Já fez LIKE no CNN Portugal?

"Torna-se arriscado parir em Portugal". Sindicato dos Médicos lança duras críticas à gestão do Serviço Nacional de Saúde

Em comunicado, lamentam que as denúncias que têm sido feitas se tenham tornado, de facto, uma realidade catastrófica

Braga, Santarém, Caldas da Rainha, Setúbal, Barreiro, Almada, S. Francisco Xavier, Amadora-Sintra e Beatriz Ângelo. São estes os hospitais onde desde sexta-feira se verificam constrangimentos nos serviços de urgências de Obstetrícia e Ginecologia. Todos eles por falta de profissionais. 

O problema é de tal dimensão que na sexta-feira foi conhecido o caso de uma grávida que perdeu o bebé alegadamente por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha. A urgência estava encerrada. 

PUB

Num comunicado divulgado este sábado, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) disse que tem vindo a denunciar este problema há muito tempo e, por isso mesmo, está a tornar-se, como diz o título da nota, "arriscado parir em Portugal". 

"Muitos dos serviços estão a funcionar abaixo dos mínimos desejáveis e em situação de risco acrescido profissional e de erro médico, dada a ultrapassagem dos limites individuais diários, semanais e mensais do trabalho suplementar prestado. Os casos de burn out profissional acumulam-se e a possibilidade de manifestação súbita de doença é cada vez mais uma possibilidade e realidade".

Lamentam que as denúncias que têm sido feitas se tenham tornado, de facto, uma realidade que levou a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) a reconhecer que "apesar dos esforços desenvolvidos não foi possível ultrapassar os constrangimentos". 

PUB

Mas o mais grave deste cenário, explica o SIM, é que no Serviço Nacional de Saúde (SNS) "ainda nem sequer teve início o período de férias, em que este tipo de situação se agrava e se repete, ano após ano". E alertam: "Face às difíceis condições de trabalho, até os médicos prestadores de serviço/tarefeiros (que são pagos por quantias 5 ou 6 vezes superiores às dos seus colegas que dia após dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano, asseguram o atendimento de urgência - e não só - os 365 dias do ano) começam a recusar chorudas ofertas". 

Perante isto, deixam "duas palavras finais". Perante a tragédia que aconteceu no Hospital das Caldas da Rainha, "será que o anunciado inquérito da IGAS se atreverá a apontar o dedo à tutela pela falta de resposta à carência de médicos especialistas de Obstetrícia /Ginecologia para integrar as equipas de urgência?".

E a segunda, as reuniões pedidas à tutela que continuam por agendar: "A Srª Ministra Marta Temido sabe que nada se resolverá se não conseguir captar e fixar médicos no SNS através do justo reconhecimento salarial da especificidade, risco e penosidade do seu trabalho. E tal é, como se vê, inultrapassável. Reconhecida a necessidade de ser aberto e desenvolvido um procedimento negocial rápido e consequente com os sindicatos médicos, quase um mês depois do primeiro encontro estes continuam a aguardar por propostas concretas do Ministério da Saúde, e por uma agenda e calendário negociais". 

PUB