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Isto é o que significa estar grávida: mais 50 mil calorias em nove meses. São 199 chocolates

Gerar uma nova vida implica um consumo de energia muito elevado, que é distribuído de forma diferente ao longo dos meses

Ter um bebé é, em termos energéticos, muito mais exigente do que aquilo que se costuma pensar, mostra uma nova investigação.

Durante, durante o tempo de uma gravidez, criar e carregar uma nova vida envolve 49.753 calorias - o equivalente a 199 barras de chocolate Snicker, cada uma contendo 250 calorias, explica Dustin Marshall, coautor do estudo publicado em maio na revista Science.

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Para a análise, Dustin Marshall, professor de biologia evolutiva na Monash University em Melbourne, na Austrália, e a sua equipa de investigadores usaram dados de milhares de artigos científicos existentes para analisar o custo energético [da gravidez] em várias espécies.

“Embora a maioria das pessoas já tenha pensado sobre esse assunto, ou mesmo experimentado a grande necessidade de energia decorrente da gestação de um bebé, o nosso trabalho atribui valores explícitos a essa necessidade numa ampla gama de espécies - dos insetos aos répteis, sem esquecer os humanos”, explica por e-mail o principal autor do estudo, Samuel Ginther, investigador de pós-doutoramento em ciências biológicas na Monash University.

“Apurámos que a energia total necessária para a reprodução é muito maior do que se pensava anteriormente”.

A maior parte da energia adicional que uma pessoa grávida necessita vai para o desenvolvimento do feto e para o peso da barriga que é carregado, junta Samuel Ginther.

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“A maior parte da energia que os mamíferos destinam ao processo de reprodução é gasta no calor metabólico, apenas 10% acaba mesmo no bebé”, refere Dustin Marshall, também por e-mail. “Quando se tem em conta a lactação e a carga metabólica, o bebé em si representa menos de 5% do investimento reprodutivo total”.

A investigação pode ainda fazer uma grande diferença nas percepções sobre as necessidades de uma gravidez, defende Eve Feinberg, professora associada de obstetrícia e ginecologia na Feinberg School of Medicine da Northwest University, em Chicago, que não esteve envolvida nesta pesquisa.

“Penso que este estudo é inovador”, realça. “Qualquer mulher grávida que trabalhe podia contar o nível de exaustão que se tem durante esse período. E como a gravidez toma conta da sua vida”.

Como distribuir o que é preciso

As necessidades de calorias adicionais não são iguais ao longo da gravidez - são necessárias mais à medida que o tempo avança, aponta Dustin Marshall.

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Os investigadores apuraram que uma pessoa precisaria de cerca de 182,48 calorias adicionais por dia durante os cerca de 272,62 dias de uma gravidez.

As recomendações atuais são distribuídas de uma maneira diferente por cada trimestre da gravidez, explica a nutricionista Natalie Moraki. No início, não são precisas tantas calorias por dia, disse.

Ao entrar no segundo trimestre, são necessárias cerca de 350 calorias adicionais por dia. No terceiro trimestre passa a 450, junta Natalie Moraki, que vive em Charlotte, no estado norte-americano da Carolina do Norte.

As calorias recomendadas pelos nutricionistas somam um valor superior às quase 50 mil calorias mencionadas pelos investigadores, compara Natalie Moraki.

Quem decidir amamentar o bebé, vai precisar de juntar mais 450 a 500 calorias à sua dieta pré-gravidez, refere a nutricionista.

Isto pode traduzir-se num lanche ou numa pequena refeição durante o dia no segundo trimestre, sugere Natalie Moraki. No terceiro trimestre e no período de amamentação, a necessidade de calorias adicionais corresponde a uma refeição.

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“O corpo fica acelerado. O metalismo trabalha muito para criar outro ser humano”, diz. “É um trabalho gigantesco”.

As necessidades de calorias adicionais não são iguais ao longo da gravidez - são necessárias mais à medida que o tempo avança (Jose Luis Pelaez Inc/Digital Vision/Getty Images)
O que comer

A forma como uma mulher grávida come vai depender da própria gravidez, avisa Natalie Moraki.

A especialista recomenda tentar comer a cada três a quatro horas ou juntar pequenos lanches a cada duas horas, ao longo do dia, consoante o que for para os sintomas da gravidez.

“Não tem de ser necessariamente três refeições padrão com pequenos lanches no meio, porque às vezes não é possível seguir este modelo na gravidez se a mulher tiver náuseas ou sintomas parecidos”, clarifica Natalie Moraki.

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Moraki reforça a importância dos hidratos de carbono para a obtenção de energia, das proteínas e das gorduras saudáveis - “as gorduras de grande qualidade vão promover uma boa saúde cerebral do bebé”.

O que são gorduras saudáveis? Peixes gordos como o salmão, azeite, abacate, óleo de abacate, manteiga de amendoim e manteiga de amêndoa são ótimos exemplos, diz a nutricionista.

O leite e os laticínios também podem fornecer gordura, bem como outras vitaminas. E os ovos podem ser uma boa fonte de proteína e gordura, nota.

“Queremos que a energia venha de alimentos bons e completos”, junta Eve Feinberg.

Durma bem

Este estudo também sugere que o sono é especialmente importante durante a gravidez, aponta Eve Feinberg.

“Se uma mulher grávida se sentir cansada, deve ir dormir. E compreender que não está a ser fraca, está apenas exausta devido à gravidez”, argumenta.

Infelizmente, há um estigma à volta das mulheres grávidas sobre as suas maiores necessidades de sono. Contudo, as conclusões do estudo vêm apontar em sentido contrário, combatendo estas ideias.

“Os dados mostram que há, realmente, números sólidos para afirmar que a exaustão sentida pelas mulheres é real. É algo a que devíamos prestar mais atenção”, conclui Eve Feinberg.

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