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Davos 2023, mudar o que já devia ter sido mudado

A transição verde tem de ser um tema em destaque na nossa agenda atual e tratada como uma prioridade

“Cooperação num mundo fragmentado”. Foi este o mote escolhido para o encontro anual do Fórum Económico Mundial, em Davos. Um encontro que engloba os mais diversos e relevantes líderes dos quatro cantos do globo cujo objetivo passa por discutir o futuro da economia global.

O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres e o Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, são dois dos portugueses que marcam presença neste evento que reúne mais de 2700 participantes, dispersos pelo setor política, banca, executivo ou académico.

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Sabemos que o mundo enfrenta inúmeros desafios relacionados com os mais diversos âmbitos sociais. A inflação, a guerra na Ucrânia, o aquecimento global ou o cenário pós pandémico são apenas alguns destes exemplos. No meio de todas estas “catástrofes”, se dúvidas houvesse relativamente à importância da transição verde em 2023, a presença das mais importantes autoridades mundiais, em Davos, dissipou-as, mostrando que é um tema cada vez mais urgente e que não pode ser esquecido.

É certo que alguns países apresentam metas mais ambiciosas que outros. Peguemos no exemplo apresentado por Ursula Von Der Leyen nos últimos dias. No seu discurso, a presidente da Comissão Europeia afirmou que países como a China ou os Estados Unidos têm feito um impulso à inovação tecnológica limpa - através de veículos elétricos ou painéis solares. E, mesmo a Europa tendo um cartão de visita sustentável bastante mais comprometido relativamente a estas duas potências, para não perder o comboio da competitividade internacional, precisa de investir ainda mais neste tipo de tecnologias. Não só com vista a tornar-se autossuficiente, mas também para conseguir competir com robustez face a novas práticas comerciais que decorrem da revisão estratégica da globalização das cadeias de valor.

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A transição verde tem de ser um tema em destaque na nossa agenda atual e tratada como uma prioridade, pelo facto de ser o garante do nosso futuro e uma necessidade do nosso presente. Nos alpes franceses, por exemplo, a neve demorou mais do que o esperado para chegar, este ano, impactando, de forma significativa a economia dos que mais dependem na neve em épocas que assinalam uma presença intensa de turistas. Revisitando também o que acontece em diversos países africanos, são múltiplos os casos de pessoas que são obrigadas a deixar as suas casas devido aos impactos das alterações climáticas e, a continuar assim, a tendência para aumentar é grande, visando outros continentes.

Olhando cirurgicamente para o que aqui escrevo é crucial usarmos encontros como o fórum económico mundial, eventos com um mediatismo elevado, como uma oportunidade de mudar o que já devia ter mudado há muito tempo. É certo que o passado ninguém tem o poder de mudar, porém, se cooperarmos e pensarmos coletivamente, certamente o futuro será melhor.

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As políticas ambientais são necessárias e acima de tudo funcionam. A recuperação da camada de ozono revela que o esforço coletivo em prol da proteção do meio ambiente compensa e traz dividendos às nossas futuras sociedades. E, talvez seja a prova que muitos precisem, para começarem a tratar este tema com a importância devida. A transição para uma economia verde é uma pauta que engloba diversas áreas. Para tal, é necessário existir um “approach” multidisciplinar, com líderes comprometidos a agirem para mudar o mundo, transformando-o num sítio melhor para se viver.

Cuidar do futuro é essencial e só com a cooperação de todos será possível fazer a diferença. É hora de colocar as diferenças de lado, as oposições de parte e unirmo-nos.

Hoje, o significado de cabo das tormentas é outro e para o dobrar precisamos de uma tripulação mais unida que nunca e que, acima de tudo, reme em direção a uma Boa Esperança: um futuro para as nossas sociedades.

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