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Parar para seguir em frente

NOTAS SOLTAS

Tenho para mim que há momentos na vida em que temos de parar. Parar não no sentido de nos entregarmos ao ócio ou à perda de sentido que possamos encontrar nos trilhos do caminho. Há aqueles que precisam dessa paragem porque ficam doentes, e aí trata-se de uma inevitabilidade. Procura-se o caminho da cura. Porém, há muitos outros que necessitam de tempo para si. Para refletirem sobre a sua existência. Sobre percursos bem ou mal sucedidos. Sobre a sua relação com o “Eu” e com os “Outros”. É um processo de autoanálise ou de autoconhecimento, ou ambas as situações. Por vezes, é necessário, para conseguirmos seguir em frente com energias renovadas, se for possível. A alternativa é ou poderá ser uma rota para o crescente isolamento e, no limite, destruição.

Parar para pensar. Parece simples, mas pode revelar-se um trajeto penoso.

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Os humanos são, por natureza, seres gregários. Vivemos desde sempre em grupo. Em tribo. Em sociedade. O que se tornou perturbante no nosso tempo é que à medida que as tecnologias foram evoluindo e, em razão desse desenvolvimento, fomos ficando mais próximos uns dos outros, também acabamos por nos tornar mais individualistas. Com a globalização digital, estaríamos supostamente mais sintonizados e mais próximos. Não o creio. Podemos estar mais interconectados, mas não deixamos de ser uma sociedade individual de massas. É uma questão que tem suscitado múltiplas reflexões. O médico Luís Portela afirma no seu livro “Da Ciência ao Amor” que: “Nos tempos que correm, torna-se importante parar. Saber parar para fazer uma análise crítica do caminho percorrido, ponderando as oportunidades galhadas e as opções menos convenientes, bem como a progressão conseguida, graças aos esforços desenvolvidos…”

Não se trata de encontrar culpados, mas de nos questionarmos e percebermos que, no fim da linha, seremos sempre os responsáveis por nós próprios. Mesmo em períodos de ausência de discernimento que poderão resultar dos mais variados contextos, somos confrontados com o nosso “Eu”. Pela minha parte, são estes os pensamentos que me ocorrem e que, de certa forma, cruzaram momentos da minha vida. A expressão e a conclusão podem ser duras mas tenho para mim que o ser humano é impiedoso.

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