Já fez LIKE no CNN Portugal?

EUA iniciam negociações para acordo comercial com Taiwan em nova demonstração de apoio

Estados Unidos não têm relações oficiais com Taiwan, mas mantêm laços através da embaixada de facto no território, o Instituto Americano em Taiwan

Os Estados Unidos estão a negociar um amplo acordo comercial com Taiwan, num sinal de apoio ao território, que é reivindicado por Pequim como uma província sua, apesar de funcionar como entidade política soberana.

O anúncio ocorre depois de Pequim ter realizado exercícios militares em torno de Taiwan, incluindo fogo real e lançamento de mísseis, na sequência da visita a Taipé da líder do Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosi.

PUB

O gabinete do Representante do Comércio do Governo norte-americano não mencionou as tensões com Pequim, apontando apenas que as “negociações formais” visam aumentar a cooperação comercial e regulatória, o que implicará uma interação oficial mais próxima.

Na semana passada, o coordenador do Governo dos EUA para a região do Indo-Pacífico, Kurt Campbell, disse, aos jornalistas, que as negociações comerciais fazem parte dos esforços para “aprofundar os laços com Taiwan”, embora tenha ressalvado que a política em relação ao território não mudou.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, depois da derrota na guerra civil frente aos comunistas.

A ilha nunca fez parte da República Popular da China, mas o Partido Comunista Chinês quer a unificação política com o continente e ameaça usar a força, caso seja necessário.

Os Estados Unidos não têm relações oficiais com Taiwan, mas mantêm laços através da embaixada de facto no território, o Instituto Americano em Taiwan.

PUB

O governo do Presidente chinês, Xi Jinping, considera que os contactos oficiais com Taiwan, como a visita de Pelosi, no início de agosto, podem encorajar a ilha a declarar oficialmente independência.

Washington diz que não toma posição sobre o ‘status’ da China e Taiwan, mas que quer que a disputa seja resolvida de forma pacífica. O governo dos EUA é obrigado por lei federal a garantir que a ilha tem meios para se defender.

“Continuaremos a tomar medidas calmas e resolutas para manter a paz e a estabilidade, perante os esforços contínuos de Pequim para prejudicar a paz, e a apoiar Taiwan”, disse Campbell, na semana passada.

Um segundo grupo de legisladores norte-americanos liderados pelo senador Ed Markey chegou a Taiwan no domingo e reuniu com a líder do território, Tsai Ing-wen.

Pequim anunciou uma segunda ronda de exercícios militares depois da chegada do grupo.

A China ainda não reagiu ao anúncio sobre as negociações comerciais, que vão abranger agricultura, direitos laborais, ambiente, tecnologia digital, o estatuto das empresas estatais e “políticas não comerciais”, disse o escritório do Representante do Comércio dos EUA.

PUB

O comunicado não indicou quais são as autoridades envolvidas, mas disse que as negociações vão ser realizadas através do Instituto Americano e da embaixada informal de Taiwan em Washington, o Escritório de Representação Económica e Cultural de Taipé nos Estados Unidos.

As relações EUA-China atravessam o pior período, desde que as relações diplomáticas foram estabelecidas, em 1979, face a disputas sobre segurança, comércio e tecnologia, ou violações dos Direitos Humanos.

Os dois países travam uma guerra comercial há três anos, motivada pelas acusações de Washington de que a China apoia firmas estatais, enquanto cria obstáculos às concorrentes estrangeiras, e usurpa tecnologia, violando os compromissos de abertura de mercado.

O anterior presidente dos EUA Donald Trump impôs taxas alfandegárias punitivas sobre milhares de milhões de dólares de bens importados da China, em 2019, em resposta a reclamações sobre políticas comerciais da China que violam compromissos de livre comércio e ameaçam a liderança industrial dos EUA.

PUB

O Presidente norte-americano, Joe Biden, deixou a maioria dessas taxas em vigor.

Taiwan, com 24 milhões de habitantes, é o nono maior parceiro comercial dos EUA e o 10.º maior mercado de exportação dos EUA, segundo dados do Governo norte-americano.

O Departamento de Estado norte-americano descreve o território como um “parceiro-chave dos EUA na região do Indo-Pacífico”.

Taiwan é a principal fonte mundial de 'chips' semicondutores usados em telemóveis, dispositivos médicos, automóveis e eletrodomésticos, bem como componentes industriais usados por fábricas na China e em outros países asiáticos.

PUB