cento), o Benfica somou 115 pontos nos mesmos 210 possíveis (aproveitamento de 54,7 por cento) e o FC Porto somou 135 pontos em 210 possíveis (aproveitamento de 64,2 por cento).
O que significa que o Sp. Braga está muito abaixo dos rivais nos confrontos diretos. Abaixo até do Sporting, que anda arredado da conquista do título já há longos dezasseis anos.
Ora por isso, e feitas todas as contas, falta ao Sp. Braga dar este salto. No mínimo para se aproximar uma taxa de aproveitamento de 50 por cento nos pontos disputados com os rivais. Enquanto não o fizer, dificilmente o título se tornará um objetivo, para lá do que é agora: um sonho.
