Em atualização

"Foi uma destituição por conveniência". Alexandra Reis confirma "indicações claras" para bloquear negócios com marido da CEO e falta de orientações para devolver indemnização polémica. Siga aqui

2023-04-05

É a primeira vez que Alexandra Reis vai explicar publicamente, e de viva voz, a indemnização de 500 mil euros para sair da TAP.

Foi este pagamento à antiga administradora que ditou, em dezembro passado, uma crise política, ditando a demissão da própria, dos então ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos e do secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Santos Mendes.

Isto porque, depois de sair da TAP, Alexandra Reis passou pela NAV e acabou nomeada secretária de Estado do Tesouro, por Fernando Medina – o homem que ditou o despedimento da presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener.

Um parecer da Inspeção-Geral de Finanças acabaria por ditar que o acordo para a saída de Alexandra Reis era nulo, obrigando assim à devolução de praticamente todo o valor que lhe foi pago.

Na comissão parlamentar de inquérito à TAP, Christine Ourmières-Widener insistiu que a saída de Alexandra Reis não foi uma questão “pessoal”, evidenciando o seu “desalinhamento” em relação à estratégia que estava definida para a empresa.

Christine Ourmières-Widener traçou também que todo o processo de reestruturação da administração da TAP era do conhecimento do Governo, do presidente do conselho de administração Manuel Beja e do administrador financeiro Manuel Beja.

2023-04-05
23:21

Conclusão dos trabalhos

Terminaram os traabalhos de audição de Alexandra Reis na comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP. Foram praticamente seis horas de inquirição.

2023-04-05
22:47

Alexandra Reis não quer ser readmitida na TAP

Sobre a eventual readmissão na TAP, Alexandra Reis diz que não está a ponderar fazer esse pedido, porque muito que discorde dos termos da saída e da avaliação que foi feita.

2023-04-05
22:01

“Também poderia dizer que a CEO poderia não ter o perfil. Mas não o vou dizer, de forma alguma”

“Também poderia dizer que a CEO poderia não ter o perfil. Mas não o vou dizer, de forma alguma”. É desta forma que Alexandra Reis reage às declarações de Christine Ourmières-Widener, que indicava que a ex-administradora não tinha o “perfil necessário” para levar a cabo as mudanças previstas na nova fase da empresa.

2023-04-05
21:52

Advogado da NAV também tratou da saída de Alexandra Reis pelo lado da TAP (mas não a avisou sobre devolução da indemnização)

Alexandra Reis concretiza que, na NAV, quando precisou de apoio jurídico sobre o estatuto de gestor público, se cruzou com “o mesmo” advogado que tinha tratado do seu processo de saída pelo lado da TAP. “Nada me foi dito, alertado, sugerido ou mencionado sobre alguma necessidade de devolver ou reduzir o valor de indemnização”.

Mortágua também quer saber se Alexandra Reis se levou alguém da TAP para a NAV.

Alexandra Reis diz que identificou a necessidade de “quatro funções adicionais”. “Duas delas foram preenchidas”. A solução para o lugar de diretor jurídico foi interna, deixando um lugar aberto para função de compras. No processo de recrutamento, foram entrevistados vários candidatos, “um dos quais era colaborador da TAP”. Essa pessoa foi selecionada pelas suas competências, garante. “Destacou-se de forma clara de outros candidatos”.

Foi definida uma nova função, para uma gestão transversal de projetos na NAV, juntou. Foi selecionada uma empresa de recrutamento. Para essa função foi identificada uma pessoa da TAP, “nas mesmas condições que qualquer outro colaborador”.

2023-04-05
21:50

“Confirmo que não falei sobre o meu processo de saída da TAP nem sobre a indemnização” com Fernando Medina

Mariana Mortágua questiona Alexandra Reis se ela não considerava relevante informar Fernando Medina sobre a forma como tinha saído da TAP. “Fui administradora da TAP e da NAV. Não falámos especificamente nem de uma nem de outra”. “Confirmo que não falei sobre o meu processo de saída da TAP nem sobre a indemnização”.

