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A solução para o SNS está nas grutas de Benagil?

Para que o leitor saiba já ao que vem, sim, a autora confirma: este é um artigo de opinião de Verão, com a quantidade de maresia, brisa e memórias que o tempo de estio impõe. Estes aprazíveis elementos não chegam, contudo, para fazer esquecer a situação de ruptura inaudita a que chegou o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS), com encerramentos de serviços de urgência frequentes, afectando de modo ainda mais impactante as urgências de Ginecologia e Obstetrícia. É, com efeito, preocupante que um grupo vulnerável como é o das grávidas tenha que viver por estes tempos com a ansiedade constante de não saber com certeza onde poderá receber assistência em caso de necessidade.

Voltemos à costa algarvia que vai da praia da Sra. da Rocha a Benagil. A autora apressa-se a reconhecer a falha de só agora ter conhecido esta jóia de beleza natural, mas a tempo se retractou; merece, pois, atenuante. O capitão Fernando Cabrita leva o seu labor muito a sério: está ao leme de uma pequena embarcação de pesca – ora devotada a outra faina, a de levar visitantes a ver as grutas – com o mesmo empenho de quem maneja um grande navio. Parecia, naquele momento, tudo certo. O mar ciano pintalgado de esmeralda abria-se com exotismo, ostentando magníficas formações rochosas, fruto de milhões de anos de sedimentação e erosão. Este capitão conhece cada pedaço deste mar e entra, mesmo nas grutas mais pequenas, conhecendo-lhes as dimensões e os vértices. Volta e meia, o capitão requisita o olhar dos visitantes para apontar com o indicador direito as figuras que descobriu nas rochas ao longo de anos de observação: um leão, uma cabeça de peixe, o King Kong e até um biquíni brasileiro. Algumas distinguem-se com facilidade, outras parecem fruto de rebuscada imaginação – ainda assim, os visitantes acenam sempre com a cabeça, ninguém fará desfeita a este homem.

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Como se chega de Benagil ao SNS? Já lá iremos, lembremos Saramago na sua Viagem do Elefante, quando escreve “sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam”. Dizer que o nosso SNS padece de um problema estrutural com necessidade de soluções urgentes é uma afirmação que reúne consenso alargado. Dei comigo nesta viagem a pensar que para planear e operacionalizar tal reforma será necessário convocar aqueles que conhecem os meandros do SNS de forma profunda e consistente, juntando a imaginação na dose certa necessária a delinear medidas adequadas ao momento actual e à evolução técnico-científica e social. Tudo isto ouvindo aqueles que diariamente trabalham – e constroem – o SNS. E com a coragem de saber que os resultados não se esperam no tempo de uma só legislatura.

A autora não escreve ao abrigo do novo artigo ortográfico.

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