Luísa Patrão vem protegida pelo guarda-chuva. "Vale muito a pena apanhar a molha." Vale muito a pena ficar à espera de Pedro Nuno Santos durante uma hora no Largo do Souto, em Gondomar. A mulher está aqui para "agradecer ao PS". Na vida dela, as prioridades são simples: "Primeiro o PS, depois o F.C.Porto." Não muda em nenhum. "Não sou vira-casacas."
E o que tem para agradecer? "A minha casinha, que o PS me deu." À medida que a conversa se desenrola, Luísa decide revelar o seu passado. "Estive dois anos na rua." Um divórcio e o desemprego atiraram-na para longas noites enfiada num carro. "Agora até tenho uma gatinha, que também veio da rua, a Vida. Agarro-me a ela. Falamos uma com a outra."
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É uma força como a dela que Luísa quer transmitir a Pedro Nuno Santos, numa fase em que os números podem parecer pouco animadores. E é vê-la, minutos depois, durante metros, de braço agarrado ao ex-ministro da Habitação, o homem que tutelava a pasta que durante dois anos tanta falta fazia a Luísa.
Luísa fica até ao fim. E contou-lhe a sua história? "Não, só desejei força. A esperança é a última a morrer." É a mão desta mulher a última que Pedro Nuno Santos agarra, já dentro do carro, na despedida de Gondomar.
Primeiro os reformados: o "cadastro" do PSD nos cortesA agenda tem de ser alterada devido à chuva forte. O que era uma visita a uma feira transforma-se numa arruada. "Ele está a chegar, vamos encostando ali." A caravana socialista atrasa-se, procura alternativas. E quando Pedro Nuno Santos chega, já a chuva dá tréguas. O povo que o espera fecha os guarda-chuvas e segue.
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O candidato tira partido das arcadas para se proteger, para um contacto com as lojas, com a população. Até que se cruza com um idoso que acaba por dar voz à mensagem que o próprio Pedro Nuno tem guardada para Gondomar. Diz-lhe que é "o único que dá dinheiro aos reformados, o Passos [Coelho] não".
Minutos depois, já no conforto de um auditório praticamente lotado, Pedro Nuno Santos aproveita para criticar o "cadastro" que é o passado de cortes à direita. “Não fazemos promessas na campanha para depois cortar. Esse é o cadastro que eles têm", diz.
O apelo ao voto volta a ser feito com os reformados e as mulheres no horizonte. O socialista fala para a "maioria invisível" que diz não estar representada nas televisões, nas redes sociais ou nas sondagens. Quem é essa maioria? As "pessoas que tiverem votado no PS em 2022", concretiza.
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Pedro Nuno Santos diz ter "muito trabalho" até ao dia das eleições. E na segunda-feira, como vai ser se não houver maioria? "Primeiro temos domingo." Não quer abrir o jogo sobre negociações com Mariana Mortágua e Paulo Raimundo. Mas há um aviso: "Há muitos avanços que muitos partidos querem que só vão acontecer se o PS vencer."
Depois as mulheres: "Não são um acessório"No almoço, um regresso ao Marco de Canaveses, depois de aqui ter iniciado na segunda-feira uma viagem de comboio. Pedro Nuno agradece aos ferroviários, "exemplo de gente de trabalho que nunca desistiu".
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Mas vem aqui mais para falar a uma das grandes apostas do PS na conquista do voto: as mulheres. Em dia nacional de luto nacional contra a violência doméstica, o socialista quer vincar que "há muito trabalho" para fazer no sentido de evitar este crime e para assegurar a igualdade.
"As mulheres não são uma nota de rodapé nos discursos do PS, não são acessório para as campanhas. São o centro da nossa intervenção política por respeito", vinca. Como são as cuidadoras dos mais frágeis, "na hora de progredir na carreira, as mulheres ficam sempre para trás", assinala.
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Mas é Francisco Assis quem vem elogiar a personalidade do candidato, naquela que é "a primeira" de "muitas campanhas" que espera fazer em conjunto. "Conseguiu uma coisa que provavelmente mais ninguém conseguiria nas atuais circunstâncias: mobilizar o povo do PS e a esquerda democrática em Portugal", diz.
Como? Pela sua "frontalidade", "coragem", "determinação" e "decência".
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"Foi sempre leal, mas nunca foi subserviente. Esteve sempre com o PS, mas por vezes a sua voz foi incómoda", lembra Assis, uma das vozes mais críticas da geringonça de António Costa, onde o candidato era o principal mediador.
Francisco Assis admite que a batalha é difícil mas aponta Pedro Nuno como "um homem que não se deixa vencer por nada". Nem pelas críticas dos adversários: "Nunca o vi perder a cabeça em nenhum momento, e ele foi vítima de todos os ataques inimagináveis."
"Quem fez o discurso do medo foram os nossos adversários. Nós fizemos sempre o discurso de confiança, esperança, voltado para o futuro." No discurso, Assis toma o lema do clube de hóquei da terra para o PS: "Lutar sempre, desistir nunca."
Está tudo de barriga cheia para o grande momento do dia: a arruada de Santa Catarina, no Porto. À mesmíssima hora, o principal rival - Luís Montenegro e a Aliança Democrática - passa pela mesma artéria para medirem forças.
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