A bloquista questiona ainda porque motivo Alexandra Reis estaria disponível para rescindir “sem contrapartida” se fosse o Governo a pedir-lhe, mas exigiu indemnização por ser a CEO, com o acordo do Governo, a fazê-lo. “Fui informada que a CEO pretendia reorganizar os pelouros da comissão executiva e que não contava comigo na empresa, nem sequer como trabalhadora. Tratava-se de uma questão distinta”. Ou seja, havia disponibilidade para deixar a gestão mas não para deixar de ser trabalhadora da TAP.

Alexandra Reis concretiza que, na NAV, quando precisou de apoio jurídico sobre o estatuto de gestor público, se cruzou com “o mesmo” advogado que tinha tratado do seu processo de saída pelo lado da TAP. “Nada me foi dito, alertado, sugerido ou mencionado sobre alguma necessidade de devolver ou reduzir o valor de indemnização”.

Mortágua também quer saber se Alexandra Reis se levou alguém da TAP para a NAV.

Alexandra Reis diz que identificou a necessidade de “quatro funções adicionais”. “Duas delas foram preenchidas”. A solução para o lugar de diretor jurídico foi interna, deixando um lugar aberto para função de compras. No processo de recrutamento, foram entrevistados vários candidatos, “um dos quais era colaborador da TAP”. Essa pessoa foi selecionada pelas suas competências, garante. “Destacou-se de forma clara de outros candidatos”.

Foi definida uma nova função, para uma gestão transversal de projetos na NAV, juntou. Foi selecionada uma empresa de recrutamento. Para essa função foi identificada uma pessoa da TAP, “nas mesmas condições que qualquer outro colaborador”.

2023-04-05
21:26

Indemnização foi declarada ao Tribunal Constitucional

Alexandra Reis confirma que declarou ao Tribunal Constitucional a indemnização recebida da TAP. E concretiza que, mal foi notado que esse pagamento não estava devidamente discriminado, foi rapidamente corrigida a declaração.

2023-04-05
20:34

Motorista que esteve para ser despedido na TAP por não ser vacinado é familiar de presidente de sindicato

Chega questiona se Alexandra Reis reconhecia alguma relação familiar entre o motorista que não se queria vacinar e que esteve em risco de ser despedido e um presidente de um sindicato da TAP.

“Eu sei dessa relação. Mas soube dessa relação depois de já não estar na empresa”, reage.

Alexandra Reis diz não ter informação de que a saída seria “represália”.

2023-04-05
20:33

De novo, a história do motorista que não se queria vacinar

Filipe Melo: “O motorista que não estava vacinado contra a covid-19 foi despedido?”

Alexandra Reis: “Não”

Filipe Melo: “Porquê?”

Alexandra Reis: “Porque se vacinou”

A resposta leva a risos na sala. Alexandra Reis não contém o sorriso. E deita a mão à cabeça

Filipe Melo: “Quem lhe disse para se vacinar, senão seria despedido?”

Alexandra Reis: “Houve uma conversa. Eu pedi a membros da equipa para ter uma conversa com a pessoa em questão, para saber porque não se queria vacinar. Se tinha alguma visão mais fundamentalista ou seria algo simples. Era algo simples. Resolveu-se”

Filipe Melo: “Entende que seria apenas a questão da vacinação a ditar o despedimento?”

Alexandra Reis: “A pessoa em causa nunca seria despedida por não se ter vacinado. A vacinação não era obrigatória. E a TAP nunca iria despedir ninguém por não se ter vacinado”

Filipe Melo: “Não terá sido porque este motorista comentou estar ao serviço da CEO para transporte do marido e irmãos para restaurantes e visitas guiadas em Lisboa e afins?”

Alexandra Reis: “O que me foi pedido foi para se avaliar a possibilidade deste motorista sair da empresa. Foi alertado que não seria possível promover a saída desse motorista. Em paralelo, iniciar diligências para sanar a situação. E quando foi considerada a possibilidade de mudar funções, não foi necessário, porque o argumento da vacinação já estava exaurido”.

2023-04-05
20:14

Alexandra Reis confessa que se sentia “realizada” na TAP

Alexandra Reis admite que se gostava “muito” do que fazia na TAP e que se sentia “realizada”. Questionada por Filipe Melo do Chega, concretizou que “durante o período da pandemia” trabalhou “sete dias por semana, 12 a 14 horas por dia”.

