O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal reiterou esta segunda-feira a recomendação para que se evitem as deslocações à Rússia, reforçando um comunicado emitido a 6 de março, quando passavam apenas duas semanas do início da guerra na Ucrânia.
Mas nesta nova atualização as autoridades portuguesas fazem um aviso: “Alerta-se que os duplos nacionais luso-russos são considerados, pelas autoridades russas, apenas como cidadãos russos”.
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Um aviso que surge depois de o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ter declarado uma mobilização militar parcial. No fundo, o Governo português avisa os cidadãos com dupla nacionalidade portuguesa e russa que podem ser incluídos nessa mesma mobilização, cujo objetivo é reforçar o exército com 300 mil homens, e que pode ser válida para 25 milhões de cidadãos a viver na Rússia.
“Na eventualidade de serem mobilizados, não poderão solicitar proteção consular junto da Embaixada, invocando dupla nacionalidade, por esta não ser reconhecida na Rússia”, reforça o comunicado.
As autoridades portuguesas lembram ainda que, desde o decreto de mobilização parcial, as saídas da Rússia por via terrestre e aérea “encontram-se sobrecarregadas e estão sujeitas a controlo acrescido nas fronteiras”.
Fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros indicou à CNN Portugal que "existem cerca de 350 cidadãos nacionais residentes na Rússia inscritos na secção consular da Embaixada de Portugal em Moscovo". Destes, não há informação até ao momento de quantos têm dupla nacionalidade.
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Outros países estão a fazer recomendações e avisos semelhantes, como é o caso dos Estados Unidos, que esta terça-feira publicaram uma mensagem muito parecida com a portuguesa, reforçando que a "Rússia pode recusar-se a reconhecer a dupla nacionalidade e recusar o acesso a apoio consular".
"Se desejam sair da Rússia, devem encontrar soluções independentes o mais depressa possível. A embaixada dos Estados Unidos está muito limitada para assistir os cidadãos norte-americanos, incluindo em opções de transportes", pode ler-se.
Muitos russos têm deixado o país através da Geórgia ou Cazaquistão, antigas repúblicas soviéticas para onde quem tem passaporte russo pode transitar de forma livre. As autoridades cazaques, por exemplo, já sinalizaram a chegada de mais de 100 mil cidadãos vindos da Rússia desde 21 de setembro, o que até já levou o presidente do país a pedir uma nova lei de imigração, uma vez que o aumento das chegadas está a provocar complicações nos serviços. Já da Geórgia, onde as autoridades estimam a chegada de 10 mil russos por dia, veem-se imagens aéreas com filas de centenas e centenas de carros de pessoas que tentam fugir a uma eventual chamada para a guerra.
Muitos russos estão ainda a utilizar outras fronteiras, como a Finlândia, para escaparem do país. De acordo com os mais recentes dados fronteiriços daquele país, um total de 50.655 cidadãos russos cruzaram a fronteira desde 21 de setembro, sendo que 25.979 fizeram o percurso inverso, muitos deles com destino à Suécia ou Noruega. "A maioria [dos russos] continua para outras partes da Europa", pode ler-se.
The border traffic situation in Finland on Tuesday 27 September: - 7052 Russians entrered via land border - 3313 Russians exited via land border Numbers decreased after weekend's two-way traffic quieted down. There are still more arrivals than in previous weeks.#FinnishBorderpic.twitter.com/wTsm5S0CF3
— Rajavartiolaitos (@rajavartijat) September 28, 2022
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