Ao Minuto. “Vou demitir alguém porque o marido é acusado?”. Costa segura Carla Alves, que lhe garantiu “não” ter dinheiro injustificado na conta. E promete "circuito" para escrutinar novos governantes
Pontos-Chave
- Iniciativa Liberal faz comparação televisiva com António Costa: "O senhor tornou-se o Gustavo Santos da remodelação governamental. O seu programa é o ‘Querido, Piorei a Casa’”
- Costa revela que o ministro das Finanças, Fernando Medina, vai esta sexta-feira ao Parlamento para prestar esclarecimentos sobre o caso de Alexandra Reis
- Costa vai propor ao Presidente da República um “circuito” entre a indicação e a nomeação, para escrutinar o percurso de futuros governantes e identificar factos desconhecidos
- “Vou demitir a mulher de alguém porque o marido é acusado?”. Costa defende secretária de Estado Carla Alves e diz que esta lhe garantiu que “na conta dela não há nenhum rendimento não declarado”.
- PSD desafia Costa a concretizar qual é a “autoridade política” de Medina. Primeiro-ministro diz que “tem condições” para continuar.
- Costa afirma atual Governo como “alternativa mais estável”: “Nem sequer na censura ao Governo a direita se consegue entender”
- Catarina Martins: “A cada caso encerrado, a cada nomeação, abre-se um novo caso”. Bloco é o primeiro a falar diretamente da TAP.
- O debate sobre a moção de censura ao Governo arrancou às 15:00 horas na Assembleia da República.
- A moção de censura foi apresentada pela Iniciativa Liberal, “em defesa das instituições e pelo fim da degradação política, económica e social a que o Governo tem conduzido o país”.
- Trata-se da segunda moção de censura a este executivo. Foi apresentada após a demissão do então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, na sequência da polémica com a indemnização de 500 mil euros para a Alexandra Reis para sair da TAP. Reis viria depois a passar pela NAV e a tomar posse como secretária de Estado do Tesouro.
- O chumbo da moção de censura está garantido, não fazendo cair o Governo de António Costa. PS, PCP e Livre vão votar contra. PSD, Bloco de Esquerda e PAN vão abster-se. Assim, só Iniciativa Liberal e Chega vão votar a favor.
- Este debate surge depois de um debate de urgência, pedido pelo PSD, que teve lugar esta quarta-feira. Nele, Medina foi acusado de “leviandade”, Costa de “desbaratar” a confiança política dada pelos portugueses e Pedro Nuno Santos de “cobardia”.
Ventura diz que Marcelo colocou secretária de Estado “fora do Governo”
“Marcelo Rebelo de Sousa acaba de colocar fora do Governo a secretária de Estado”, destacou André Ventura, frisando que o Presidente da República “disse que tinha uma limitação política e que era um peso político negativo”.
Para André Ventura, “será ela própria a apresentar a demissão”, seja “durante a noite de hoje ou o dia de amanhã”.
IL diz que “intervenção” de Marcelo “retira qualquer hipótese” de Carla Alves continuar em funções
João Cotrim de Figueiredo considera que a “intervenção” de Marcelo Rebelo de Sousa “retira qualquer hipótese da secretaria de Estado da Agricultura continuar em funções”.
Para o deputado, “ao fazê-la, está a dar total razão aos motivos pelos quais a Iniciativa Liberal apresentou essa moção de censura”.
Circuito de escrutínio é “desresponsabilização, é Costa a querer co-responsabilizar o Presidente da República pelas suas propostas”
Após o debate e votação da moção de censura ao Governo, o líder do PSD, Luís Montenegro, afirmou que o ministro das Finanças é "um peso morto" no executivo, e garantiu que não tem medo de ir a eleições.
Debate chegou ao fim
O debate sobre a moção de censura ao Governo chegou ao fim.
Pode ler os principais momentos destas quatro horas de debate nos pontos-chave deste 'Ao Minuto'
Marcelo diz que nova secretária de Estado é "um peso político negativo"
O Presidente da República afirmou que a polémica com a nova secretária de Estado da Agricultura é "um peso político negativo" no Governo de António Costa. Marcelo Rebelo de Sousa falava sobre Carla Alves, que tem contas bancárias arrestadas.
"Intervenção tem de ser antes da nomeação": Marcelo reage à proposta do primeiro-ministro
António Costa propôs a criação de um "circuito de escrutínio" das nomeações para cargos governativos, mas o Presidente da República defende que a verificação deve ocorrer antes das próprias nomeações.
Moção de censura chumbada
No final do debate desta quinta-feira, a votação eletrónica ditou o chumbo da moção de censura.
Do total de 225 deputados, a favor votaram 19 deputados da Iniciativa Liberal e o Chega. O PS, o Livre e o PCP votaram contra, num total de 126 votos, e o PAN, PSD e Bloco de Esquerda abstiveram-se, num total de 79.
“Não nos resignamos a este Portugal tão poucochinho”
O encerramento do debate cabe a Rodrigo Saraiva, líder parlamentar da Iniciativa Liberal. “Não, senhor primeiro-ministro, não nos habituamos”, começa.
Para o liberal, Portugal é um “país desgovernado”, onde a “principal força de bloqueio” é o Governo de António Costa.
“Não nos resignamos a este Portugal tão poucochinho”, reforça. E insiste que muitos portugueses estão “arrependidos” de terem dado a maioria absoluta ao PS.
Rodrigo Saraiva percorreu, de forma exaustiva, as falhas e polémicas do Governo, cuja forma de lidar com os problemas é “empurrar com a barriga”.
No meio do discurso, Santos Silva teve de pedir silêncio, perante o intenso burburinho no hemiciclo.
