O secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, garantiu este sábado que a suspensão da série E dos certificados de aforro visa apenas uma "correta gestão da dívida pública", demarcando-se das críticas de que o Governo está a "ceder à banca" com estas mexidas.
"É naturalmente para fazer uma correta gestão da dívida pública, portanto há zero de cedência à banca. Nós temos de gerir as necessidades de financiamento da dívida pública, que são limitadas ao longo do ano", começa por esclarecer o secretário de Estado, em declarações aos jornalistas, no Ministério das Finanças.
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João Nuno Mendes salienta que a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) "já tem feito um enorme esforço para acomodar a extraordinária procura de subscrição de certificados" registada nos últimos meses. "Nós planeávamos neste ano inteiro fazer cerca de 3,5 mil milhões e temos feito 10 mil milhões em cinco meses, o que é absolutamente extraordinário", assinala.
Além disso, acrescenta, "também havia a necessidade de adequar a taxa de remuneração dos certificados ao nível da remuneração dos restantes financiamentos da república".
Nesse sentido, o secretário de Estado argumenta que a suspensão dos certificados de aforro não é mais do que "um quadro de gestão planeada da dívida pública" e de uma "adaptação da remuneração". "Se compararmos com outras ofertas no mercado, vamos chegar à conclusão que é um produto bom, um produto atrativo e competitivo", observa.
"Queremos que as pessoas continuem a poupar e a socorrer-se dos produtos que o Estado oferece", assegura o secretário de Estado.
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Questionado pelos jornalistas sobre se esta medida surge na sequência de pressões por parte da banca, João Nuno Mendes é peremptório: "Não houve nenhuma pressão, existe zero de cedência."
O secretário de Estado argumenta que prova disso mesmo é a forma como o Governo tem "lidado com a gestão do crédito à habitação" desde novembro passado. "Isso mostra que somos exigentes para com a banca, que estimulamos a concorrência, naturalmente criamos obrigações à própria banca para apresentar novas soluções aos seus clientes e temos tido resultados: sensivelmente seis mil milhões de alterações ao nível do crédito à habitação e de amortizações, fim de comissões, fim de comissão de reembolso antecipado, portanto, o Estado tem sido muito exigente", assinala.
Marcelo pediu "esforçozinho" aos bancos nos depósitos, Governo aplaude "apelo relevante"O Presidente da República apelou esta manhã aos bancos para que façam um “esforçozinho” no sentido de aumentarem as taxas de juro dos depósitos. Na perspetiva de Marcelo Rebelo de Sousa, a corrida aos certificados de aforro deve ser vista como um sinal de que “os portugueses acham que a banca está a pagar pouco”,
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Interrogado sobre este apelo do Presidente, João Nuno Mendes considerou importante haver um incentivo à subida das taxas de juro dos depósitos, qualificando a intervenção de Marcelo como "relevante" nesse sentido. "É um apelo relevante, dada a influência” que “tem na sociedade portuguesa”, considerou o secretário de Estado, recordando que o Governo e o ministro das Finanças também já se pronunciaram nesse sentido.
A IGCP decidiu suspender esta sexta-feira a subscrição de Certificados de Aforro da série E, numa altura em que se verifica uma crescente procura por estes títulos por parte dos pequenos investidores.
Mais tarde, o Ministério das Finanças anunciou a criação de uma nova série de certificados de aforro, a "Série F", que terá a taxa base no seu lançamento de 2,5%, um ponto percentual abaixo do que a "Série E" estava a render. A nova série estará disponível na segunda-feira.
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