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Entre o ataque e a necessidade: UE acusa Rússia de usar água "como arma de guerra" em Mariupol

A União Europeia acusou, esta terça-feira, a Rússia de estar a usar a água “como arma de guerra”, limitando o acesso da população ucraniana a este bem essencial

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, acusou, esta terça-feira, a Rússia de cortar “deliberadamente” o acesso dos cidadãos ucranianos a água potável. Também o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelenksy disse que só em Mariupol são quase 100 mil as pessoas sem acesso a este bem essencial.

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No Dia Mundial da Água, que se celebra a 22 de março, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e o Comissário Europeu para o Meio Ambiente, Virginijus Sinkevicius dizem-se “chocados” com o facto de “uma das muitas táticas hediondas do ataque russo à Ucrânia seja o uso da água como arma de guerra”.

Segundo estes responsáveis europeus, que assinam um comunicado conjunto, as forças russas estão a “cortar deliberadamente o acesso da população à água potável, utilizando a ameaça de desidratação para forçar a rendição da cidade e negando o acesso às necessidades mais básicas”. Os responsáveis referem-se a Mariupol, uma das zonas mais fustigadas pelas investidas russas.

Só nesta cidade portuária, milhares de pessoas não têm acesso a água, comida e medicamentos, tal como denunciou esta terça-feira o presidente ucraniano. Mas a situação não é de agora, as dificuldades em obter água começaram a ser relatadas logo no início de março, conta a BBC. Logo no dia 8 de março, cerca de duas semanas depois do início da invasão russa, Zelensky, anunciou que uma criança morreu por desidratação em Mariupol.

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O presidente da Ucrânia afirma que há 100 mil pessoas em Mariupol - uma das cidades mais importantes para as tropas russas, pois está a impedir de unir Donbass à Crimeia - a viver em condições desumanas, muitas delas sem comida, água ou medicamentos. Citado pela agência Reuters, Volodymyr Zekensky falava da cidade mais afetada do país, que tem estado sob constantes bombardeamentos.

O vice-presidente de Mariupol, Sergei Orlov, disse que a cidade, que tem cerca de 400 mil habitantes, vive atualmente uma emergência humanitária devido à escassez de água, comida e condições sanitárias.

“A agressão injustificada e não provocada da Rússia contra a Ucrânia mostra como é crucial conter os impactos ambientais do conflito e evitar a apropriação e superexploração dos recursos hídricos”, alertaram os representantes europeus.

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Numa publicação feita na sua conta de Twitter, Josep Borrell defende que “a água nunca deve ser usada como arma de guerra – seja na Ucrânia ou em qualquer outro lugar”.

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Borrell e Sinkevicius alertaram também para o facto de que à medida que a água de boa qualidade se torna mais escassa, a “falta de tratamento de águas residuais e o número crescente de bombardeamentos em infraestruturas civis, como ataques a indústrias químicas, criam riscos adicionais e pioram ainda mais a qualidade da água doce”.

“Cada gota conta. (...) O acesso à água potável é um direito humano fundamental”, vincaram num comunicado.

A limitação de acesso a água é apenas uma das condicionantes que colocam em causa a saúde e o bem-estar dos ucranianos durante a guerra - em Kherson, por exemplo, cerca de 300 mil pessoas arriscam ficar sem comida e medicamentos.

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