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Combates, bombardeamentos e risco de um desastre ambiental antecipam manhã de cessar-fogo na Ucrânia

Sirenes voltaram a tocar em Kiev minutos antes do início do cessar-fogo imposto em várias cidades ucranianas. Durante a madrugada, dois bombardeamentos em Malyn e Okhtyrka fizeram várias mortes, incluindo duas crianças com um ano de idade

A madrugada que antecipou um novo cessar-fogo limitado a cinco cidades ucranianas foi marcada por intensos bombardeamentos nas cidades de Malyn e de Okhtyrka, causando várias mortes, incluindo duas crianças nascidas em 2021. Tudo isto, ao mesmo tempo em que as sirenes voltaram a tocar em várias cidades, incluindo a capital, Kiev - onde é esperado que seja aberto um corredor humanitário para retirar civis, perante o cerco de Moscovo.

Em Sumy, o único corredor humanitário que até agora viu resultados, cerca de cinco mil pessoas foram retiradas da cidade, onde, na noite anterior, um bombardeamento fez 21 mortos, incluindo duas crianças. Durante esta madrugada, a cidade de Okhtyrka, que pertence ao oblast de Sumy, foi bombardeada sem parar durante duas horas seguidas, segundo o governador da região Dmytro Zhyvytskyy. 

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Zhyvytskyy, que confirmou o ataque à cidade, afirmou que o número de vítimas “não é o final, porque ainda há desaparecidos nos destroços”. Anteriormente, o autarca de Okhtyrka, Pavlo Kuzmenko, enumerou "instalações militares" que foram destruídas pelo exército russo: "Estação ferroviária, prédio do comité executivo, museu de história local, loja de departamentos local e todas as instalações comerciais foram completamente destruídas, muitas pessoas ficaram feridas, nem todos foram encontrados”.

Nesta cidade, com mais de 40 mil habitantes, não há eletricidade e os sistemas de esgotos estão parcialmente destruídos, não havendo abastecimento de água. “Muitas torres de transmissão estão também inoperacionais”, informou o autarca.

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Outro dos ataques mais letais registados durante a noite ocorreu na região de Zhytomyr, um ponto de ligação entre Kiev, Varsóvia e Minsk, mais precisamente na cidade de Malyn, onde pelo menos cinco pessoas foram mortas, incluindo duas crianças de 1 ano, após um bombardeamento de uma área residencial.

"Em Malyn, região de Zhytomyr, sete edifícios residenciais de um andar foram destruídos, cinco pessoas morreram, incluindo duas crianças (nascidas em 2021), em consequência do ataque aéreo", disse o Serviço Especial de Comunicações da Ucrânia, no Telegram.

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Por outro lado, continuam a existir “operações de combate” em Polisky e Volyn, ao longo da fronteira da Ucrânia, sendo que confrontos foram também registados nas regiões de Nizhyn, Ivanytsia, Trostyanets e na cidade de Chernihiv - um dos locais onde a Rússia implementou um cessar-fogo durante a manhã.

Já no sul do país, as operações militares ucranianas continuam a defender “aeroportos e infraestrutura críticas”, segundo um comunicado do Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Ucrânia, ao mesmo tempo que os militares dizem estar a conseguir travar ataques aéreos e desviar mísseis.

De acordo com um relatório do Ministério da Defesa britânico, as defesas anti-aéreas ucranianas têm conseguido controlar os avanços russos de forma “bem-sucedida”, “provavelmente prevenindo a Rússia de atingir qualquer dimensão de controlo no ar”, disse a autoridade no Twitter.

Perigo de um desastre ambiental

Outro dos temas que mais tem preocupado a comunidade internacional é o perigo de um desastre ambiental e, durante a madrugada, esse medo foi acentuado por uma imagem de satélite que mostra como o navio-tanque moldavo, bombardeado no Mar Negro no final do mês de fevereiro, ainda está em chamas.

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Segundo as últimas estimativas da empresa Planet Labs PCB, que revelou as imagens, o Millennial Spirit, na costa de Odessa, tinha 600 toneladas de combustível quando foi alegadamente atingido por um bombardeamento russo no dia 25 de fevereiro. Na mesma linha, a empresa de análise geopolítica, All Source Analysis, afirma que, se não for vigiada, a embarcação pode dispersar produtos químicos tóxicos no oceano.

Navio-tanque bombardeado por militares russos pode ser "perigo tóxico" no Mar Negro (Planet Labs PCB)

Também a central nuclear de Chernobyl deixou de transmitir dados para o órgão de vigilância atómica da ONU, afirmou a Agência Internacional de Energia Atómica, sublinhando “preocupação” com a equipa que trabalha sob a guarda russa na instalação ucraniana. O diretor da Agência, Rafael Grossi, "indicou que a transmissão remota de dados dos sistemas de monitorização de salvaguardas instalados na central nuclear de Chornobyl foi perdida", segundo um comunicado da agência. Mais de 200 funcionários técnicos e guardas permanecem presos no local e estão a trabalhar há 13 dias seguidos.

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A Sul, na central nuclear de Zaporizhzhia, a situação é igualmente desesperante, como denuncia o ministro da Energia ucraniano, num vídeo publicado durante a noite. Segundo o governante, as unidades militares da Rússia estão “a torturar” funcionários da central com o intuito de os forçar a fazer uma declaração pública. O ministro, Herman Halushchenko, denunciou o caso numa publicação nas redes sociais, onde afirmou que a equipa operacional da central foi “retida como refém durante quatro dias”. “Há cerca de 500 soldados russos e 50 unidades de equipamento pesado dentro da central. Os funcionários estão física e psicologicamente exaustos”, disse Halushchenko.

Militares russos, "disfarçados com roupas civis", estão a avançar para a cidade de Mykolaiv

No mesmo sentido, o Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Ucrânia avançou, em comunicado, algumas informações sobre o comportamento das tropas russas nas últimas horas, acusando as forças de Putin de violarem o direito internacional.

Um desses casos está a acontecer na região de Chernihiv, onde o executivo ucraniano afirma que os militares da Rússia estão a esconder armas e equipamentos militares em edifícios residenciais e instalações agrícolas. 

Já em Kherson, uma cidade portuária sob controlo russo, a Ucrânia informa que “as Forças Armadas da Federação Russa disfarçados com roupas civis, estão a avançar na direção da cidade de Mykolaiv”.

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