Angeli Gomez conseguiu resgatar os dois filhos da escola de Uvalde, no Texas, durante o massacre do dia 24 de maio. Pelo caminho foi ameaçada pelas autoridades, mas não cedeu.
A mãe contou à CBS News que tinha estado na Robb Elementary School no dia do massacre, num evento com os dois filhos, que estudam naquela escola. Quando o evento acabou, foi para o trabalho, sendo que poucas horas depois, assim que soube do que estava a acontecer, pegou no carro e dirigiu-se imediatamente para o local.
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Estacionou sem pensar, num local próximo da escola. Quando saiu do carro, um polícia federal disse-lhe que não podia deixar ali a sua viatura. Angeli Gomez não cedeu.
O agente afirmou que a iriam algemar, por não estar a cooperar com as autoridades. Afirmações que, segundo a mulher, foram proferidas de forma agressiva.
"Vão ter de me prender porque eu vou lá dentro. E digo-vos isso agora. Não vejo nenhum de vocês lá dentro. Estão aqui fora com armas e estão muito longe. Se não forem lá, vou eu", respondeu Gomez.
Assim que se acalmou e as autoridades lhe tiraram as algemas, Angeli Gomez não perdeu tempo: saltou uma cerca e correu em direção à escola. Uma corrida que fez sozinha, pela vida dos seus filhos.
Lá dentro, diz que ouviu tiros, mas nada a deteve. Encontrou um dos filhos, levou-o consigo e foi procurar o outro. Quando o encontrou, correram os três para fora da escola. Conseguiram escapar a salvo.
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Um final feliz para os três que não foi uma realidade para várias famílias. Angeli Gomez diz que ainda pensa nas 19 crianças e duas professoras que não sobreviveram e no que as autoridades podiam ter feito para as salvar.
Uma resposta lenta por parte das autoridadesA mãe revela que quando saiu da escola com os dois filhos ainda nenhum polícia tinha lá entrado, encontrando-se todos fora da instituição de ensino. Angeli Gomez teve tempo de chegar à escola, estacionar, ser algemada, fugir e resgatar os dois filhos sem que a polícia tivesse entrado na escola.
“Eles podiam ter salvado muitas mais vidas. Eles podiam ter entrado nas salas de aula e talvez duas ou três crianças teriam morrido, mas eles podiam ter salvado muitas crianças, a sala de aula toda. Eles podiam ter feito alguma coisa, entrar pela janela, atirar ao assassino pela janela. Algo, mas nada estava a ser feito”, afirmou à CBS News.
Angeli Gomez, que está em liberdade condicional devido a acusações de há dez anos, foi inclusivamente contactada pela polícia, que a avisou que se partilhasse a história com a comunicação social podia enfrentar uma acusação de violação da justiça.
São declarações que surgem depois de várias críticas à velocidade de resposta da polícia federal durante o massacre de 24 de maio. O The New York Times afirma que erros de comunicação feitos pelo chefe da polícia do distrito escolar de Uvalde, Pete Arredondo, podem ter sido a razão do atraso na resposta.
Entre a chegada das autoridades ao local e a morte do atirador ocorreram mais de 45 minutos, que custaram a vida de 19 crianças e duas professoras.
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