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Finalmente conhecida a potencial origem da misteriosa hepatite aguda infantil

As suspeitas de que um adenovírus estaria na origem desta doença foram agora confirmadas por um grupo de cientistas britânicos. Mas a pandemia teve também impacto

A hepatite aguda infantil pode ter sido provocada pela combinação de dois vírus à partida inofensivos. Segundo dois estudos levados a cabo por cientistas britânicos, e que se encontram ainda em pré-publicação e à espera de revisão dos pares, a doença que afetou misteriosamente mais de mil crianças teve origem na associação entre o adenovírus tipo 41 e o vírus adeno-associado AAV2.

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O adenovírus tipo 41 é um tipo de vírus que normalmente causa problemas gástricos e sintomas semelhantes à constipação, sendo, por norma, limitado nos sintomas e na duração dos mesmos. Já o vírus adeno-associado AAV2 faz parte de uma espécie de vírus do género Dependovirus e que necessita de um adenovírus para se replicar. Na prática, o AAV2 aliou-se ao adenovírus 41.

hipótese do adenovírus ser a causa foi colocada em cima da mesa no final de abril no Congresso de Microbiologia e Doenças Infeciosas, que decorreu em Lisboa. Meera Chand, que lidera o departamento de infecciologia da UK Health Security Agency, defendeu que uma estirpe do adenovírus denominada F41 seria a causa mais provável. Mas, na altura, os médicos mostraram-se céticos.

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Segundo os investigadores britânicos, há um fator que parece ser determinante para que estes dois vírus inofensivos tenham resultado num surto de hepatite aguda infantil: a pandemia. Os investigadores acreditam que as restrições impostas e as medidas de mitigação levaram a uma menor circulação de agentes patogénicos e a um menor contacto das crianças com os mesmos, conta a Science. A teoria da diminuição das defesas imunitárias das crianças já tinha sido anteriormente apontada.

Para chegarem a esta conclusão, os cientistas reuniram os dados recolhidos em análises feitas em crianças diagnosticadas com a hepatite aguda, tendo sido comum encontrar o AAV2 e adenovírus 41, situação que, segundo o El País, está também a verificar-se em Espanha, embora os investigadores defendam que esta descoberta não irá justificar todos os casos reportados.

A hepatite aguda infantil, que foi primeiramente notificada no Reino Unido, afetou 1010 crianças, levou à morte de 22 e 46 necessitaram de um transplante de fígado, segundo os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde. Ao todo, esta hepatite foi notificada em 35 países e foram notificados 17 casos suspeitos em Portugal.

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