Paulo Raimundo considera "irrepetível" a geringonça de 2015 mas não fecha a porta a novo acordo com o PS (também não a abre muito)

31 jan, 23:32

UM CAFÉ COM...

Naquelas que são as suas primeiras eleições legislativas enquanto secretário-geral do PCP, cargo que ocupa desde 5 de novembro de 2022, Paulo Raimundo defende que o Partido Socialista apenas é um “partido confiável” quando não tem maioria absoluta na Assembleia da República.

“O PS é um partido confiável a partir do momento em que não tenha na sua mão a força toda para impor o seu projeto porque, se tiver a força toda, estes últimos dois anos revelam ao que vem”, diz, dando como exemplo uma das bandeiras da campanha de Pedro Nuno Santos, o fim das portagens em algumas autoestradas. “Por que razão agora e não nos últimos anos em que houve maioria absoluta?”

Sobre a quebra da aliança com o PS em 2021, Paulo Raimundo coloca as culpas no partido liderado então por António Costa. “Há duas formas de olhar para esses acontecimentos em 2021 - ou o PCP fez cair o governo ou o PS forçou a que o PCP fosse obrigado a não acompanhá-lo no orçamento, dizendo-se “inclinado” para a segunda.

Quando questionado sobre se o PCP, voltando atrás no tempo, deixaria cair a ‘geringonça’ mesmo sabendo que isso iria custar a perda de deputados na Assembleia da República, Paulo Raimundo dá a entender que sim. “Não peçam ao PCP para pôr uma assinatura num documento que já sabíamos à partida que não ia responder aos problemas”, diz, sem responder diretamente à questão.

Questionado sobre se admite ou não novo entendimento com o PS em 2024, não responde nem "sim" nem "não" - diz que não pode responder dessa maneira porque há condições que vão além de um "sim" ou de um "não", condições mais complexas que a simplicidade de uma resposta com uma palavra só. Mas não fecha a porta a nada.

E sobre o facto de o PS ter conseguido uma maioria absoluta após o fim da ‘geringonça’, o secretário-geral comunista diz que “o PS conseguiu impor uma narrativa” colada àquelas que diz terem sido propostas comunistas, reconhecendo que “se calhar é um bocadinho demasiado dizê-lo desta forma”. E deu um exemplo concreto para se fazer entender: “Nos últimos discursos de António Costa enquanto dirigente do Partido Socialista, há uma intervenção curiosa em que medidas que identifica como positiva foram aquelas que o PCP propôs - o passe, os manuais escolares...”.

A chegada de Pedro Nuno Santos à liderança do Partido Socialista não muda em nada a forma como Paulo Raimundo olha para o partido do Largo do Rato. “O PS é o PS”, diz. “No fim do dia, o PS é o PS”, volta a dizer, desvalorizando o facto de Pedro Nuno Santos ser visto dentro e fora do partido como mais chegado à ala esquerda socialista.

Em conversa com Anselmo Crespo, Paulo Raimundo refere ainda que “para nós é muito claro” que um voto no PS não é o mesmo que um voto na Aliança Democrática (AD) e destaca que “esse partido” - referindo-se ao Chega - “tem tanto tempo de antena, tanto tempo de antena, que farei o máximo possível para não lhe dar mais tempo de antena”.

Sem mencionar o nome do partido de André Ventura, Paulo Raimundo considera que “as pessoas insatisfeitas, indignadas, têm três opções” nestas eleições legislativas: “ou não vão votar” ou “transferem os votos para partidos mais verbais, menos verbais” ou “transferem o voto para aquele partido de protesto que também é de soluções e que é o PCP”.

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