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Há quem queira ver Meghan a fazer o walk of shame no Reino Unido. Os americanos espantam-se: "A forma como estes britânicos estão obcecados com Meghan é selvagem"

O documentário da Netflix em que os duques contam por que motivo fugiram continua a causar divergências e estupefações

A história foi mesmo assim? Estão Harry e Meghan a inventar factos? Terá William gritado mesmo com o irmão enquanto a avó, a rainha Isabel II, assistia a tudo sem dizer nada? As informações dadas pelos duques de Sussex no documentário da Netflix são muitas e, como era esperado, dividiram opiniões. Mas, com o casal a viver na Califórnia, a divisão foi ainda mais visível. Com um oceano pelo meio, Harry e Meghan viram-se abraçados pelos EUA, o país que os acolheu assim que escolheram abandonar o Reino Unido - que, por sua vez e perante críticas à monarquia e à imprensa britânica, não tardou a responder.

Foi o caso de dois conhecidos do casal Sussex, Jeremy Clarkson e Piers Morgan, que não pouparam nas críticas. Colunista da direita conservadora, Clarkson escreveu na sua coluna no The Sun que "odiava Meghan Markle a nível celular" e que sonha com o dia "em que ela é obrigada a desfilar nua pelas ruas de todas as cidades da Grã-Bretanha enquanto as multidões lhe cantam, 'Vergonha!" (numa referência a um episódio da "Guerra dos Tronos" em que uma das personagens faz o walk of shame - nua e a ser gozada pela população). Morgan, que chegou a ser despedido por não se conter na maneira como se referia à duquesa de Sussex, chama a Harry "traidor frio ao seu país" e Meghan "vírus".

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Mais tarde, ainda que não tenha pedido desculpas, Clarkson recuou nas suas declarações, que, de acordo com o The Guardian, refletem o que foi escrito um pouco por todos os meios de comunicação britânico. Mas a cooluna de Clarkson foi retirada do site do jornal. 

A posição conservadora levou a que os americanos se questionassem se as reações não provariam que o que Meghan e Harry disseram no documentário é verdade, como foi o caso de Roxane Gay. Num tweet, a escritora que acompanhou a série para um artigo de opinião no New York Times afirma que "a forma como estes britânicos estão obcecados com Meghan Markle é selvagem" porque "sabem que tudo o que a Meghan e o Harry disseram no documentário é verdade".

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Mas nem tudo foi ódio no Reino Unido. Ayesha Hazarika, jornalista que se tornou conselheira do governo, considerou que os duques de Sussex mostraram que representam uma nova geração que é oprimida pelo racismo disfarçado de valores tradicionais.

"Meghan e Harry tornaram-se a pouco e pouco num pára-raios para muita raiva de muitas destas pessoas que estão agarradas ao passado", afirmou à CBS News.

O esforço de Meghan reconhecido nos EUA

No documentário, Meghan recorda o momento em que abandonou o Reino Unido depois das comemorações do dia da Commonwealth a 9 de março de 2020 e, no avião, um membro da tripulação se ajoelhou ao lado do seu lugar, tirou o chapéu e lhe agradeceu "tudo o que fez" pelo o Reino Unido.

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"Foi a primeira vez que senti que alguém viu o sacrifício, não pelo meu próprio país, mas por este país", afirmou a duquesa, acrescentando que assim que desembarcou no Canadá caiu nos braços de um dos seguranças do príncipe Harry a chorar. "Eu estava, tipo, 'esforcei-me tanto' e ele disse 'eu sei que o fez, eu sei que o fez, minha senhora, eu sei que o fez'. Esforcei-me tanto", acrescentou ela.

Meghan Markle garante que sentiu que deu tudo de si e que não foi suficiente. Bryndis Roberts, seguidora de longa data da família real, confessou à BBC que assistiu à série "de lágrimas nos olhos", tal como a ativista Salamishah Tillet, por a duquesa "se ter esforçado tanto" para se encaixar no molde real e não ter conseguido. 

Mas a empatia com os duques também não chega à ala conservadora mesmo do outro lado do Oceano, onde comentadores como Megyn Kelly, do programa SiriusXM, apelidou Meghan "chorona e irritante" e acusa o casal Sussex de serem as "pessoas menos conscientes à face da terra".

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"Enquanto ele desfila pela mansão de 14 milhões de dólares e 9 quartos em Montecito com jardins enormes, cocktails iluminados de branco e vista para a montanha do seu quintal de 7 hectares, Harry lamenta como tudo o que ele sempre quis foi esta 'vida normal'. Estas são as pessoas menos conscientes da terra". 

Uma posição seguida pela conservadora Alyssa Farah Griffin, apresentadora do The View e comentadora política da CNN, que afirmou que o casal não podia estar "realmente a sofrer", uma vez que vivem numa mansão de 30 milhões de dólares.

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No entanto, Sunny Hostin, coapresentadora de Griffin no The View, contestou as declarações da colega, afirmando que Harry e Meghan "têm todo o direito de assumir a sua narrativa" porque "estão a sofrer".

"Eles estão a sofrer e assumiram a sua narrativa e têm todo o direito de o fazer. Penso naquilo que passaram em termos de quão racista aquela família era contra a Meghan, em termos de quão racista aquele país era contra ela. Isso é algo com que o rei Carlos III pode lidar e pode cuidar - e que parece não ser capaz de o fazer", disse Hostin.

O documentário da Netflix teve dois volumes, nos quais Harry e Meghan contam como foram alvo de perseguição pela imprensa britânica, que invadia constantemente a privacidade da família, com a duquesa a ser alvo de racismo e discriminação. Depois da exibição dos seis episódios, Harry e Meghan foram alvo de críticas, acusados de criarem uma "narrativa distorcida" e de causarem "quebra de laços" com a família real.

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