Chega confronta depois Alexandra Reis sobre pedido de licença para acumular funções de docência. Esse despacho é publicado a 3 de janeiro de 2022. “São realização de pequenas ações de formação, esporádicas. Isso ocupa-me, no máximo, 20 a 30 horas por ano”, clarifica a antiga administradora.

Alexandra Reis concretiza que o pedido foi feito com antecedência, no final de 2021. O Chega insiste que foi nessa altura que terão começado os “desaguisados” com a CEO. “Não consigo identificar desaguisados dessa forma tão especifica”, reage.

2023-04-05
20:09

Relação com mulher de Medina era "estritamente profissional"

Alexandra Reis concretiza que a relação com a mulher de Fernando Medina, que também trabalhava na TAP, era "boa" e "estritamente profissional".

Stephanie Silva era diretora jurídica da TAP até ao início do ano passado.

2023-04-05
20:07

Alexandra Reis confessa que saída da TAP concidiu com problema de saúde. "Dificultou a comunicação"

Alexandra Reis confessa que o processo de saída da TAP coincidiu com um problema de saúde, deixando as negociações nas mãos dos advogados que a representavam. “Isto dificultou muito também todo o processo de comunicação, porque alturas em que estive indisponível e porque, de saúde, não estava na melhor forma”.

2023-04-05
19:51

Alexandra Reis descarta pressões políticas na gestão da TAP

Questionada sobre pressões políticas à TAP, Alexandra Reis admite que havia um forte escrutínio publico. Contudo, assegura: “Nunca senti interferência política para negócio A ou B”.

2023-04-05
19:45

Alexandra Reis explica processo de recrutamento na NAV e convite para o Governo

A 22 de março, Hugo Santos Mendes ligou a Alexandra Reis, dando conta que a NAV “iria precisar de liderança”. “Entendi aquela conversa como exploratória, para perceber o meu nível de entusiasmo”. Após a nomeação do Governo, ligou-lhe novamente para convidá-la formalmente, conta. O processo seguiu depois para a CRESAP, com direito a uma entrevista. Com a aproximação do verão, Alexandra Reis tentou perceber quando iria iniciar funções. Deram-lhe a indicação de que começaria a 1 de julho. E garantiu de que não falou com o ministro das Infraestruturas ao longo do processo.

Sobre a secretaria de Estado do Tesouro, Fernando Medina ligou-lhe poucos dias antes da tomada de posse, dando conta da reestruturação que ia levar a cabo no ministério. “Fui fazendo questões, fui colocando as minhas dúvidas. E ele, nessa conversa, deu-me nota que gostaria de me convidar. Tive de fazer a minha ponderação. Estava há cinco meses na NAV, contente pelos resultados que estávamos a atingir”. Nessa conversa, concretiza, "não falámos especificamente sobre a TAP e a minha saída da TAP".

Na saída da NAV, diz, ligou ao ministro das Infraestruturas. “Ele estava a par, que eu tinha aceite aquele convite. E desejou-me muitas felicidades”.

2023-04-05
19:38

De novo, a polémica reunião na véspera da audição da CEO no Parlamento

Paulo Moniz do PSD regressa à descoberta da audição de Christine Ourmières-Widener, de que existiu uma reunião com socialistas na véspera da audição da CEO no Parlamento, no passado mês de janeiro. Nessa reunião, estava o deputado Carlos Pereira, coordenador do PS na comissão parlamentar de inquérito. O PSD quer agora que sejam confirmados que todos os critérios para a participação do socialista nesta comissão foram cumpridos.

2023-04-05
19:28

Alexandra Reis diz ter confiado nos advogados que a apoiaram

É confrontada sobre os limites do estatuto de gestor público. Alexandra Reis reforça que, em todo o processo da saída, confiou nos advogados. “Não sou jurista. Posso ler a lei, mas não sou a melhor para a interpretar e para garantir a totalidade da sua aplicação. É por isso que nos assessoramos e temos apoio jurídico”.

