Nelson Évora: 2016 visto pelos olhos de um campeão

31 dez 2015, 15:29
Nélson Évora (Reuters)

Nelson Évora foi uma das grandes figuras do desporto nacional em 2015, com o regresso ao mais alto nível a pôr fim a um longo calvário de lesões. Convidado especialíssimo do programa de fim de ano do Maisfutebol na TVI 24, aceitou o nosso desafio de projetar para os nossos leitores, em discurso direto, o ano que aí vem.

No plano pessoal, 2016 será, muito simplesmente, o ano mais importante da minha carreira. Depois de ter falhado a presença nos Jogos Olímpicos de 2012, por lesão, tenho grandes expectativas para o Rio de Janeiro. Estou bem, muito motivado, e venho de um ano espectacular, com grandes resultados. A fasquia está bastante alta, e não apenas pelas medalhas que consegui nos Mundiais e nos Europeus de pista coberta.

Vou ao Rio para ser campeão, e para isso acontecer ambiciono uma marca acima dos 18 metros. Acredito que o recorde do mundo, que já tem 20 anos, está prestes a cair - aliás já poderia ter caído em 2015. O panorama atual do triplo salto tem dois atletas acima dos 18 metros e sei que para os superar tenho de conseguir ir além do que já consegui. Esse é um registo que me deixaria entre os melhores especialistas de sempre.

Não tenho um sentimento de revanche em relação à ausência nos Jogos de Londres, mas de certa forma sinto que esta é a oportunidade que não tive para defender o título olímpico de Pequim. O sentimento dominante, no arranque de um novo ano é, por isso, o de ir à luta.

Este é um ano rico em grandes competições e dominado, claro, pelos Jogos Olímpicos. Antes disso, tenho também o desafio dos Mundiais de atletismo em pista coberta, em março – com a curiosidade de ser esse o primeiro grande evento em que vou participar nos Estados Unidos.

Claro que, como adepto do desporto, vou seguir com atenção vários outras competições que não têm a ver com a minha modalidade. Não poderei ficar indiferente ao Euro-2016 e, embora não vá ter oportunidade de vê-lo, certamente vou acompanhar com interesse os resultados e o desempenho da seleção. Mas se pudesse escolher um grande evento para assistir descontraidamente, como espectador, escolheria o open da Austrália - porque sou um apreciador de ténis, claro, mas também porque tenho muita curiosidade de conhecer o continente.

Numa esfera mais ampla, gostava que este fosse um ano de boas políticas de apoio ao desporto nacional, traduzidas no aparecimento de muitas jovens promessas e muitos exemplos de superação e garra. É preciso sangue novo, e é preciso acreditar sempre um pouco mais em nós. Em ano de Jogos Olimpicos é bom que assim seja.

Desejo também que, em termos políticos, este possa ser um ano de paz e reconstrução da nossa casa, o início de um período pós-crise. Que as pessoas possam sentir um pouco mais de justiça nas suas vidas e transformem esse input em algo de positivo.

Para os leitores do Maisfutebol deixo um incentivo: sempre que possível, pratiquem desporto. E deixo também um desejo, que é aquilo que costumo desejar aos meus próximos: um bom ano, cheio de saúde, porque o resto somos nós que fazemos.

Um abraço do

Nelson Évora

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