Há relatos de abusos sexuais de menores perpetrados por padres em sacristias, durante acampamentos católicos, mas também em "confissões feitas antes das comunhões ou casamentos". A revelação foi feita por Pedro Strecht, pedopsiquiatra e coordenador da comissão independente que está a recolher denúncias de abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa, em declarações ao Jornal de Notícias (JN).
Segundo o especialista, se no início havia mais depoimentos de abusos no Norte e Centro do País, agora as denúncias estendem-se a todas as regiões.
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"Temos do Alentejo, Algarve e ilhas. Temos mais casos onde há mais pessoas, Lisboa e Porto. Não consigo dizer se há um distrito que seja predominante sobre outro nesta fase", disse ainda Pedro Strecht ao JN.
Recorde-se que na terça-feira, em conferência de imprensa, a comissão independente criada para investigar estes crimes no seio da igreja revelou que subiu para 326 o número de queixas de abusos sexuais.
Daniel Sampaio, um dos membros da comissão, disse que se tratavam de "testemunhos verídicos e sofredores". Já a investigadora Ana Nunes de Almeida sublinhou que o número de potenciais vítimas pode ainda atingir "muitas centenas".
"Temos 326 testemunhos recolhidos até ontem [segunda-feira], de mais homens do que mulheres, de todos os grupos etários, de todos os níveis de escolaridade e temos todas as modalidades de abuso representadas no inquérito", afirmou a socióloga, acrescentando ainda que "além dos 326 testemunhos diretos, somando o número de outras pessoas que dizem ter sido vítima de abuso também, esse número sobe para muitas centenas de crianças e adolescentes".
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A investigadora e membro da comissão garantiu também que “as entrevistas com dioceses estão a decorrer a muito bom ritmo” e que têm sido recolhidos relatos de experiência de contactos com abusos.
A 12 de abril, o coordenador Pedro Strecht revelou que pelo menos 16 queixas já tinham seguido para o Ministério Público. Em causa, estão investigações a padres no Norte e Centro do país que se mantêm no ativo, sabe a CNN Portugal. Os párocos foram denunciados por abusos cometidos sobre crianças em situações cujos crimes não estão ainda prescritos. Na altura, tinham sido validados 290 testemunhos.
Esta terça-feira, Pedro Strecht disse que já existiam mais casos de queixas de vítimas que não prescreveram e que estão preparados para serem enviados ao MP. "Já foram enviados 16, mas em breve seguirão mais", manifestando a expectativa de uma atuação célere da justiça.
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