Parlamento chumba moção de censura do Chega ao Governo
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André Ventura afirma que "o país não está para as birras do PS"
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Costa diz que "moção de censura é exercício de oportunidade na competição com os outros partidos da oposição"
O "frete" ao Governo, a "traição" de Pedro Nuno Santos, e a inflação que veio para ficar. Mas o Chega ficou isolado na moção de censura
Moção de censura apresentada pelo Chega chumbada
A moção de censura apresentada pelo Chega foi chumbada esta tarde, após o debate no plenário. Votaram a favor 12 deputados do Chega, votaram contra 133 deputados do PS, PCP, BE, PAN e Livre, e abstiveram-se 80 deputados do PSD e IL.
Chega ao fim o debate. Segue-se a votação
Parlamento prossegue à votação da moção de censura.
Chega diz que debate desta tarde mostra "um parlamento unido contra o único partido que faz oposição a Portugal"
Toma a palavra Pedro Pinto, deputado do Chega, para encerrar o debate em torno da moção de censura apresentada pelo partido liderado por André Ventura.
O deputado cita a letra de António Variações, acusando o Governo de deixar para amanhã o que "podia fazer hoje".
Pedro Pinto lembra depois a polémica em torno de Pedro Nuno Santos e António Costa. "Pode um ministro continuar em funções depois de ser desautorizado pelo primeiro-ministro?", questiona, apontando depois o "caos instalado" nos aeroportos, que, nas suas palavras, só demonstra que este é "um Governo sem preparação, que não acautelou o verão".
"Connosco não passarão". Ana Catarina Mendes encerra debate com mensagem contra o radicalismo
Ana Catarina Mendes, ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, encerra o debate com mensagens dirigidas contra o radicalismo.
A ministra acusou o Chega de apresentar uma moção de censura apenas para "desafiar o PSD para uma radicalização, mesmo que isso represente o abuso, a degradação das instituições e do debate político".
"Há um governo que pode cair hoje, não será seguramente o Governo de Portugal", conclui.
"Pode segurar Pedro Nuno Santos, mas não segurará o voto dos portugueses", diz Ventura
André Ventura volta a intervir, assegurando que o primeiro-ministro terá de prestar contas pela "pela falta de estratégia" deste Governo
"Pode segurar Pedro Nuno Santos, mas não segurará o voto dos portugueses", diz.
O líder do Chega acusou depois o presidente da AR, Augusto Santos Silva, de utilizar "critérios diferentes" para dar mais tempo de intervenção ao PSD em detrimento do Chega. Em resposta, Santos Silva atirou: "Conforme-se com o peso nesta Assembleia que o povo soberano lhe deu."
Chega diz que Costa é "o verdadeiro homem da propaganda"
Jorge Galveias, do Chega, começa por descrever o primeiro-ministro como "um verdadeiro homem de propaganda", mas, no "alto elogio" que apresentou na AR esta tarde, "esqueceu-se da perda de poder de compra brutal” dos reformados.
PCP enumera medidas para resolver os problemas do país
Bruno Dias, deputado do PCP, enumera as "medidas concretas" que o partido defende para resolver os problemas do país, nomeadamente controlar e fixar os preços dos combustíveis e bens alimentares, acabar com a especulação,, travar subfinanciamento dos serviços públicos, entre outros.
Rita Matias critica "suposta ação de apoio aos jovens"
A deputada Rita Matias, do Chega, começou por criticar o "momento de propaganda sobre a suposta ação de apoio aos jovens", apontando o desemprego jovem e os problemas na habitação.
"Senhor primeiro-ministro, muitos parabéns pelas políticas jovens que tem seguido", diz, em tom de ironia.
Chega critica declarações do PSD: "Os senhores estão coligados com extremistas, fascistas e populistas nos Açores?"
Toma a palavra o deputado Bruno Nunes, do Chega, que diz ser "surreal" o que acabou de ouvir por parte do PSD.
“Os senhores estão coligados com extremistas, fascistas e populistas nos Açores? É que se estiverem o governo pode cair, têm de ter cuidado com essas suposições", diz, provocando risos nas bancadas do Chega e do PS.
Paula Cardoso diz que Governo de Costa é um "governo à sombra da maioria" e "em modo voo"
Em tom de ironia, a deputada Paula Cardoso, do PSD, salienta as "supresas" do Governo não só com a falta de médicos obstetras, como com as urgências encerradas, o caos nos aeroportos, o aumento da inflação e a falta de professores.