Costa deixa discurso final para Mariana Vieira da Silva. E TAP não foi mencionada
Cabe a Mariana Vieira da Silva o discurso de encerramento do governo nesta moção de censura, que destaca o “ajuste de políticas” a uma “conjuntura que mudou radicalmente” o cenário, referindo-se à guerra.
A Ministra da Presidência acusa a oposição de tecer sempre as mesmas críticas ao governo, ecoando o que já havia sido dito pelo primeiro-ministro durante o debate desta quinta-feira, referindo-se, por exemplo, aos apoios financeiros e aos acordos com sindicatos.
“Mesmo no clima instável que atravessa a Europa, o Governo tem um rumo”, assegura a ministra, frisando que “o governo nunca negou a dimensão da crise” e “fez o que lhe competia: responder ao presente”. “Nunca, nem no passado nem hoje, o governo se escondeu atrás da conjuntura”, atira.
Mariana Vieira da Silva tece críticas à direita e destaca números e medidas já mencionadas, apoia-se no PRR e na criação da direção do SNS e a gratuitidade das creches.
Sobre a moção de censura, a governante classifica-a como “inconsequente, não apenas porque não passará, mas porque não convence ninguém, nem a direita”.
“Em política não há maior sinal de cansaço e esgotamento do que nada dizer, nada propor nada” querer debater”, embora, no seu discurso, não tenha havido espaço para mencionar a TAP e as recentes polémicas que levaram a saídas no Governo, assim como não menciona o recém-noticiado caso da secretária de Estado da Agricultura.
Debate na fase final
Será a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, a encerrar o debate.
António Costa passa assim essa tarefa a outro elemento do Governo.
Liberais querem desculpas de Costa, após serem chamados "queques que guincham"
Bernardo Blanco pergunta a António Costa se vai pedir desculpa por classificar os liberais como “queques que guincham” numa entrevista recente à revista Visão.
“O que é que ainda está a fazer como primeiro-ministro?”, conclui.
PSD insiste em mudança de Governo "recauchutado"
Joaquim Pinto Moreira, do PSD, diz que o Governo vive numa “descolagem delirante da realidade”.
“Deixe de pensar na Europa, no seu futuro político ou de como gerir o ‘enfant terrible’ Pedro Nuno Santos”, aconselha.
“Este Governo recauchutado já não vai lá com a substituição de uma peça”, insiste Joaquim Pinto Moreira do PSD
“O PSD criticou, criticou, criticou, mas hora de votar o que é que vão fazer? Abstenção”, atira Chega
“Este é um mau governo, mas isto já todos sabemos”, começa por dizer Pedro Pinto. O deputado do Chega frisa que “este governo não serve a Portugal”, mas não hesitou em tecer críticas ao PSD.
“O PSD criticou, criticou, criticou, (...) mas hora de votar o que é que vão fazer? Abstenção. O que PSD não é é oposição a este governo”.
PS: PSD e Iiberais “deambulam” à volta da extrema-direita
João Torres, deputado do PS, lança novo ataque à direita, afirmando que o PS “coloca linhas vermelhas à extrema-direita”, enquanto PSD e Iniciativa Liberal “deambulam nesse limbo”.
O deputado aproveitou para aprofundar a estratégia do PS neste debate, lembrando o trabalho feito e os “compromissos assumidos com os eleitores”.
IL acusa governo de “medidas avulsas populistas” e de “andar em propaganda na rua com o PRR”
Carla Castro da Iniciativa Liberal diz que “este governo não serve os portugueses”, acusando-o de adotar “medidas avulsas populistas” e de “andar em propaganda na rua com o PRR”.
“O governo engorda as suas reformas, não apresenta respostas efetivas para os portugueses, apresenta, sim, medidas avulsas populistas”, atira a deputada liberal.
Para Carla Castro, “Portugal não cresce mais porque o governo não deixa crescer”.
PCP: “O que deve ser censurado é a política de direita”
A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, insiste que “a estabilidade política é a estabilidade da vida das pessoas”, mas que “essa não é a realidade.
A comunista insistiu que a política do PS é de favorecimento dos grandes grupos económicos, em detrimento de trabalhadores e pensionistas.
“O que deve ser censurado é a política de direita protagonizada por PS, PSD, Chega e IL”, afirmou.
IL para Costa: "O senhor tornou-se o Gustavo Santos da remodelação governamental. O seu programa é o ‘Querido, Piorei a Casa'"
O deputado liberal Rui Rocha recorreu ao humor para criticar as opções governativas do primeiro-ministro.
"O senhor tornou-se o Gustavo Santos da remodelação governamental. O seu programa é o ‘Querido, Piorei a Casa’”
Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, diz que “maioria do PS transformou-se numa rebaldaria absoluta” e que “está isolado numa bolha”.
“Em alguns casos, já não é capaz e reportar fora da bolha, da intimidade de José Sócrates”, diz, atirando que António Costa “já não tem um programa de governo, tem um programa de remodelação”, ironizando com alguns programas televisivos, como o Querido, Mudei a Casa, apresentando, em tempos, por Gustavo Santos.
“O senhor tornou-se o Gustavo Santos da remodelação governamental”, atira. “Cada vez que remodela a casa, a casa está cada vez pior”.
“O seu programa é o ‘Querido, Piorei a Casa’”, diz.
Chega pede ao Governo para demitir administração da TAP
Filipe Melo, do Chega, recorda as sucessivas polémicas na TAP e defende que “é altura de acabar com esta administração”.
“Meta alguém com competência e não um fantasma de José Sócrates à frente de um ministério tão importante”, atira, numa referência a João Galamba
Primeiro-ministro vai propor criação de "circuito de escrutínio" a futuros governantes
António Costa anunciou esta iniciativa em resposta à deputada do PAN, Inês de Sousa Real, que criticou as sucessivas polémicas que têm envolvido governantes nos últimos meses.