China conclui exercícios militares em Taiwan, mas reforça planos de reunificação (com ou sem recurso à força)

10 ago 2022, 19:47
Discurso de Xi Jinping num ecrã em Pequim

"Tentativas de rejeitar a reunificação e dividir o país estão condenadas", escreve o Partido Comunista da China, condenando em particular as "atitudes provocatórias" de "forças externas"

As Forças Armadas Chinesas anunciaram esta quarta-feira que os exercícios militares ao redor de Taiwan foram "concluídos com sucesso", uma semana após a visita de Nancy Pelosi ao território. Advertem, porém que continuarão a ser organizadas patrulhas "de rotina", de forma a "defender a soberania nacional e a integridade territorial". 

O anúncio surge no mesmo dia em que o Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado e o Gabinete de Informação do Conselho de Estado da República Popular da China publicaram um documento oficial, um livro branco, intitulado "A Questão de Taiwan e a Reunificação da China na Nova Era".

Este não é o primeiro documento a clarificar a posição do Partido Comunista da China sobre a ilha. Um primeiro documento de 1993 propõe o retorno ao domínio chinês sob o modelo "um país, dois sistemas", permitindo a preservação dos sistemas sociais e políticos do território. O documento seguinte, datado de 2000, garante que "qualquer coisa" poderia ser negociada desde que a questão da independência fosse definitivamente encerrada. Em ambos os documentos políticos, a China compromete-se a não enviar tropas ou pessoal administrativo para se fixar em Taiwan. 

O novo livro branco, o primeiro a ser emitido durante o governo de Xi Jinping, mostra-se mais assertivo nas ambições de reunificação. "Este novo livro branco está a ser publicado para reiterar o facto de que Taiwan é parte da China, para demonstrar a resolução do Partido Comunista da China e do povo chinês na reunificação nacional, e para enfatizar a posição e as políticas do Partido Comunista e do governo chinês na nova era", é contextualizado, numa nota introdutória. As múltiplas referências a uma "nova era", incluindo no título, são idiossincráticas ao governo de Xi Jinping. 

Beijing assegura que a reunificação será pacífica, mas que não hesitará em combater atividades separatistas recorrendo ao "último recurso" - o uso da força militar. O aviso é deixado aos movimentos separatistas taiwaneses, mas também às "forças externas que têm tentado explorar Taiwan, de modo a conter a China". 

"Tentativas de rejeitar a reunificação e dividir o país estão condenadas, porque irão contra a história e a cultura da nação chinesa, bem como o compromisso de mais de 1,4 biliões de chineses". 

No capítulo final, esboça-se um "panorama brilhante" a partir da reunificação dos territórios, com a promessa de desenvolvimento social e económico e o respeito pelos "direitos e interesses" do povo taiwanês. A colaboração entre China e Taiwan, lê-se no documento, apenas tornará a nação chinesa "mais forte e mais próspera", num cenário de incontestável hegemonia perante "todas as nações do mundo".

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