Uma meta-análise, um alerta: poluição do ar pode aumentar o risco de demência

CNN Portugal , DCT
15 abr 2023, 19:00
Demência (Unsplash)

Mais de 57 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com demência e estima-se que 40% dos casos sejam causados por fatores de risco potencialmente modificáveis, como a poluição do ar

Uma nova meta-análise da Harvard TH Chan School of Public Health vem reforçar um aviso que a ciência tem vindo a fazer nos últimos anos: a poluição do ar pode aumentar o risco de demência em 17%.

De acordo com o estudo, que é a primeira revisão sistemática e meta-análise a usar a nova ferramenta de risco de viés em estudos não aleatorizados de exposição (ROBINS-E, na sigla inglesa), há “provas consistentes”, como se lê no site da universidade, “de uma associação entre PM2,5 [partículas finas de poluentes atmosféricos] e demência, mesmo quando a exposição anual era menor do que o padrão anual atual da EPA [sigla inglesa para Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos] de 12 microgramas por metro cúbico de ar (μg/m3)”.

Olhando para riscos concretos, os números não deixam dúvida: por cada aumento de 2 μg/m3 na exposição média anual a PM2,5, o risco de desenvolver demência aumenta 17%. E mais: foram ainda encontradas provas que sugerem associações entre demência e óxido de nitrogénio, um “aumento de 5% no risco para cada aumento de 10 μg/m3 na exposição anual”, e dióxido de nitrogénio, com um “aumento de 2% no risco para cada aumento de 10 μg/m3 na exposição anual”.

Para chegar a esta conclusão, os cientistas de Harvard digitalizaram mais de dois mil estudos e identificaram 51, publicados na última década, em que há uma associação entre a poluição do ar e a demência clínica, sendo que foram apenas incluídos 16 na meta-análise. O estudo foi publicado na revista cientifica The BMJ.

Embora a ligação entre a poluição do ar e a demência seja já evidente e cientificamente documentada, os cientistas de Harvard dizem que a educação e o tabagismo continuam a ser os fatores com maior impacto nesta doença do foro cognitivo, mas não descartam que o aumento a curto, médio e longo prazo dos níveis de poluição do ar não possam agravar esta relação.

Segundo Harvard, mais de 57 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com demência e estima-se que 40% dos casos sejam causados por fatores de risco potencialmente modificáveis, como a poluição do ar.

Um estudo Global Burden of Disease, que realizou estimativas para 204 países, indica que o número de adultos com demência pode triplicar até 2050.

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