A Câmara Municipal de Setúbal afastou a jurista russa Yulia Khashinada que, desde dezembro, trabalha na Linha de Apoio aos Refugiados (LIMAR), depois de o jornal Expresso ter denunciado que os responsáveis russos pela linha estão a fotocopiar os documentos dos refugiados ucranianos, entre os quais passaportes e certidões das crianças.
O marido desta mulher, Igor Khashin, é o líder da Associação de Imigrantes dos Países de Leste (Edintsvo) que trabalha com a autarquia e tem ligações direta à Embaixada da Rússia em Portugal.
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"Face à situação criada, a Câmara Municipal, retirou do acolhimento de cidadãos ucranianos a técnica superior citada na notícia até ao total e inequívoco esclarecimento desta situação", lê-se na nota publicada no Facebook.
Neste mesmo comunicado, confirma aquilo que o presidente da Associação de Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, revelou em declarações à CNN Portugal: que Igor Khashin trabalha há vários anos com entidades da administração central e que tem prestado apoio no acolhimento de refugiados, nomeadamente, nas instalações de alguns serviços da câmara setubalense.
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Mas já há duas semanas, depois de a embaixadora da Ucrânia em Portugal ter revelado, em exclusivo à CNN Portugal, que havia associações pró-russas infiltradas em Portugal - entre elas a Associação de Imigrantes dos Países de Leste - que podiam estar a "receber dados sobre familiares que combatiam no exército ucraniano", a Câmara Municipal de Setúbal "questionou formalmente e no próprio dia" o primeiro-ministro António Costa para que este se "pronunciasse sobre a veracidade destas declarações e esclarecesse com a maior brevidade possível se o Alto Comissariado para as Migrações mantinha a confiança nesta associação". Mas, diz o comunicado, não obteve qualquer resposta.
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Não obstante, a autarquia vai pedir ao Ministério da Administração Interna que "adote, de imediato, os necessários procedimentos no sentido de averiguar a veracidade das suspeitas veiculadas pelo jornal Expresso" e mostrou-se totalmente disponível para prestar qualquer esclarecimento ou informação adicional.
No meio de tanta polémica, a câmara comunista, dirigida por André Valente Martins - do Partido Ecologista "Os Verdes" e eleito pela lista da CDU nas últimas eleições autárquicas - decidiu esclarecer que desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro, que tem "um serviço de atendimento a refugiados ucranianos", que tem "prestado todo o apoio necessário ao acolhimento destas pessoas" em "permanente articulação com diferentes entidades, nomeadamente a Segurança Social, o Alto Comissariado para as Migrações, o Instituto de Emprego e Formação Profissional e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras" e, por isso, "repudia com veemência qualquer insinuação de quebra de sigilo no tratamento de dados de cidadãos ucranianos acolhidos nos seus serviços".
Entretanto, o Governo já pediu esclarecimentos com urgência ao Alto Comissariado para as Migrações. O PSD e a Iniciativa Liberal já requereram, entretanto, a audição do presidente de Câmara Municipal de Setúbal na Assembleia da República para esclarecer as notícias.
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