"São tantos os nadas camuflados de anúncios deste Governo, que nunca chegam a acontecer, mas não por culpa sua, mas de várias coisas. Sobretudo do PSD. Nunca responsabilidade do Governo do PS", acrescenta.
Sobre a polémica em torno de Pedro Nuno Santos, a deputada garante que “ninguém acredita" que o que se passou se tratou apenas de uma “insignificante falha de comunicação”, tal como apelidado pelo Governo.
Paula Cardoso acusa ainda o executivo de se divertir com "golpes de poder interno, disputas, braços de ferro”, assentes num “jogo entre dois exímios players, numa luta incessante para ver quem perde mais vidas e saber quem dos dois ouve primeiro o sinal de game over“.
Rui Tavares aponta o dedo ao Chega: "Esta é a chaga do populismo"
O deputado único do Livre começa a sua intervenção acusando o Chega de "desvalorizar a palavras, os gestos políticos, os próprios atos parlamentares".
"Uma moção de censura apresentada desta forma serve apenas para descredibilizar as moções de censura e é contra isso que nós votamos", acrescenta.
Pedro Frazão aponta o dedo a Marta Temido: "Isto não é mais do que um sistema nacional de saúde do terceiro mundo"
O deputado Pedro Frazão, do Chega, começa por apontar o dedo à gestão da ministra da Saúde, sobretudo na gestão de recursos na obstetrícia e ginecologia.
"Senhora ministra da Saúde, a produtividade do SNS desceu 30%, apesar de terem entrado milhares de funcionários que vieram das PPP automaticamente absorvidos pelos hospitais públicos", começa por dizer.
Pedro Frazão recorda depois as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, quando o Presidente da República disse que só quando uma mulher incompetente chegar ao topo das forças Armadas é que deverá existir uma verdadeira igualdade de género.
"Pois, aqui no ministério da Saúde já temos uma verdadeira igualdade de género, porque temos uma mulher incompetente à frente do ministério da Saúde", atira.
"Oito meses depois do chumbo do OE, a oposição vem procurar promover mais um momento de instabilidade", diz Jamila Madeira
A deputada socialista Jamila Madeira critica a oposição por promover "mais um momento de instabilidade" política, apenas oito meses depois do chumbo do Orçamento do Estado que obrigou a novas eleições legislativas.
"O cenário atual já é de particular incerteza, com a instabilidade que a oposiçao procura, não antecipamos qualquer coisa de positivo", acrescenta.
"O PAN não alinha com golpes de propaganda", diz Inês de Sousa Real
Toma agora a palavra a deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, que começa por classificar esta moção de censura como uma "moção ineficaz".
A deputada diz ainda que esta iniciativa "é pura maquilhagem para tapar o vazio das propostas do Chega".
Sousa Real critica ainda "o desnorte do Governo", defendendo que um executivo de maioria absoluta "tem oportunidade e responsabilidade de promover as reformas para que o pais saia da estagnação".
"A solução passa por um governo mais dialogante com toda a oposição e que não estenda a mão ao PSD", conclui.
André Ventura usou um dado falso, a CNN Portugal noticiou, António Costa usou
Durante o debate da moção de censura apresentada pelo Chega no Parlamento, esta quarta-feira, André Ventura argumentou que o gasóleo em Portugal era o mais caro do mundo - foi um dos argumentos que utilizou para atacar o Governo. A CNN Portugal noticiou logo a seguir que esse dado era falso - pode ver AQUI. Minutos depois de o artigo da CNN Portugal ter sido publicado, o primeiro-ministro utilizou informação que está contida nesse texto para dizer a André Ventura que é falso o que tinha dito sobre o gasóleo.
António Costa só usou esta informação após o artigo da CNN. O primeiro-ministro ja tinha respondido anteriormente a André Ventura mas sem fazer qualquer referência à questão do gasóleo. Só numa intervenção posterior, já depois de a CNN Portugal ter feito o fact checking, é que António Costa alertou para o facto de o líder do Chega ter usado informação falsa.
O QUE DIZ A REALIDADE
Não é preciso sequer consultar todos os preços do mundo, basta analisar os da Europa para analisar o que André Ventura disse sobre o gasóleo.
