As previsões dos epidemiologistas eram para que, esta semana, Portugal atingisse um pico de infeções de covid-19 que, no pior dos cenários, poderiam chegar às 130 mil por dia. Mas os especialistas estão otimistas: "Perante os dados que existem, os valores estão um pouco abaixo das estimativas", o que confirma, mais uma vez, que as medidas de contenção resultam, explica à CNN Portugal o matemático Óscar Felgueiras.
A mesma leitura é feita pelo matemático Carlos Antunes: será preciso esperar até quarta-feira para poder afirmá-lo com total segurança mas, para já, com os números que existem, "dificilmente atingiremos os 130 mil casos por dia" esta semana.
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Com um máximo de casos esperado para a primeira semana ou para a segunda semana de janeiro, as projecções apresentadas na reunião do Infarmed na quarta-feira passada por Baltazar Nunes, o epidemiologista que lidera a equipa do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa), apontavam para três cenários: no melhor dos cenários o número de novas infeções diárias chega esta semana aos 42 mil/dia (com cerca de 1300 pessoas hospitalizadas e 180 em UCI), no cenário intermédio são cerca de 80 mil casos diários e no cenário mais pessimista 130 mil casos/dia (com 3700 internamentos, 450 em UCI).
A simulação dos cenários varia, tendo em conta diversos fatores, como por exemplo os dados sobre a eficácia da vacina e os efeitos das medidas impostas no Natal e Ano Novo bem, bem como da semana de contenção (cujo fim estava previsto para este domingo mas que se vai prolongar até ao próximo).
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Assim, e caso o pico de infeções se concretize mesmo esta semana, as consequências piores podem vir no fim do mês: pode esperar-se um período "de maior pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde em camas ocupadas em unidades de cuidados intensivos" entre o final de janeiro e princípio de fevereiro". Mas, mesmo que se concretiza o cenário mais pessimista de 130 mil casos, vão ser números "muito aquém" dos máximos observados em hospitalizações no final de janeiro e no início de fevereiro de 2021.
Transmissibilidade diminuiu devido às medidas de contençãoO que observámos no final da primeira semana de janeiro é que "há de facto um abrandamento no aumento de casos", confirma o matemático Óscar Felgueiras.
"O abrandamento é bem visível na estimativa de Rt" (nível de transmissibilidade), que está neste momento em 1,32 e a descer. "A transmissibilidade está a cair, o que é o resultado da redução de contactos, consequência das medidas impostas ainda no período do natal e do ano novo", explica este especialista. Quando o Rt estiver a menos de 1 saberemos que teremos passado o pico.
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A média de casos a sete dias está neste momento entre os 30 e 32 mil. Mesmo havendo uma subida esta semana, "em termos médios, acredito que chegaremos aos 35 a 40 mil casos", afirma Carlos Antunes à CNN Portugal.
De qualquer forma, lembra, "nós só sabemos que tivemos um pico depois de passar por ele": "Vamos ter que ver os números de segunda, terça e quarta e compará-los com os números homólogos da semana passada: se forem inferiores, significa que já passámos o pico, se forem iguais é porque estamos no pico, se forem superiores é porque ainda vamos atingir o pico".
Com os dados que temos, Óscar Felgueiras não tem dúvidas de que neste momento "estamos mais próximos do cenário mais otimista apresentado por Baltazar Nunes".
Ómicron, eficácia da vacina e contactos são as variáveis em jogoAs previsões implicam sempre um certo grau de incerteza, afirma Carlos Antunes. Além da elevada transmissibilidade da Ómicron, é preciso também ter em conta a resistência desta variante à vacina e à imunização natural.
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"Temos cada vez mais pessoas com a dose de reforço, mas sabemos que isso não impede a infeção nem a reinfeção", afirma.
Por outro lado, há também um grau de incerteza em relação às medidas de contenção: "Sabemos que resultam mas não sabemos ainda a dimensão do seu impacto, para isso teremos de esperar um pouco", diz Carlos Antunes.
Esta semana estaremos a sentir os efeitos das medidas de contenção no Ano Novo e na primeira semana de janeiro mas, ao mesmo tempo, a mobilidade já está a aumentar e as escolas reabriram esta segunda-feira: "Teremos que ver o impacto da reabertura das escolas, uma vez que há muitos alunos que ainda não foram vacinados ou que só têm a primeira dose", sublinha.
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No entanto, com os dados que existem, os especialistas estão otimistas. Apesar de o número de infeções ser elevado, o número de pessoas doentes e com doença grave - e consequentemente de hospitalizações - deverá ficar longe das piores estimativas.
"A grande preocupação neste momento é a falta de capacidade da saúde pública e dos cuidados de saúde primários. A Saúde 24 não está a conseguir atender todos as pessoas, não há capacidade de rastrear nem de decretar isolamentos em 24 horas, nem sequer de fazer os testes PCR", alerta Carlos Antunes. É para aqui que se deve voltar a nossa atenção, neste momento: mesmo que não sejam necessárias hospitalizações, as pessoas infetadas devem ser acompanhadas pelos médicos de família e unidades de saúde familiar.
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