2023-04-05
19:25

"Não foi a Alexandra Reis que se lembrou de sair da empresa"

Alexandra Reis insiste: “Foi uma renúncia precedida de um acordo. Não foi a Alexandra Reis que, no dia 25 de janeiro, se lembrou de sair da empresa”. A antiga-administradora diz que a CEO lhe pediu sigilo sobre a saída.

2023-04-05
19:16

Estrangeiros contratados pela TAP eram próximos da CEO? “Algumas pessoas não o escondiam”

Alexandra Reis explica que no recrutamento foram chamados “expatriados”, obrigando a “custos extra” com a sua instalação em Portugal. Os quadros chamados, diz, vieram de Reino Unido, França e América do Sul.

Esses contratados eram pessoas próximas da CEO? “Algumas dessas pessoas não o escondiam”, destacando o caso de “alguns diretores”. Questionada sobre a nacionalidade destas pessoas, respondeu: "penso que eram franceses”. 

“Os novos recrutamentos foram mais difíceis de fazer e ficaram um pouco mais caros. O facto de a empresa estar com um corte de salário tornavam a empresa menos atrativa”, justifica.

2023-04-05
19:08

Se Governo tivesse pedido, “eu teria renunciado, sem contrapartida”

Questionado sobre o email enviado a Pedro Nuno Santos e Hugo Santos Mendes, a mostrar disponibilidade para sair da empresa após a alteração accionista, Alexandra Reis insiste que foi uma questão de cortesia. “Se na altura o senhor ministro ou um dos senhores secretario de estado me tivessem dito que preferiam que eu renunciasse, eu teria renunciado. Sem contrapartida”.

2023-04-05
18:57

Alexandra Reis pediu 1,3 milhões. “Em menos de dois dias, a TAP fez uma proposta de 500 mil euros, que eu decidi aceitar”. E reconhece agora que é um “valor elevado”

No primeiro pedido, Alexandra Reis pediu 1,3 milhões de euros de indemnização e a viatura. Mariana Mortágua questiona se, dado o contexto difícil da empresa, esse pedido é “razoável”.

“Não tomei a iniciativa. Foi a TAP que me pediu para apresentar um conjunto de valores para discussão. A CEO disse-me para ver as condições. Já aqui expliquei o racional”, reage.

“Na altura, os cálculos foram feitos de acordo com aqueles critérios. E havia uma convicção de que estariam alinhados com as condições que foram propostas aos colaboradores. Foi uma proposta que foi submetida para discussão. Em menos de dois dias, a TAP fez uma proposta de 500 mil euros, que eu decidi aceitar”, completa.

“Era um valor elevado, sem sombra de dúvida. Era um valor significativa. Mas também o eram as responsabilidades de um administrador. No caso de uma companhia aérea, não gosto de usar este exemplo porque é alarmista, mas se cai um avião, a responsabilidade por isso pode ser imputada pessoalmente a cada um dos administradores”, justifica, acrescentando o "compromisso" e a "entrega" na elaboração do plano de reestruturação.

 

 

2023-04-05
18:46

Christine terá tentado afastar motorista da TAP por não estar vacinado contra a covid-19

Mortágua questiona sobre a utilização indevida de motoristas por parte da CEO e seus familiares.

“A dada altura, o presidente do conselho de administração estabeleceu uma regra: de que os motoristas apenas poderiam ser utilizados para motivos profissionais. Poderá estar relacionado com alguma situação, mas não conheço os detalhes. Não sei qual era a prática que a CEO dava ao carro, ao motorista”.

“Houve uma situação com um motorista. Porque o motorista, provavelmente, terá partilhado com alguma candura, que outro motorista estaria a fazer alguma deslocação não diretamente para a CEO. E penso que esse poderá ter sido o ‘trigger’ [gatilho]”.

E houve retaliação? “Por essa altura, também, em dezembro de 2021, a CEO deu-me nota que um dos motoristas não estava vacinado contra a covid-19 e que, nessas circunstâncias, não poderia continuar na empresa a exercer aquelas funções. Mas essa situação foi contornada. Fiz a gestão do tema e o rapaz quis vacinar-se. A situação foi ultrapassada”.

O motorista era o mesmo que falou sobre usos pessoais do carro da empresa pela CEO: “Eram a mesma pessoa”.