Carla Alves nem chegou a aquecer a cadeira. A secretária de Estado da Agricultura esteve 25 horas e 54 minutos no cargo, caindo depois de se saber que tem contas bancárias arrestadas porque o marido foi acusado pelo Ministério Público dos crimes de corrupção, prevaricação e participação económica em negócio.
É a 13.ª demissão num Governo que leva pouco mais de nove meses, a 11.ª por razões políticas, todas elas ligadas a polémicas, maiores ou menores, com ou sem envolvimento da Justiça. Sara Abrantes Guerreiro e Rui Martinho, respetivamente secretários de Estado para a Igualdade e Migrações e da Agricultura saíram por razões de saúde, mas os restantes caíram presos a polémicas.
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Marta Temido foi a primeira a cair com estrondo. Apontada pelo próprio António Costa como uma putativa sucessora no cargo de secretário-geral do PS, a governante acabou por não resistir a uma sucessão de polémicas que já transitavam do anterior Governo, e que tiveram o ponto mais baixo com a morte de uma grávida que foi transferida por haver falta de vagas na Neonatologia do Hospital de Santa Maria.
Esse caso deixou Marta Temido sem “condições”, naquele que foi o primeiro de vários golpes no executivo. Com a ministra da Saúde caíram também António Lacerda Sales e Fátima Fonseca, os seus secretários de Estado.
Mais recente é o caso de Pedro Nuno Santos, que ainda passou o Natal como ministro das Infraestruturas e da Habitação, mas que não conseguiu passar o ano no cargo. Também chegou a ser apontado como potencial sucessor de António Costa, mas uma série de polémicas, com ponto alto no caso do novo aeroporto, desgastaram a relação entre os governantes.
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Defensor do projeto do Governo para a TAP desde o início, acabou por sair como vítima da empresa, depois do caso da polémica indemnização dada pela empresa a Alexandra Reis, que veio a assumir o cargo de secretária de Estado do Tesouro, e que também acabou demitida.
A acompanhá-lo saíram também Hugo Mendes e Marina Gonçalves, secretários de Estado das Infraestruturas e da Habitação, respetivamente, sendo que esta última assumiu, entretanto, a pasta do Ministério da Habitação.
De “casinho” a demitidoAntónio Costa apelidou-o de "casinho", mas a polémica em torno do seu secretário de Estado Adjunto ainda deverá fazer correr muita tinta. Soube-se a 26 de outubro que Miguel Alves terá adiantado 300 mil euros para a construção de um pavilhão em Caminha na altura em que era presidente daquela autarquia. Só duas semanas depois, a 10 de outubro, e depois de muitos pedidos de esclarecimento, é que o governante se demitiu.
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A oficialização aconteceu pouco depois de o Ministério Público ter acusado Miguel Alves do crime de prevaricação. "Face à acusação deduzida pelo Ministério Público, e mesmo não tendo conhecimento dos seus termos e pressupostos, entendo não estarem reunidas as condições que permitam a minha permanência no Governo de Portugal", disse governante. Algo que António Costa "percebeu bem".
Menos de um mês no cargoDurou mais que Carla Alves, mas também não durou muito. Soube-se a 24 de dezembro do pagamento da indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis, nomeada no início desse mesmo mês para secretária de Estado do Tesouro. A 27 de dezembro o Ministério das Finanças anunciou a saída, num comunicado enviado por volta das 23:30, e que se seguiu a dias de vários pedidos de demissão por parte da oposição e de fortes críticas da oposição.
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"Solicitei hoje mesmo à Eng.ª Alexandra Reis que apresentasse o seu pedido de demissão como Secretária de Estado do Tesouro, o que foi por esta prontamente aceite", referia a nota assinada pelo ministro, Fernando Medina.
Polémica na EconomiaAs demissões aconteceram no Ministério da Economia e do Mar, mas foi o próprio primeiro-ministro a demitir os secretários de Estado da Economia e do Turismo. Embora não tenham sido esclarecidas as razões, sabe-se que havia divergências de fundo entre João Mendes e Rita Marques e o ministro que tutela a pasta, António Costa Silva.
Em causa terá estado uma medida defendida pelo ministro, a descida transversal do IRC, algo com que os secretários de Estado não concordaram, tendo mesmo contrariado António Costa Silva. As demissões foram conhecidas a meio da tarde de 29 de novembro.
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