O presidente do Governo Regional dos Açores acredita que Luís Montenegro vai formar Governo e resolver a discussão sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa
O “arrastar” da decisão sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa “penaliza muito os Açores”. É esse o entendimento do presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, que explica que a imprevisibilidade nas chegadas e partidas decorrente dos atrasos prejudica “o destino final”
“Um turista não sabe as horas ou o dia a que chega ao seu destino, porque chega ao aeroporto de Lisboa para ficar encalhado. Isso penaliza o destino final e condiciona muito o grau de previsibilidade, de estabilidade e até da reputação portuguesa relativamente à previsibilidade de chegar e cumprir horários”, garantiu Bolieiro, durante a CNN Summit dedicada ao turismo, que decorreu esta quarta-feira na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL).
O presidente do Governo Regional dos Açores, que toma posse a 4 de março, admitiu que este é um tema que prejudica o turismo da região: “Os Açores são altamente penalizados, não é apenas o país continental mas também o país insular, que é profundamente penalizado com esta ineficiência do aeroporto de Lisboa”.
O entrave impacta negativamente o turismo na região, que já de si precisa de florescer. “Temos falta de turismo. Nós precisamos de ainda mais turismo, mas não é qualquer tipo de turismo - é um turismo que tenha literacia sobre a sustentabilidade”, disse, apontando o crescimento do setor na ordem dos 20% em comparação com 2019.
A somar a isso, o turismo pode contribuir para o combate à pobreza na região. “Para mim o combate à pobreza faz-se através do trabalho e da qualificação profissional, não se faz através da subsidiação. O turismo permite a criação de mais emprego, melhor remuneração, melhor literacia”, explicou.
É desta forma urgente resolver a discussão sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa. “Quanto mais depressa melhor”, alertou José Manuel Bolieiro, concordando com Carlos Moedas, que antecipou que vai estar “à perna” do novo Governo, caso a decisão não seja tomada rapidamente, quando for eleito e tomar posse.
Houve ainda espaço para mostrar fé no líder do PSD nacional, que crê que vai ser o próximo primeiro-ministro, e tecer críticas ao Executivo de António Costa quanto ao tema. “Luís Montenegro não arrastará, conheço-o e sei da capacidade de decisão que tem. É por não ter sido Governo que a localização do aeroporto ainda não está resolvida. Quem esteve não resolveu, quem vai chegar vai resolver”, antecipou.
No que à SATA, o presidente do Governo Regional dos Açores reforçou o papel “essencial” na “identidade” da região e garante que “tudo” foi feito para a “salvar”. “A minha aposta foi salvar a SATA, porque ela é essencial. Não queremos fazer juízos políticos das anteriores governações que criaram uma política pública de intervenção na gestão na SATA penalizadora da sua sustentabilidade e rentabilidade, provocando grandes prejuízos”, disse.
O processo de privatização da companhia aérea, que conta com dois interessados, vai agora ser retomado, após a interrupção com o período eleitoral. Bolieiro recusou, contudo, comentar os dois concorrentes, remetendo a avaliação para o júri responsável.