Todas as semanas, a Comissão Europeia publica dados dos preços dos combustíveis nos Estados-membros. No último Boletim Semanal do Petróleo, de 27 de junho, o preço de venda ao público de um litro em Portugal foi de 2,066 euros por litro, o que fica acima da média ponderada dos 27 Estados-membros da União Europeia, que foi de 2,036 euros por litro. Contudo, na mesma semana, em 12 Estados-membros o preço de venda do gasóleo foi mais caro do que em Portugal: Suécia, Finlândia, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica, Irlanda, França, Grécia, Letónia, Espanha, Áustria e Estónia.
Foi exatamente esta informação que António Costa replicou no Parlamento.
Preços de venda do gasóleo
| Suécia |
2,497 |
| Finlândia |
2,489 |
| Dinamarca |
2,267 |
| Países Baixos |
2,185 |
| Bélgica |
2,178 |
| Irlanda |
2,149 |
| França |
2,130 |
| Grécia |
2,126 |
| Letónia |
2,108 |
| Espanha |
2,100 |
| Áustria |
2,079 |
| Estónia |
2,067 |
| Portugal |
2,066 |
| Alemanha |
2,048 |
| Média ponderada UE 27 |
2,036 |
| Itália |
2,034 |
| Lituânia |
2,007 |
| Chipre |
1,976 |
| Luxemburgo |
1,964 |
| Chéquia |
1,949 |
| Croácia |
1,930 |
| Eslováquia |
1,916 |
| Roménia |
1,839 |
| Bulgária |
1,787 |
| Eslovénia |
1,725 |
| Polónia |
1,680 |
| Hungria |
1,464 |
| Malta |
1,210 |
Fonte: Comissão Europeia, 27 de junho de 2022
Note-se que o mesmo relatório indica também os preços antes de impostos nos vários Estados-membros. Retirando os impostos, o preço em Portugal do gasóleo foi nessa semana de 1,347 euros por litro. Este valor situou-se acima da média ponderada de 1,303 euros por litro na UE. Mas também neste caso Portugal não tem o preço mais alto sequer na União Europeia: Suécia, Espanha, Países Baixos, Alemanha, Finlândia, Estónia e Dinamarca têm preços mais altos antes de impostos do gasóleo do que Portugal.
Outras indicações sobre preços mundiais podem ser encontradas no site Global Petrol Prices, tratando-se no entanto de uma fonte não oficial. Também aqui se mostram preços em várias partes do mundo com preços superiores aos praticado em Portugal. Em Hong Kong, o preço é aliás mais caro do que em qualquer país europeu, segundo esta fonte.
Conclusão: a afirmação de André Ventura é falsa. Portugal não tem o gasóleo mais caro sequer da Europa, quanto mais do mundo.
O deputado foi corrigido por António Costa, que usou os dados anunciados pela CNN Portugal: "O senhor deputado diz que nós temos os preços mais caros da gasolina na União Europeia. Informo que temos 12 paises onde o preço é superior ao nosso".
O primeiro-ministro usou ainda como referência as propostas apresentadas pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, acusando o Chega de não ter a mesma postura. "O senhor tem alguma proposta? Zero".
"Esta moção de censura é destrutiva e já mostrou servir para coisa nenhuma", diz Susana Amador
Susana Amador, deputada do PS, classifica a moção de censura do PSD como uma "moção destrutiva", que já mostrou "servir para coisa nenhuma", não tendo "nenhum efeito prático".
"Não parece coincidência ocorrer logo a seguir ao congresso do PSD", acrescenta.
"Compreendo que não queiram fazer mais fretes ao Governo. Andam há seis anos a fazer isso", atira Ventura
André Ventura critica as declarações do deputado social-democrata Paulo Rios de Oliveira, que classificou este debate como "um frete" apresentado pelo Chega.
"O PSD não quer fazer perguntas para não fazer o frete de ouvir as respostas. Compreendo que não queiram fazer mais fretes ao Governo, é que andam há seis anos a fazer fretes ao Governo", atira.
"A oposição é tão fraca que só leva a maiorias do PS", acrescenta.
"Só há um partido à direita que é oposição - é o Chega. Vocês são muletas do Governo do PS", acusa.
"António Costa tem uma crise política por mês mas não perde um debate no Parlamento"
O comentador da CNN Portugal Sebastião Bugalho analisa a moção de censura ao Governo
AR debate moção de censura apresentada pelo Chega
