Já fez LIKE no CNN Portugal?

Tudo o que Marcelo pensa sobre Galamba e não escondeu ao país

O Presidente da República arrasou o ministro das Infraestruturas pela forma como atuou na polémica que envolveu o seu ex-adjunto e a comissão parlamentar de inquérito à TAP

João Galamba foi a razão da "divergência de fundo" entre o Presidente da República e o primeiro-ministro, depois de sete anos de uma relação que muitos qualificaram como "exemplar". Foi o próprio Marcelo Rebelo de Sousa quem o assumiu na sua declaração ao país nesta quinta-feira, dois dias depois de ter manifestado a sua discordância em relação à decisão de António Costa em manter o ministro no Governo.

"Como pode um ministro não ser responsável por um colaborador que escolhera manter na sua equipa mais próxima, no seu gabinete, a acompanhar, ainda que para efeitos de informação, um dossier tão sensível como o da TAP, e merecer tanta confiança que podia assistir a reuniões privadas, preparando outras reuniões - essas públicas - na Assembleia da República?", questionou Marcelo Rebelo de Sousa, perante os jornalistas, no Palácio de Belém.

PUB

"Como pode esse ministro não ser responsável por situações rocambolescas, muito bizarras, inadmissíveis ou deploráveis - as palavras não são minhas - suscitadas por esse colaborador,  levando a apelar aos serviços mais sensíveis de proteção de segurança nacional, que, aliás, por definição, estão ao serviço do Estado e não do ministro?", indagou.

Marcelo interrogou-se ainda "como pode esse ministro não ser responsável por argumentar em público sobre aquilo que afirmara o seu subordinado, revelando pormenores do seu funcionamento interno e incluindo referências a outros membros do Governo?".

Com vários cenários em cima da mesa, Marcelo Rebelo de Sousa optou pela "estabilidade" (Fotografia: LUSA)

No entender do Presidente, estas questões não se resolvem com um pedido de desculpas nem com um "virar de página", mas sim a "pagar por aquilo que se faz ou deixa de fazer". Foi por essa razão que considerou que João Galamba "deveria ter sido exonerado", ainda que nunca tenha pronunciado o nome do ministro na sua declaração.

PUB

E foi nesse ponto que "ocorreu uma divergência de fundo" entre Marcelo e Costa. "Não sobre a pessoa, as suas qualidades pessoais ou até o seu desempenho, mas sobre uma realidade, a meu ver, muitíssimo mais importante: a responsabilidade, a confiabilidade, a credibilidade, a autoridade do ministro, do Governo e do Estado", justificou.

E "onde não há responsabilidade, na política como na administração, não há autoridade, respeito, confiança, credibilidade", apontou Marcelo, argumentando que "um governante sabe que, aceitar sê-lo, aceita ser responsável por aquilo que faz e não faz, e também por aquilo que fazem ou não fazem aqueles que escolhe, e nos quais é suposto mandar".

Na terça-feira, João Galamba apresentou o pedido de demissão do Governo, que António Costa recusou de imediato, argumentando que “não lhe é imputável qualquer falha” no “lamentável incidente" que ocorreu no Ministério das Infraestruturas, após a exoneração do seu adjunto.

Depois de o primeiro-ministro anunciar a sua decisão, a Presidência da República emitiu um comunicado a dar conta de que Marcelo "discorda" da posição de António Costa.

PUB