As grávidas que vivem em zonas urbanas com grande poluição ambiental estão ainda mais suscetíveis ao desenvolvimento de infeções respiratórias virais, sobretudo causadas pelo vírus Influenza.
A conclusão é de um recente estudo da Escola de Saúde Pública da Texas A&M University, nos Estados Unidos, que alerta para o facto de as grávidas, pela condição que se encontram, serem já mais vulneráveis a infeções respiratórias, que podem ser mais intensas e recorrentes quando estão expostas a partículas ultrafinas - que apresentam ainda outros impactos na saúde, como o declínio cognitivo, como mostrou um recente estudo.
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“A suscetibilidade materna à infecção viral é explicada por várias características fisiológicas, incluindo aumento do débito cardíaco e diminuição do volume corrente, bem como alterações imunitárias, como modulação seletiva de subconjuntos de células imunes para proteger o feto em desenvolvimento. As mulheres grávidas são afetadas de forma desproporcional pela gripe, com um aumento de mais de dez vezes no risco de hospitalização, mesmo durante períodos interpandémicos”, lê-se no estudo, que revela que a poluição ambiental pode agravar ainda mais este efeito.
Publicado na revista Particle and Fiber Toxicology, o estudo explica que a exposição materna a partículas ultrafinas - “uma classe de material particulado omnipresente em ambientes urbanos”, esclarecem os autores - provoca respostas imunitárias pulmonares únicas, respostas essas que o próprio estudo classifica como “aberrantes à gravidade” das infeções respiratórias virais.
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“Devido à sua alta abundância em ambientes urbanos e capacidade de penetrar mais profundamente nos corpos humanos e causar stress oxidativo sistémico, as partículas ultrafinas provavelmente exercem profundos efeitos adversos à saúde em mulheres grávidas”, lê-se na investigação.
O estudo, realizado em ratos de laboratório, focou-se no impacto da exposição à poluição ambiental no desenvolvimento de infeções causadas pelo vírus Influenza (que provoca a gripe), mas defende que há também o risco de as grávidas desenvolverem infeções respiratórias causadas pelo SARS-CoV-2 e o vírus sincicial respiratório.
Para os autores do estudo, uma das formas de travar este impacto mais negativo na saúde das grávidas é através da vacinação, facultando o seu acesso sobretudo em zonas com maiores níveis de poluição ambiental.
“Medidas preventivas que limitam a exposição a partículas ultrafinas e que promovem a vacinação são necessárias para proteger a saúde materna”, concluem os autores.
Apenas 0,18% da superfície terrestre e 0,001% da população mundial vive em níveis de poluição considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de acordo com o primeiro estudo global sobre a poluição do ar.
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