Os membros do Governo presentes no Parlamento, na quinta-feira, não aplaudiram a intervenção por videoconferência de Volodymyr Zelensky por causa do protocolo, mas, em 2016, um Executivo também liderado por António Costa aplaudiu um discurso do rei de Espanha no hemiciclo.
Estávamos a 30 de novembro de 2016, António Costa era primeiro-ministro e os reis de Espanha marcaram presença no Parlamento. A sessão solene contou com um discurso de Felipe VI e, na altura, a polémica instalou-se, porque Bloco de Esquerda, PCP e os Verdes não aplaudiram o chefe de Estado espanhol.
PUB
Nesta altura, como pode ver nas imagens de então da TVI, o primeiro-ministro e os restantes membros do Governo aplaudiram a intervenção do rei espanhol de pé.
PUB
O momento foi recordado pelo semanário Nascer do Sol, depois de, na quinta-feira, Volodymyr Zelensky ter discursado durante 15 minutos na Assembleia da República, tendo recebido um aplauso de pé por parte de todos os deputados presentes - a bancada parlamentar do PCP faltou à sessão solene - e dos convidados que estavam nas galerias. Contudo, quatro pessoas no hemiciclo não se manifestaram: António Costa, primeiro-ministro; Ana Catarina Mendes, ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares; Francisco André, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação; e Helena Carreiras, ministra da Defesa. Estes dois últimos ainda tentaram juntar-se à ovação, mas esbarraram no olhar desaprovador do chefe do Executivo.
PUB
O aplauso governamental a Felipe VI não foi caso único, segundo constatou a CNN Portugal. Dois anos depois, a 22 de novembro de 2018, João Lourenço, presidente de Angola, discursou no Parlamento e todo o Executivo aplaudiu a intervenção. O presidente angolano realizava a sua primeira visita de Estado a Portugal.
PUB
Após a intervenção de Volodymyr Zelensky, e perante a atitude dos membros do Executivo, várias fontes explicaram à CNN Portugal que existe uma regra, de tradição longa, que, tendo em conta a separação de poderes legislativo e executivo, define que os membros do Executivo nunca se devem manifestar ou bater palmas dentro do hemiciclo.
O primeiro-ministro decidiu seguir à risca o protocolo e, por isso, nem ele nem os membros do seu Governo bateram palmas no fim do discurso de Zelensky.
É também por causa desta regra que, quando os membros do Executivo vão falar ao Parlamento, os colegas de Governo que estão presentes nunca batem palmas. Esta tradição mantém-se, por exemplo, nas cerimónias do 25 de Abril, ou em discursos do presidente da Assembleia da República.
PUB