Depois de dois anos de restrições nas viagens como consequência da pandemia, o verão de 2022 é, para muitos, a primeira oportunidade em dois anos para finalmente viajar para fora do país. Mas as expectativas podem sair defraudadas mesmo antes de partir, tendo em conta que várias companhias aéreas estão a anunciar cancelamentos de voos para o próximo mês. As razões apresentadas são várias, desde a falta de pessoal para dar resposta ao aumento da procura de voos à realização de greves para reivindicar melhores condições de trabalho.
A Lufthansa é uma dessas companhias. No passado dia 13 de julho, o grupo alemão anunciou o cancelamento de mais de 2.000 voos durante o verão, afetando partidas e chegadas nos aeroportos de Frankfurt e Munique, precisamente devido à falta de pessoal. "O objetivo é oferecer um horário de voos estável, evitar cancelamentos e, assim, reduzir ao máximo o impacto nos nossos passageiros", refere o grupo, em resposta escrita enviada à CNN Portugal.
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Os cancelamentos "irão afetar sobretudo voos domésticos e na Europa, para os quais existem opções alternativas de transporte - por exemplo, outros voos ou viagens ferroviárias", indica o grupo. Mas estas alternativas "não se aplicam a destinos de férias tradicionais, que são bem reservados durante a temporada de férias", ressalva a empresa, acrescentando que podem também surgir "alterações nos horários dos voos".
Quanto às datas previstas para estes cancelamentos, a Lufthansa diz apenas que "os passageiros serão imediatamente informados no caso de cancelamentos e, quando possível, serão reservados voos alternativos (incluindo voos operados por outras companhias aéreas)."
Também a TAP prevê que os cancelamentos de voos da companhia aérea portuguesa deverão continuar pelo menos "até meados de agosto". O anúncio foi feito pela diretora-executiva da empresa, Christine Ourmières-Widener, que admitiu, em entrevista ao Jornal de Notícias, que "a TAP enfrenta dificuldades por dois motivos principais": "O sistema de navegação no Aeroporto de Lisboa [que está cheio] e problemas com o handling".
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No entanto, Christine Ourmières-Widener disse acreditar que o "pico" nos cancelamentos já terá passado".
"Não precisamos de esperar por agosto, porque o nosso pico começou em julho", disse aos jornalistas, na altura. O que é certo é que os cancelamentos devem continuar no próximo mês, e os passageiros deverão ser devidamente informados dos mesmos.
Também a companhia aérea Brussels Airlines vai cancelar cerca de 700 voos entre julho e agosto para reduzir a carga de trabalho dos seus funcionários e evitar novas greves. Em comunicado, o grupo belga indica que os cancelamentos previstos correspondem a 6% dos voos programados no conjunto destes dois meses, ou seja, 675 voos.
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Ao contrário do que acontece noutros países da Europa - como França (onde estão previstos cancelamentos de voos nos próximos dias 23 e 25 de julho devido a uma greve dos pilotos) e Espanha (com voos cancelados entre 25 a 28 de julho devido a greve da tripulação) - "a Ryanair não tem previstos cancelamentos de voos de e para Portugal em Agosto", revela a companhia aérea 'low cost', em resposta escrita enviada à CNN Portugal.
Na mesma nota, a empresa acrescenta, contudo, que os cancelamentos "estão sujeitos apenas ao risco de falta de pessoal no controlo de tráfego aéreo e nos aeroportos, que estão totalmente fora do controlo da Ryanair e que afetam inevitavelmente todas as companhias aéreas que operam no espaço aéreo europeu".
"A Ryanair está a operar num horário total de 3.000 voos diários este verão, ao contrário de muitas outras companhias aéreas que falharam no planeamento adequado para o regresso das viagens pós-covid", pode ler-se ainda no mesmo texto.
Em Espanha, os passageiros da Easyjet também serão afetados por uma greve dos trabalhadores da companhia aérea 'low cost' nos próximos dias 29 a 31 de julho, nos aeroportos de El Prat, Málaga e Palma de Maiorca, destinos muito procurados nesta época. Em resposta à CNN Portugal, a Easyjet disse que "não tem greves previstas para este verão" em Portugal.
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Também a British Airways anunciou o cancelamento de cerca de 650 voos dos aeroportos de Heathrow e Gatwick nas próximas semanas, afetando mais de 100.000 passageiros. Destinos como Faro, Palma de Maiorca e Málaga, e Atenas estão entre os mais afetados.
As perturbações na circulação estendem-se à ferrovia, pelo menos até ao final de julho. No início do mês, a CP emitiu um comunicado a avisar que, "por motivo de greve, preveem-se perturbações em todos os serviços entre os dias 1 e 31 de julho de 2022, nomeadamente atrasos e supressões de comboios".
À greve dos trabalhadores da CP, juntou-se, nos dias 12 e 14 de julho, a greve dos trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP), provocando constrangimentos na circulação. Só no dia 14, entre as 00:00 e as 18:00, foram efetuados apenas 275 dos 982 comboios programados, dos quais 14 de longo curso, 63 regionais, 138 urbanos de Lisboa e 60 urbanos do Porto.
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