Presidente executiva da TAP diz que "cancelamentos vão continuar" e prevê gastar mais 300 milhões em combustível

12 jul 2022, 07:57
Christine Ourmières-Widener, presidente executiva da TAP  (Miguel A. Lopes/ Lusa)

REVISTA DE IMPRENSA. CEO da companhia diz, no entanto, que situação vai melhorar, até porque a companhia "tem trabalhado para resolver o problema"

Christine Ourmières-Widener, presidente executiva da TAP, assumiu em entrevista ao Jornal de Notícias que os cancelamentos que têm acontecido nas últimas semanas deverão continuar "até meados de agosto".

Em declarações ao jornal, Ourmières-Widener diz, no entanto, que a situação vai melhorar, até porque a companhia "tem trabalhado para resolver o problema" que está relacionado com o aumento da procura de voos.

"É um problema muito difícil para todas as companhias aéreas da Europa. Não só em Portugal. (...) A TAP enfrenta dificuldades por dois motivos principais: o sistema de navegação no Aeroporto de Lisboa [que está cheio] e problemas com o "handling". Não temos os mesmo constrangimentos no Porto porque o aeroporto é muito diferente. Temos trabalhado todos para resolver o problema", afirma a executiva, acrescentando que a companhia está a recrutar mais tripulantes de cabina e a NAV a tentar um novo acordo com o Ministério da Defesa.

Sobre o aumento de rotas para o aeroporto do Porto, onde os constrangimentos têm sido menores, Christine Ourmères-Widener diz que tal não é possível por causa das restrições do plano de reestruturação aprovado por Bruxelas.

"É muito difícil para a TAP satisfazer todos quando temos um plano de reestruturação em curso", lembra.

Plano esse que acaba por ter também impacto nas contas dos combustíveis. Isto porque Christine Ourmières-Widener prevê gastar mais 300 milhões em combustível por causa do aumento do preço do petróleo, o que vai fazer com que a companhia tenha de compensar esse gasto com "reduções de custos e aumento das sobretaxas, mantendo a mesma estrutura da tarifa".

Em junho, a CEO da TAP já tinha afirmado que o custo mais elevado do combustível e a valorização do dólar americano são obstáculos que tornam mais difícil a realização do plano de reestruturação.

No âmbito do plano de reestruturação de que a TAP está a ser alvo, a Comissão Europeia impôs, entre outras medidas, que a companhia aérea não pode pedir apoio financeiro adicional ao Governo durante os próximos 10 anos, que a transportadora fique limitada a uma frota de 99 aviões, que liberte 18 faixas horárias (‘slots’) no aeroporto de Lisboa e que aliene ou feche ativos não essenciais.

A TAP teve um prejuízo de quase 1.600 milhões de euros no ano passado, apesar do aumento do número de passageiros transportados e das receitas relativamente ao ano anterior, segundo comunicou a empresa, esta segunda-feira.

Na informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a transportadora aérea nacional explica que registou custos não recorrentes de 1.024,9 milhões – por exemplo, com o encerramento das operações de manutenção no Brasil – que tiveram impacto nos resultados.

No primeiro trimestre deste ano, os prejuízos da TAP S.A. reduziram-se no primeiro trimestre para 121,6 milhões de euros, face ao valor negativo de 365,1 milhões de euros obtido em igual período do ano passado.

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