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Pedro Sánchez não se demite: "Mostraremos ao mundo como se defende a democracia"

"Confundir liberdade de expressão com liberdade de difamação é uma perversão democrática de consequências desastrosas", disse Sánchez, perguntando: "Queremos isto para Espanha?" "Durante demasiado tempo deixámos que a lama contaminasse a nossa vida pública. Ponhamos fim a este lamaçal coletivo"

Pedro Sánchez anunciou que vai manter-se como presidente do governo espanhol e pede mobilização social contra a "política da vergonha". Depois de cinco dias de reflexão, Pedro Sánchez decidiu continuar "com ainda mais força, se possível" para combater as acusações infundadas e mostrar uma "intransigência incondicional" perante aqueles que usam a difamação nos combates políticos: "Esta não é uma questão ideológica, estamos a falar de respeito, de dignidade", disse, afirmando que vai "trabalhar com firmeza e segurança na regeneração da nossa democracia e pela consolidação dos direitos e liberdades": "Mostraremos ao mundo como se defende a democracia".

A hipótese de demissão surgiu depois de um tribunal de Madrid ter aberto uma investigação preliminar sobre a mulher de Pedro Sánchez, por suspeitas de tráfico de influência e corrupção. O caso foi arquivado pelo Ministério Público, mas a polémica levou Sánchez a cancelar a sua agenda para a última semana, dizendo que precisava de “parar e refletir” e perceber se “vale a pena” continuar à frente do Governo ou “renunciar a esta honra”.

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"Há vezes em que a única forma de avançar é parar, refletir e decidir com clareza por onde queremos continuar", disse esta segunda-feira o primeiro-ministro. "Se aceitarmos todos, como sociedade, que a ação política permita o ataque indiscriminado a pessoas inocentes, então não vale a pena. Se consentimentos que a disputa partidária consiste num exercício de ódio e de divulgação de falsidades sobre terceiras pessoas, então não vale a pena. Se permitimos que as mentiras mais grosseiras substituam o debate respeitoso e racional, então não vale a pena. Não há cargo que justifique o sofrimento injusto das pessoas de que mais gostamos."

Pedro Sánchez tem uma convicção: "Ou dizemos basta ou esta degradação da vida pública determinará o nosso futuro, condenado-nos como país.(...) Esta não é uma questão ideológica, estamos a falar de respeito, de dignidade, de princípios que vão muito mais além das opiniões políticas e que nos definem como sociedade". "Se consentimos que os bullies controlem o debate político, se obrigamos as vítimas dessas mentiras a ter de demonstrar a sua inocência - contrariando a regra mais elementar do nosso Estado de Direito -, se permitimos que o papel da mulher fique reduzido ao doméstico em benefício da carreira do marido, se permitimos que a não-razão se converta em rotina, a consequência será que infligiremos um dano irreparável na nossa democracia", afirmou.

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"Confudir liberdade de expressão com liberdade de difamação é uma perversão democrática de consequências desastrosas", disse, perguntando: "Queremos isto para Espanha?". "Eu e a minha mulher sabemos que esta campanha de difamação não parará, já a sofremos há dez anos. É grave, mas não é o mais relevante. Conseguimos aguentar. O importante é que queremos agradecer as demonstrações de solidariedade e empatia que recebemos", disse, assumindo que esta mobilização social influenciou a sua decisão. "Só há uma maneira de reverter esta situação: que a maioria social se mobilize numa posição irreversível pela dignidade e com um sentindo comum, pondo fim à política da vergonha que sofremos há demasiado tempo."

O que está em causa "não é destino de um dirigente particular", "trata-se de decidir que tipo de sociedade queremos". "Penso que o país precisa de fazer esta reflexão coletiva", defendeu, para que a sociedade se liberte de "práticas tóxicas".

Pedro Sánchez referiu que este problema não é exclusivo de Espanha - faz parte de "um movimento reacionário internacional", que tenta impor a sua "agenda regressiva" através da difamação e da falsidade, do ódio e das ameaças. "Durante demasiado tempo deixámos que a lama contaminasse a nossa vida pública. Ponhamos fim a este lamaçal coletivo."

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